Descrição: A leptospirose, também é chamada de febre dos pântanos, febre da água (L. grippotyphosa); febre alemã dolodo (Schlammfieber – L. grippotyphosa); febre outonal (akiyami – L. hebdomadis e autumnalis); febre hasani; febre dos sete dias (nanukayami- L. hebdomadis); doença dos porqueiros (L. pomona); febre de Andaman (L. Andaman e grippotyphosa); febre dos arrozais (L. bataviae); febre dos canaviais (L.australis e pyrogenes); tifo canino (L. canicola); febre dos nadadores; febre tibial de Fort-Bragg (L. autumnalis); Icterícia infecciosa ou doença de Weil (L. icterohaemorragiae); doença de Mathieu; doença de Mathieu-Weil.
Em 1881, em Praga, Weiss descreveu uma doença
denominada "icterus catarrhalis" que provavelmente seria a
doença de Weil.
Adolf Weil, em 1882 (1886), fez a primeira
descrição de uma doença observada em duas ocasiões envolvendo 4 pacientes, em 1870. Os
sinais clínicos eram semelhantes e muito particulares nos 4 pacientes. A doença era
caracterizada pela icterícia severa, febre hemorragia com envolvimento renal.
Há dados que sustenta que a leptospirose era
reconhecida em 1883 como uma doença ocupacional de trabalhadores de esgotos.
Globig, em 1890, descreveu a "Badeepidemie",
uma doença que mostrou grande diferença quando comparada à doença de Weil.
Porém, foi a partir da Primeira Guerra Mundial que o estudo da leptospirose teve um grande desenvolvimento, quando se sucederam vários surtos da moléstia entre as tropas que se
encontravam nas frentes de batalha. Durante esse período, foram registrados 350 casos da doença na França.
O agente foi isolado pela primeira vez, no Japão,
em 1915, por Inada & Ito. Os japoneses isolaram leptospiras de trabalhadores em
minas, denominando “Spirochaeta icterohaemorrhagiae".
No Brasil, infecções por Spirochaeta icterohaemorrhagiae foram descritas pela primeira vez em 1917, quando se constatou a presença do microrganismos em ratos.
Em 1940, onze cães com
manifestações clínicas compatíveis com leptospirose foram analisados e após a realização da necropsia, foi
confirmada a presença do agente causador da leptospirose, na cidade do Rio de
Janeiro.
Uma
vez no susceptível, ocorrem duas fases distintas:
Multiplica-se
rapidamente após entrar no sistema vascular, espalhando-se por muitos órgão e
tecidos, incluindo rins, fígado, baço, sistema nervoso central, olhos e trato
genital, caracterizando um quadro agudo septicêmico denominado de
leptospiremia.
A icterícia ocorre principalmente devido à
lesão hepática, e não à destruição de hemácias. O rim começa a ter problemas de
filtração. Há uremia com hálito de amônia. Este é o quadro agudo. A duração
desta fase é de aproximadamente 04 dias (raramente chega à 7 dias).
Os
sinais clínicos são variados, de acordo com a extensão das lesões e o tipo de
órgão atingido. A leptospiremia termina como resultado do surgimento de
anticorpos específicos e subsequente fagocitose das leptospiras da circulação,
que passam a se albergar nos túbulos renais, iniciando a fase de leptospirúria.
Fase de leptospirúria (= fase imune):
É a fase de imunidade e caracterizada pela formação
crescente de anticorpos no soro. Formam massas nos túbulos contornados renais,
na câmara anterior do globo ocular, no sistema reprodutivo (vesícula seminal,
próstata, glândula bulbo-uretral).
A leptospirúria pode ser intermitente e durar de meses
a anos e é possível isolar o agente da urina e dos rins.
A
cura da leptospirose aguda coincide com suspensão da bacteremia e aparecimento
de anticorpos circulantes, geralmente durante a segunda semana pós-infecção.
Os
anticorpos protetores são do tipo IgM e IgG. Os anticorpos aglutinantes,
principalmente IgM, podem ser detectados por muito tempo (anos) após a cura,
não sendo indicativo do estado imune nem do estado de portador.
A
doença pode se apresentar nas formas subclínicas ou formas graves com alta
letalidade. A doença, na maioria dos casos, se inicia abruptamente com febre, mal-estar
geral e cefaleia.
A
forma anictérica aparece em 60% a 70% dos casos.
Na
forma ictérica, a fase septicêmica evolui para uma doença ictérica grave,
disfunção renal, fenômenos hemorrágicos, alterações cardíacas e pulmonares,
associadas a taxas de letalidade que variam de 5% a 20%.
A leptospira esta capacitada a penetrar
nos tecidos através de sua capacidade de locomoção de rotação sobre seu próprio
eixo à ezima hialuronidase que destroi o cemento intercelular facilitando a
penetração e a enzimas lipolíticas que atuam sobre os ácidos graxos insaturados
da pele.
Apresenta entre 05 e 20 mµ de
comprimento e entre 0,09 e 0,15 mµ de diâmetro com uma ou ambas terminações
curvadas e tempo de geração de 10 horas.
Apresenta uma ampla variedade de
vertebrados susceptíveis, os quais podem hospedar o microrganismo.
É
importante salientar que cada animal tem seu sorovar específico e que nem
sempre é patogênico ao homem, entretanto estes mesmos animais podem hospedar um
ou mais sorovares patogênicos ao homem: cães (canicola, icterohaemorrhagiae
e autumnalis), bovinos (hardjo e pomona), equinos (icterohaemorrhagiae
e canicola), suínos (pomona, canicola e icterohaemorragiae)
e ratos (icterohaemorrhagiae).
A
Leptospira sp. penetra de forma ativa através de mucosas
(ocular, digestiva, respiratória,
genital), pele escarificada e inclusive pele íntegra, em condições que favoreçam
a dilatação dos poros.
As
lesões primárias ocorrem em decorrência da ação mecânica do microrganismo nas
células endoteliais de revestimento vascular. A consequência direta da lesão dos
pequenos vasos é o derrame sanguíneo para os tecidos, levando à formação de trombos
e o bloqueio do aporte sanguíneo nas áreas acometidas.
Agente: Várias espécies do gênero Leptospira.
Reservatório: Ratos, mamíferos, répteis, homem, etc.
Fonte de infecção: água, alimentos, objetos
Período de incubação: 7 a 14 dias
Período patogênico: com tratamento adequado 1 mês, sem tratamento
adequado vários meses.
Período pré-patente: 4 dias (leptospiremia); 7 dias (leptospiruria)
Período de
transmissibilidade: nos animais meses
ou toda a vida se não tratado. No homem na primeira semana.
Transmissão: urina infectada de ratos, bovinos, equinos, suínos,
caninos e felinos. Alimentos e água contaminadas pela urina. Objetos
contaminados. Penetração através da mucosa e pele, mesmo intacta.
Sintomas: Quadro leve:, mialgias (panturrilhas),
cefaléia, mal estar ou prostração, calafrios. Calafrios, podendo haver queixas
gastrointestinais, confusão, delírio, alucinações.
Sinais: Quadros moderados e graves : febre de início súbito, sufusão conjuntival ou conjuntivite, náuseas e/ou
vômitos, , alterações do volume urinário iniciam com febre alta. Podem surgir
hepatomegalia, hemorragias, tosse seca, e sinais de irritação meníngea.
A icterícia (que pode ou não
estar presente), tem início entre o 3º e 7º dia da doença (icterícia rubínica),
insuficiência renal aguda, desidratação, alterações do sangue e dos fatores que
neles
intervêm e choque circulatório, fenômenos hemorrágicos (petéquias, equimoses, hemorragias gastrointestinais, urina cor de vinho).
intervêm e choque circulatório, fenômenos hemorrágicos (petéquias, equimoses, hemorragias gastrointestinais, urina cor de vinho).
Nas formas mais graves, que
evoluem com disfunção de múltiplos órgãos, o óbito pode ocorrer nas primeiras
24 horas de internação.
Letalidade: 12%
Prevalência: em média 25% dependendo da profissão
Epidemiologia:
A
suscetibilidade no homem é geral, porém ocorre com maior frequência em
indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 20 a 35 anos, não devido a uma
preferência do agente a estes indivíduos, mas por estarem mais expostos a
situações de risco.
A imunidade adquirida é sorotipo específica, podendo incidir mais
de uma vez no mesmo indivíduo, porém, por sorovares diferentes.
Tradicionalmente, algumas profissões são consideradas de alto risco, como
trabalhadores em esgotos, algumas lavouras e pecuária, magarefes, garis e
outras.
Enquanto nos países desenvolvidos a leptospirose é
considerada uma patologia reemergente e ocupacional, a mesma constitui um
problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, que carecem da estrutura
sanitária básica.
Nas áreas
urbanas, limpadores de caixas-d’água, de fossas e valas constituem grupos de
maior risco; nas zonas rurais, o contato direto com urina de animais
silvestres, comensais e domésticos é um importante fator de infecção.
Os ratos desempenham o papel de
principais reservatórios da doença, pois albergam a leptospira nos rins,
eliminando as vivas no meio ambiente e, contaminando água, solo e alimentos.
Os ratos sinantrópicos (Rattus norvegicus,
Rattus rattus e Mus musculus), são importantes reservatórios da L.
icterohaemorraghiae a mais patogênica ao homem e outros animais (caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e
caprinos) que contaminados podem contaminar os
humanos.
Todos animais infectados
permanecem eliminando as bactérias pelo seu tempo de vida. Mesmo
naqueles animais doentes e que foram tratados e clinicamente sadios continuam eliminando leptospiras viáveis de forma intermitente, variando de acordo com a espécie animal e o sorovar envolvido, podendo persistir por meses ou anos.
Adquire um caráter mais severo em alguns locais devido à grande aglomeração urbana em locais com más condições de saneamento, higiene e habitação expostos à urina de animais, coabitando com ratos, que aí encontram água, abrigo e alimento necessários à sua proliferação contaminando assim água, solo e alimentos.
naqueles animais doentes e que foram tratados e clinicamente sadios continuam eliminando leptospiras viáveis de forma intermitente, variando de acordo com a espécie animal e o sorovar envolvido, podendo persistir por meses ou anos.
Isto significa que
continuam contaminando o ambiente e os animais, inclusive os homens, que
convivem com eles.
Adquire um caráter mais severo em alguns locais devido à grande aglomeração urbana em locais com más condições de saneamento, higiene e habitação expostos à urina de animais, coabitando com ratos, que aí encontram água, abrigo e alimento necessários à sua proliferação contaminando assim água, solo e alimentos.
Os cães são
considerados uma importante fonte de infecção da leptospirose humana em áreas
urbanas, pois vivem em estreito contato com o homem e podem eliminar
leptospiras vivas pela urina durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum
sinal clínico característico.
Vários animais podem
ser hospedeiros e cada sorovar tem um ou mais hospedeiros com diferentes níveis
de adaptação. A persistência de focos de leptospirose se deve aos animais
infectados, convalescentes e assintomáticos, os quais se comportam como fonte contínua
de contaminação ambiental.
Pode ser transmitida através do contato com água e/ou solo úmido
contaminados com leptospiras
provindas de animais infectados. Outras vias são a direta, por contato com a urina, sangue e tecidos ou outros órgãos de animais infectados.
Alimentos podem estar contaminados naturalmente como o leite e derivados proveniente de vaca doente. Outros alimentos se contaminam com a urina de rato.
P Em solo seco vive 2,5h;
provindas de animais infectados. Outras vias são a direta, por contato com a urina, sangue e tecidos ou outros órgãos de animais infectados.
Alimentos
contaminados são vias de transmissão, mas a via oral é considerada pouco
eficiente, pois as leptospiras são sensíveis ao pH gástrico, ou seja, pH ácido.
Alimentos podem estar contaminados naturalmente como o leite e derivados proveniente de vaca doente. Outros alimentos se contaminam com a urina de rato.
Os
homens são infectados pela penetração de leptospiras através da mucosa genital,
nasal, oral e conjuntival íntegras, na pele lesada ou íntegra quando imersa em
água por um período muito longo o que causa dilatação dos poros e desidratação.
É
importante lembrar que as leptospiras só se multiplicam no interior de animais.
No ambiente, mesmo que ele esteja nas condições ideais para a sobrevida destes
agentes não significa que elas possam se multiplicar.
Ecologia: A região sul do Brasil, juntamente com
a região sudeste, figura entre as regiões com maior número de casos confirmados
de leptospirose humana, nos últimos anos.
A distribuição geográfica da
leptospirose é cosmopolita, no entanto, a sua ocorrência é favorecida pelas
condições ambientais vigentes nas regiões de clima tropical e subtropical,
aonde períodos do ano com altos índices pluviométricos, alta umidade e baixas
temperaturas favorecem o aparecimento de surtos de caráter estacional.
P Solo úmido 5 dias;
P Solo com água 183 dias;
P Água doce fresca 22 dias;
P Prefere ambiente (solo e água) mais alcalino;
P 01 dia em água do mar;
P Sobrevive de 1 a 2 dias em água clorada com 6 mg% de cloro;
P Na urina morre em 24h͖
P Vive
em água com outros germens de 12h a poucos dias,
P Sobrevive
por 30' a 45°C;
P Sobrevive
por 10' a 50°C;
P Sobrevive
por 10'' a 60°;
P Sobrevive
por 100 dias a - 20°C;
P Sobre
ação de UV morre em poucas horas;
P Sobrevive
sob ação do sol por 5';
P Hipoclorito de sódio ou cálcio mata na concentração de 1/4.000;
P Pode ser liofilizada mantendo-se viva;
P Morre em 15' em solução de ácido clorídrico HCl a 1:2.000;
P
Se mantem viva em solos úmidos
e pH entre 6 e 8 por até seis meses;
P No leite natural podem sobreviver por algumas horas;
P No leite diluído pode sobreviver por alguns dias.
Prevenção
e Controle: A leptospirose é uma
zoonose, na qual os animais são hospedeiros primários, essenciais para
persistência dos focos da infecção, e os seres humanos são hospedeiros acidentais,
terminais, pouco eficientes na perpetuação da mesma.
Estes fatos ressaltam a
importância do direcionamento das ações preventivas para animais vertebrados
que se comportam como reservatórios de leptospiras.
No entanto, no relativo à
saúde animal, as consequências dessa infecção são particularmente de esfera econômica,
tendo em vista o envolvimento de bovinos, equinos, suínos, caprinos e ovinos.
Vacinação dos susceptíveis
(exceto homem), isolamento ou descarte dos animais doentes; controle de ratos e
tratamento humano e animal, ingestão de leite e seus derivados pasteurizados
são
formas preventivas e de controle.
formas preventivas e de controle.
A ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e
drenagem de águas pluviais e a coleta de lixo inadequada são condições
favoráveis à alta endemicidade e a ocorrência de epidemias.
A vacinação dos cães com vacinas contendo
bacterinas específicas da região é de extrema importância como medida preventiva, de
forma a reduzir a prevalência da leptospirose canina e evitar o estado portador.
A implementação de medidas de controle tais como
investimentos no setor de saneamento básico com melhoria das
condições higiênico-sanitárias da população, controle de ratos e educação
ambiental auxiliaria na diminuição do potencial zoonótico desta enfermidade.
Vários fatores interagem na
ocorrência de um caso de leptospirose, portanto, as medidas de controle deverão
ser direcionadas não só ao controle de ratos (medidas de anti-ratização e
desratização), mas também:
- Redução do risco de
exposição de ferimentos às águas/lama de enchentes ou situação de risco;
- Medidas de proteção
individual para trabalhadores ou indivíduos expostos a risco, através do
uso de roupas especiais, luvas e botas;
- Uso de sacos
plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés representa alguma proteção,
quando não for possível usar luvas e botas;
- Limpeza e
desinfecção com hipoclorito de sódio de áreas físicas domiciliares ou que
não estejam contaminadas;
- Utilização de água
filtrada, fervida ou clorada para ingestão;
- Vigilância
sanitária dos alimentos;
- Armazenagem correta
dos alimentos;
- Armazenagem e
destino adequado do lixo, principal fonte de alimento e abrigo de ratos;
- Eliminar entulho, materiais de construção ou objetos em desuso que possam oferecer abrigo a ratos;
- Desassoreamento,
limpeza e canalização de córregos;
- Construção e
manutenção permanente das galerias de águas pluviais e esgoto;
- Ações permanentes
de educação em saúde alertando sobre as formas de transmissão, medidas de
prevenção, manifestações clínicas, tratamento e controle da doença;
- Em caso de suspeita
clínica, procurar orientação médica, relatando a história epidemiológica
nos vinte dias que antecederam os sintomas;
- Tratamento de
animais doentes;
- Vacinação de animais (cães, bovinos e suínos) com as variantes sorológicas prevalentes na região;
- Desinfecção
permanentes dos canis ou locais de criação de animais;
- Isolamento das
pessoas ou animais infectados, como meio de evitar a dispersão da doença para outros organismos suscetíveis. Especial cuidado deve ser tomado
com a urina.
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