Esta publicação é o resultado da tradução, com algumas considerações minhas, do trabalho Horizontal Transfer of Bait in the German Cockroach: Indoxacarb Causes Secondary and Tertiary Mortality escrito por Grzegorz, B.; Clay W. S. e Gary W.B publicado no J. Econ. Entomol. 101(3): 894Ð901 (2008).
RESUMO
A
transferência horizontal de indoxacarbe na barata alemã, Blattella germanica
foi examinada em condições de laboratório. Os resultados mostram que uma única
barata adulta alimentada com isca inseticida (ou seja, o doador) transferiu
indoxacarbe para vários receptores primários (mortalidade secundária), que
então se tornaram doadores secundários.
Esses
receptores posteriormente se tornaram doadores para outras baratas e causaram
mortalidade significativa em outros membros da agregação, resultando em morte
terciária.
Quando machos adultos serviram como
doadores e transferiram o inseticida para machos adultos, a proporção doado/receptor
afetou a mortalidade dos receptores e a taxa de mortalidade secundária aumentou
com o aumento da proporção de doadores para receptores.
Além disso, a mortalidade secundária em baratas não tratadas foi significativamente afetada pelas excreções frescas dos doadores, pela presença de alimentos alternativos e pela duração do contato entre os doadores e os receptores.
O
indoxacarbe ingerido foi translocado de forma mais eficaz quando os receptores
interagiram com doadores recém-sintomáticos na ausência de alimentos
alternativos.
A
transferência de indoxacarbe continuou além da mortalidade secundária e
resultou em mortalidade terciária significativa.
As excreções
de um único adulto alimentado com isca mataram 38/50 (76%) ninfas em 72 horas.
As ninfas mortas então transmitiram o indoxacarbe para 20 machos adultos e
mataram 16/20 (81%) receptores em 72 horas (mortalidade cumulativa).
A
transferência horizontal em baratas geralmente envolve doadores mortos ou
moribundos ou simplesmente excreções deixadas pelos doadores.
Cabe aqui
lembrar que um dos mecanismos de eliminação de inseticidas é o vômito.
Dos quatro mecanismos, o contato facilita a
transferência horizontal de inseticidas residuais pulverizados, enquanto os
três restantes mecanismos
facilitam a disseminação dos ingredientes ativos da isca.
A coprofagia no primeiro ínstar parece ser um mecanismo
importante subjacente à transferência horizontal de inseticidas de ação lenta,
principalmente hidrametilona.
A necrofagia
demonstrou desempenhar um papel importante na transferência horizontal de
ingredientes ativos. Baratas que consumiram total ou parcialmente iscas
contendo fipronil induziram mortalidade substancial em terceiro ínstar.
Finalmente,
a emetofagia, ou a ingestão de regurgitação induzida por inseticida, demonstrou
ser um mecanismo importante pelo qual inseticidas emetogênicos de ação rápida
(por exemplo, fipronil) são disseminados em agregados de baratas.
A maioria
dos estudos sobre a eficácia de iscas contra baratas concentrou-se na
mortalidade primária.
Esses estudos
investigam principalmente a eficácia de novos tóxicos e frequentemente relatam
dados de eficácia (por exemplo, valores de LT50, percentual de mortalidade,
desempenho laboratorial e de campo, comparações de produtos, problemas de
resistência).
Uma proporção menor de estudos examinou a
mortalidade secundária, na qual o ingrediente ativo é transferido
horizontalmente de doadores para receptores.
No entanto,
nenhum estudo examinou a proposição de que a transferência horizontal pode
continuar além da mortalidade secundária e pode envolver níveis mais elevados,
como mortalidade terciária ou quaternária.
Se examinou
a transferência horizontal de indoxacarbe em agregações da barata-alemã,
Blattella germanica). O indoxacarbe é um inseticida neurotóxico à base de Oxadiazinas
e demonstrou reduzir significativamente as populações de baratas-alemãs em
estudos de laboratório e de campo.
As
oxadiazinas representam um novo grupo de inseticidas, cujo primeiro e único
representante comercial atualmente é o indoxacarbe.
É considerado um pró-inseticida pois
precisa ser bioativado por enzimas (esterase ou amidase metabólito
tóxico JT333) no trato gastrointestinal para gerar o metabólito com atividade
inseticida. Logo, é um inseticida que funciona apenas como isca pois precisa
ser ingerido para ser bioativado.
Em
insetos é convertido em um metabólito tóxico, enquanto em mamíferos em
metabólitos não tóxicos.
Os canais
de Na+ se fecham e o Na+ não sai mais, assim a célula não despolariza, não se
excita por não transmitir mais o impulso elétrico, nervoso. A célula fica em
permanente repouso.
Os
sintomas de intoxicação de insetos por indoxacarbe incluem paralisia e eventual
morte (grifos meus).
Os efeitos
da proporção doador/receptor, excreções recém expelidas do doador, presença de
doadores e presença de alimento alternativo foram considerados no estudo.
Para o
segundo objetivo, focamos em determinar se o indoxacarbe poderia ser
posteriormente transferido dos receptores primários para outros membros da agregação
resultando em mortalidade terciária e quaternária.
MATERIAIS
E MÉTODOS
Insetos
Machos adultos,
de 10 a 21 dias, foram usados para transferir o inseticida para outras
baratas.
A transferência horizontal de indoxacarbe de machos adultos alimentados com isca para machos adultos não tratados foi investigada. Várias baratas doadoras (machos adultos) foram removidas de um recipiente de criação, colocadas em uma placa de Petri provida de um abrigo de papelão e mantidas em jejum por 24 horas, mas recebiam água.
Após o
jejum, as baratas receberam isca gel à base de indoxacarbe. Quando as baratas
se tornaram sintomáticas (6 horas após a ingestão da isca), elas foram
transferidas para placas com baratas não tratadas.
A
transferência de indoxacarbe foi examinada usando quatro proporções de doadores
para receptores: 1:5, 5:5, 5:10 e 5:20. A mortalidade nos receptores foi
registrada em 24, 48 e 72 h.
Todos os
experimentos foram planejados de forma que o início da atividade de
forrageamento nos receptores (início da escotofase ou logo após) coincidisse com
o início das excreções de indoxacarbe.
Experimentos
controle utilizando machos congelados e descongelados foram realizados, e todos
os experimentos foram replicados 10 vezes.
O
experimento consistiu em seis tratamentos.
No
tratamento 1, baratas não tratadas foram expostas a doadores recém-sintomáticos
na ausência de alimento alternativo.
Os doadores
foram alimentados com a isca por 2 h e transferidos para a placa experimental
no início dos sintomas (6 h após a ingestão da isca).
Este
tratamento examinou o nível máximo de mortalidade secundária que pode ser
alcançado quando a única fonte de alimento disponível para baratas não tratadas
eram os doadores e/ou excreções dos doadores.
No
tratamento 2, baratas não tratadas foram expostas a doadores recém-sintomáticos
na presença de alimento alternativo (ração para ratos) que foram alimentados
com a isca por 2 h e transferidos para a placa experimental no início dos
sintomas (6 h após a ingestão da isca) e na presença de alimento alternativo.
Portanto, baratas não tratadas tiveram a opção de se alimentar com dieta padrão de laboratório ou excreções produzidas pelos doadores.
No
tratamento 3, baratas não tratadas foram expostas a doadores que estavam mortos
há 24 h na ausência de alimento alternativo. Esses doadores forneceram apenas
resíduos secos aderidos a seus corpos.
No tratamento
4, as baratas não tratadas foram expostas às excreções deixadas pelos doadores
e tiveram acesso a alimentos alternativos.
No
tratamento controle de número 5 baratas sintomáticas depositaram excreções na
placa por 24 horas e foram removidos antes da adição de baratas não tratadas.
O tratamento 6 foi um experimento controle, no
qual os receptores foram expostos a doadores não tratados (congelados e
descongelados) na presença de alimentos alternativos.
Este
tratamento foi um experimento controle, no qual os receptores foram expostos a
doadores não tratados (congelados e descongelados) na ausência de alimentos
alternativos.
O tratamento 6 foi um experimento controle, no
qual os receptores foram expostos a doadores não tratados (congelados e
descongelados) na presença de alimentos alternativos.
Para cada
tratamento, duas proporções de doadores para receptores foram testadas: um
macho adulto para cinco machos adultos e cinco machos adultos para 10 machos
adultos.
Todos os
testes foram realizados com baratas em placas de 9 cm de diâmetro interno, previamente
aclimatados por 24 horas, providos de água e abrigo (pedaço de papelão dobrado
de 10 cm²). Sempre que alimento alternativo foi fornecido, consistiu em dieta
padrão de laboratório (ração para ratos).
Todos os
experimentos foram planejados de forma que o início da atividade de forrageamento
nas baratas receptoras coincidisse com o início das excreções de indoxacarbe (6
h após o consumo da isca).
A
mortalidade nos receptores foi registrada em 24, 48 e 72 h, e cada tratamento
foi replicado 10 vezes.
MORTALIDADE
TERCIÁRIA E QUATERNÁRIA
A
mortalidade terciária foi examinada com a transferência horizontal de
indoxacarbe dos primeiros ínstares que morreram ao se alimentarem de excreções
de machos adultos alimentados com isca para os receptores machos adultos.
O estudo de
duas partes examinou primeiro a transferência horizontal de indoxacarbe dos
machos adultos para os primeiros ínstares (mortalidade secundária).
Posteriormente,
foi examinada a transferência de indoxacarbe destes indivíduos de primeiro
ínstar para receptores machos adultos (mortalidade terciária).
O primeiro
objetivo foi determinar o número de ninfas que podem ser afetadas pelas
excreções produzidas por um único doador macho adulto (mortalidade secundária).
Os indivíduos de primeiro ínstar foram
utilizados como receptores porque ingerem as excreções dos adultos (por
exemplo, fezes, isca regurgitada) e são o principal alvo dos esforços de
controle de pragas, pois representam uma grande fração da população.
Cinquenta
indivíduos de primeiro ínstar foram colocados em um prato de 9 cm de diâmetro
interno, providos de água, abrigo (pedaço de papelão dobrado de 10 cm²) e
aclimatados ao prato por 24 h sem alimento. Um único macho sintomático foi
adicionado à placa ao final do período de aclimatação.
A
mortalidade nas ninfas foi examinada em 24, 48 e 72 h, e 10 réplicas foram
realizadas. Os resultados mostraram que as excreções de um único macho adulto
são capazes de matar 38 ninfas de 4º ínstar.
Assim, foi
examinada a transferência terciária de indoxacarbe de 38 ninfas de 4º ínstar
para 20 ou 30 machos adultos não tratados.
As placas foram montadas conforme descrito
acima (um único macho doador mais 50 primeiros ínstares) para obter os doadores
secundários.
Os primeiros ínstares interagiram com o macho
sintomático por 12 h e, em seguida, foram transferidos para uma placa limpa que
continha machos não tratados em jejum por 24 h.
A placa foi abastecida com água, mas sem
alimento. A mortalidade nos receptores foi registrada em 24, 48 e 72 horas.
Experimentos de controle usando ninfas congeladas e descongeladas foram
realizados, e todos os experimentos foram replicados 14 vezes.
A
mortalidade quaternária foi examinada colocando 10 machos adultos sintomáticos
(doadores) em uma placa de 9 cm de diâmetro interno que continha 25 ninfas de
primeiros instares que haviam sido mantidas em jejum por 24 h.
Os machos
doadores eram machos que haviam morrido como resultado de mortalidade
terciária, ou seja, por terem contato com 38 primeiros ínstares que morreram
por contato com um único macho adulto alimentado com isca.
Os machos
interagiram com os primeiros ínstares moribundos (mortalidade terciária) por12
h.
No dia
seguinte, 10 machos sintomáticos foram selecionados e colocados em uma placa
com 25 primeiros instares que haviam permanecido em jejum por 24 h, recebendo
água.
Além disso,
a placa continha um abrigo de papelão e foi abastecida com água, mas sem
alimento. A mortalidade nos receptores machos foi examinada em 24, 48 e 72 h, e
oito réplicas foram realizadas.
RESULTADOS
Mortalidade
Secundária: Transferência de Indoxacarbe de Doadores Adultos do Sexo Masculino
para Receptores Adultos do Sexo Masculino.
O
indoxacarbe foi efetivamente transferido entre machos adultos e resultou em
mortalidade secundária significativa (Tabela 1).
Como
esperado, a taxa de mortalidade secundária aumentou com o aumento da proporção
de doadores para receptores. A mortalidade secundária foi mais rápida quando
cinco doadores interagiram com cinco receptores (proporção de 1:1) e 94,4% dos
receptores morreram em 24 horas e 100% morreram em 48 horas, mortalidade
cumulativa.
A taxa de
mortalidade secundária diminuiu à medida que a proporção de doadores para
receptores diminuiu. Entretanto, a mortalidade completa nos receptores ainda
foi alcançada em 72 h quando cinco doadores interagiram com 10 ou 20 receptores
(Tabela 1).
O nível de
mortalidade secundária foi menor quando um doador interagiu com cinco adultos e
resultou em 77,5% de mortalidade nos receptores machos em 72 h. No entanto,
este resultado ainda é altamente significativo, pois apenas 20,6% dos
receptores morreram no experimento controle.
Mortalidade
Secundária: Papel das Excreções Frescas, Presença de Doadores e Alimentação
Alternativa.
Os
resultados de experimentos que testaram o efeito das excreções frescas dos
doadores, da presença de doadores sintomáticos e da presença de alimentos
alternativos na mortalidade secundária são apresentados na Tabela 2.
Este
tratamento resultou na morte de 77,5% dos receptores quando um doador interagiu
com cinco receptores e em mortalidade de 100% quando cinco doadores interagiram
com 10 receptores.
No tratamento 2, os receptores foram expostos
a doadores recém-sintomáticos na presença de alimentos alternativos.
A
mortalidade secundária foi significativamente menor quando alimentos
alternativos estavam presentes e resultou na morte de 30,5% dos receptores
quando um doador interagiu com cinco receptores (tratamento 1 versus tratamento
2) e 59,10% de mortalidade quando 5 doadores interagiram com 10 receptores.
No entanto,
a mortalidade secundária na presença de alimentos alternativos ainda foi
significativamente maior do que a mortalidade no experimento controle (tratamento
2 versus tratamento 6; Tabela 2, proporção de 5:10).
No
tratamento 3, os receptores foram expostos a doadores que estavam mortos há 24
horas e não tinham acesso a alimentos alternativos.
Este
tratamento resultou em mortalidade de 66%
nos receptores em 72 h (proporção de 1:5), não significativamente
diferente do tratamento 1.
Quando os
receptores foram expostos apenas às excreções deixadas pelos doadores e não
tiveram acesso a alimentos alternativos (tratamento 4), a mortalidade nos
receptores diminuiu significativamente em relação ao tratamento 1, onde os
receptores tiveram acesso a doadores sintomáticos apáticos que exsudaram
excreções frescas.
Na proporção de 1:5, 43,9% dos receptores morreram quando expostos apenas a resíduos e 77,5% dos receptores morreram quando expostos a doadores sintomáticos.
Na proporção de 5:10, 45,5% dos receptores
morreram quando expostos apenas a resíduos e 100,0% dos receptores morreram
quando expostos a doadores sintomáticos.
No entanto,
a mortalidade secundária no tratamento 4 ainda foi significativamente maior do
que a mortalidade no experimento controle (tratamento 4 versus tratamento 5;
Tabela 2).
Nenhuma
diferença significativa foi detectada entre os dois experimentos de controle
(tratamentos 5 e 6), indicando que a falta de alimento por si só não é um fator
que contribua significativamente para a mortalidade de baratas, pelo menos
durante o período de inanição de 72 horas (Tabela 2).
Mortalidade
Terciária e Quaternária.
No teste
envolvendo a transferência de indoxacarbe de um único macho adulto para 50
indivíduos de primeiro ínstar, 35% das ninfas morreram em até 8 horas após o
contato com o macho sintomático.
Em contraste,
nenhuma ninfa morreu no experimento de controle envolvendo uma barata doadora
congelada e descongelada sem ter tido contato com as iscas.
Além disso,
a mortalidade nos primeiros ínstares aumentou significativamente ao longo do
tempo, e 76% das ninfas morreram 72 horas após a adição do macho sintomático
(Fig. 1; Tabela 3).
A
transferência de indoxacarbe continuou além da mortalidade secundária e
resultou em mortalidade terciária insignificante (Fig. 1; Tabela 3). Quando 20
machos adultos foram expostos a 38 indivíduos de primeiro ínstar que morreram
por contato com os doadores primários (adultos alimentados com isca), 81,3% dos
machos adultos morreram em 72 h (Fig. 1).
Em contraste, apenas 5,1% dos machos morreram nos controles. Em todos os testes envolvendo mortalidade terciária e quaternária, relativamente poucos receptores morreram nas primeiras 8 h, e a mortalidade nos receptores aumentou significativamente com o tempo (Tabela 3).
Nenhuma
mortalidade quaternária significativa foi observada e apenas 12,4% das ninfas
receptoras morreram por contato com adultos mortos por contato com ninfas que morreram por
contato com adultos mortos por comer a isca e 9,3% das ninfas morreram no teste
de controle.
DISCUSSÃO
Mortalidade
Secundária: Transferência de Indoxacarbe de Doadores Machos Adultos para
Receptores Machos Adultos.
O
indoxacarbe foi transferido de doadores adultos para receptores adultos conforme
previsto, a taxa de mortalidade secundária aumentou com o aumento da proporção
de doadores para receptores.
Além disso, os
autores investigaram o efeito da dose aplicada ao doador versus a proporção
doador/receptor e mostraram que o efeito da dose na mortalidade secundária foi
mais forte do que o efeito da proporção.
Observações
comportamentais (embora não quantificadas neste estudo) revelaram que exsudatos
de baratas alimentadas com indoxacarbe eram altamente atrativos para baratas receptoras,
especialmente para primeiro ínstar.
Observações
de ninfas se alimentando de excreções de doadores adultos revelaram que os
mecanismos subjacentes à transferência horizontal de indoxacarbe podem incluir
ingestão de excreções, necrofagia e emetofagia.
O contato
pode ter sido importante, pois as baratas receptoras inadvertidamente contactaram
exsudatos líquidos enquanto se alimentavam de excreções que emanavam dos
doadores.
A necrofagia
era aparente, pois alguns cadáveres tiveram suas cabeças descoladas e abdomens esvaziados.
Ainda mais aparente era a emetofagia, ou alimentação com regurgitação induzida
por indoxacarbe.
Autores
descrevem a emetofagia induzida por fipronil na barata alemã como sugerindo que
um processo semelhante pode ocorrer com outros inseticidas neurotóxicos de ação
rápida pois como já foi dito a regurgitação é um mecanismo de eliminar o
inseticida.
Demonstraram
que a excreção de fipronil coincidiu com o início dos sintomas paralisantes; a
maior parte do fipronil excretado (79%) foi eliminada durante as primeiras 12
horas após a ingestão da isca; 74% do fipronil foi excretado da região oral na
forma de regurgitação; e os primeiros ínstares visitaram preferencialmente a região
oral de baratas moribundas e ingeriram os exsudatos líquidos.
De fato, baratas
morrendo de envenenamento por indoxacarbe exsudaram excreções líquidas que eram
atrativas e letais para indivíduos da mesma espécie.
As ninfas se
agregaram ao redor dos doadores sintomáticos e a transferência horizontal de
indoxacarbe pareceu ocorrer por contato e/ou ingestão da isca regurgitada.
O indoxacarbe também pareceu ser emetogênico,
e é provável que a origem e o tempo de excreção do indoxacarbe sejam
semelhantes aos descritos para o fipronil.
Um terceiro mecanismo que pode facilitar a
transferência horizontal do indoxacarbe é o contato ou a ingestão de excreções
originárias dos sistemas digestivo e/ou reprodutivo.
Baratas morrendo
por envenenamento por indoxacarbe pareciam excretar alguns líquidos de seu
trato digestivo. Mais importante, no entanto, baratas machos sintomáticas
evertiam sua genitália e eliminavam o conteúdo de suas glândulas sexuais
acessórias, resultando na excreção de ácido úrico que ocorria como uma secreção
branca.
Essa
secreção tinha aparência leitosa quando fresca e posteriormente endurecia até
se tornar um pó branco semelhante ao giz menos atrativa.
Baratas
alemãs macho normalmente sequestram uratos nas glândulas sexuais acessórias e
os liberam em conjunto com o espermatóforo durante o acasalamento, uma forma de
investimento paterno de nitrogênio na progênie.
A secreção
de ácido úrico parece ser exclusiva do envenenamento por indoxacarbe, pois não
observamos esse fenômeno com nenhum outro inseticida, incluindo o fipronil.
Os primeiros
ínstares foram atraídos para a região retal de baratas moribundas e pareciam se
alimentar de excreções e/ou secreções da extremidade posterior.
No entanto,
permanece desconhecido se as secreções originárias dos órgãos reprodutivos
contêm indoxacarbe ou se as ninfas ingeriram de fato o ácido úrico liberado.
Estudos
adicionais utilizando traçadores radioativos serão necessários para examinar o
curso temporal da excreção de indoxacarbe, a origem dos resíduos contendo
indoxacarbe e a quantidade total de indoxacarbe exsudada pelos doadores e,
portanto, disponível para os receptores.
Além disso, a quantidade de indoxacarbe que
cada receptor adquire ao longo do tempo e a distribuição geral de indoxacarbe
nas agregações de baratas precisarão ser examinadas.
Mortalidade
Secundária: Papel das Excreções Frescas, Presença de Doadores e Alimentação
Alternativa.
Foram
projetados vários experimentos para testar a importância relativa do contato
inicial entre as baratas tratadas e não tratadas, o papel das excreções
frescas, o papel dos resíduos excretados e o papel da presença de alimentos
alternativos na transferência de indoxacarbe.
No tratamento 1, as baratas receptoras estavam
próximas de doadores sintomáticos que serviam como fonte de excreções contendo
indoxacarbe e não tinham acesso a nenhum alimento alternativo.
Este
tratamento resultou no maior nível de mortalidade secundária (100% em 72 h na
proporção de 5:10), indicando que as excreções de doadores sintomáticos são
altamente atrativas e letais para as baratas receptoras, especialmente na
ausência de alimento.
No
tratamento 2, as baratas receptoras também interagiram com doadores
sintomáticos, mas tiveram acesso a um alimento alternativo (ração para ratos).
Em relação ao tratamento 1, a presença de alimento alternativo reduziu
significativamente a mortalidade secundária.
Entretanto,
na proporção de 5:10, o nível de mortalidade secundária ainda era
significativamente maior do que a mortalidade nos ensaios de controle.
Isso
demonstra claramente que as baratas não são forçadas a se alimentar de doadores
ou excreções como resultado da inanição, mas sim se alimentam das excreções
voluntariamente, mesmo quando têm acesso à dieta regular de laboratório.
Isso indica
que as excreções de doadores sintomáticos são altamente atrativas para outras
baratas.
Foi
demonstrado que os exsudatos de baratas alimentadas com fipronil eram altamente
atrativos para os primeiros ínstares, que visitavam preferencialmente a região
oral das baratas moribundas, a principal fonte de excreções líquidas.
Observaram
que, quando dada a opção entre uma barata sintomática, ração para ratos e água,
38% dos contatos de primeiro ínstar foram com o doador, 44% com ração para
ratos e 18% com água, demonstrando que as baratas ingerem voluntariamente
exsudatos do doador, mesmo quando há alimento alternativo disponível e próximo.
O papel dos exsudatos que emanam de baratas moribundas foi avaliado expondo baratas receptoras a resíduos frescos e mais antigos de baratas alimentadas com isca de indoxacarbe, com e sem contato com doadores sintomáticos.
O nível de
mortalidade secundária é maior quando os receptores interagem com doadores
recém-sintomáticos, em vez de doadores que morreram há 24 h (tratamento 1
versus 3).
Isso ocorre porque as excreções frescas estão
prontamente disponíveis para ingestão pelos receptores, ao contrário das
excreções mais antigas, que secam e aderem ao substrato.
No entanto,
a diferença na mortalidade secundária causada por doadores que ingeriram a isca
mais cedo versus mais antigos (77,5% versus 66,10% em 72 h) a diferença não foi
estatisticamente significativa.
Isso sugere que 1) resíduos mais antigos de
indoxacarbe continuam a ser letais para a mesma espécie além das 24 h iniciais,
ou 2) a ingestão e/ou contato com excreções frescas é menos importante para a
mortalidade secundária e a necrofagia desempenha um papel importante.
Observações
preliminares indicaram que a emetofagia desempenha um papel importante na
transferência horizontal de indoxacarbe quando as baratas doadoras ainda estão
vivas e produzindo ativamente excreções orais e retais.
Mais tarde, como as
baratas doadoras e as excreções que produzem secam, o papel da emetofagia
diminui e a necrofagia e talvez coprofagia tornam-se mais importantes.
Examinando o papel da
presença inicial do doador (e os resíduos que eles excretaram) na mortalidade
secundária da barata alemã se determinou que a mortalidade de baratas não
tratadas foi significativamente mais baixa quando foram inicialmente impedidos
de contato com doadores alimentados com fipronil e resíduos que eles haviam excretado
(mortalidade cumulativa em 7 dias: novos doadores presentes, 85 % versus
doadores idosos presentes, 18 %).
Os autores concluíram que a eficácia dos resíduos de fipronil excretados diminuiu rapidamente ao longo do tempo, à medida que os depósitos secavam e aderiam às baratas mortas e ao substrato.
Resíduos de
indoxacarbe excretados isoladamente, na ausência dos doadores (tratamento 1
versus tratamento 4), causaram mortalidade significativamente menor nas baratas
não tratadas quando elas foram impedidas de interagir com doadores alimentados
com indoxacarbe e puderam entrar em contato apenas com resíduos depositados
pelos doadores.
Isso
confirma que a maior parte do indoxacarbe é transferida por meio de excreções
diretamente associadas a doadores sintomáticos.
Mortalidade Terciária e Quaternária.
Este estudo
demonstra uma reação em cadeia na qual um doador primário transfere inseticida
para receptores primários, que então se tornam doadores secundários. Um único
doador administrou uma dose letal de indoxacarbe a um número considerável de
ninfas jovens (mortalidade secundária).
Esses
receptores posteriormente se tornaram doadores para outras baratas e foram
capazes de causar mortalidade significativa em outros membros da agregação
(mortalidade terciária).
Embora este
novo fenômeno tenha sido demonstrado apenas com o indoxacarbe, é possível que
outros inseticidas também possam apresentar mortalidade terciária.
Um único adulto sintomático excretou indoxacarbe suficiente para causar mortalidade em 38 primeiros ínstares. As ninfas adquiriram inseticida suficiente do doador primário para matar ainda mais 16 machos adultos.
Este é um
resultado notável, visto que presumivelmente a quantidade de inseticida
disponível para transferência em cada etapa diminui substancialmente.
Primeiro, o
doador primário provavelmente excretou apenas uma quantidade relativamente
pequena do inseticida ingerido e o restante foi sequestrado dentro do doador
morto.
Examinando o
curso temporal da excreção de fipronil na barata alemã determinaram que uma
barata macho adulta excretava, em média,4,5% do fipronil ingerido,
principalmente devido à êmese.
Em segundo
lugar, os receptores primários provavelmente adquiriram apenas uma pequena
proporção do inseticida excretado pelo doador primário, enquanto este aderiu ao
corpo do doador e ao substrato.
De fato,
estudos anteriores mostram que a transferência de inseticidas emetogênicos (ou
seja, fipronil) diminui rapidamente à medida que as excreções líquidas secam e
se tornam indisponíveis para os receptores.
Em terceiro
lugar, os receptores primários (e posteriormente os doadores secundários) provavelmente
usaram a maior parte do indoxacarbe que adquiriram e excretaram apenas uma
pequena proporção.
Ainda não se
sabe se algumas ninfas adquiriram a maior parte do indoxacarbe do doador
primário e então vetorizaram o inseticida para os receptores ou se todas as
ninfas contribuíram mais ou menos igualmente para a mortalidade terciária.
Estudos
adicionais usando indoxacarbe radiomarcado serão necessários para examinar a
movimentação do indoxacarbe.
A origem e o
curso temporal da excreção de indoxacarbe, a quantidade total de indoxacarbe
excretada em cada nível e a distribuição de indoxacarbe entre os indivíduos envolvidos
serão especialmente críticos na determinação do fluxo de indoxacarbe através de
uma população de baratas.
Esses
estudos também podem ajudar a determinar por que pouca mortalidade quaternária
foi observada.
Observações
indicaram que os mecanismos comportamentais envolvidos na mortalidade terciária
podem incluir aqueles envolvidos na mortalidade secundária.
Estes
incluem contato com excreções, necrofagia, emetofagia e contato e ingestão de
outras excreções que se originam dos doadores.
A necrofagia parece desempenhar um papel importante já que adultos famintos consumiram completamente os primeiros ínstares.
Primeiro, as
ninfas (doadores secundários) nunca ingeriram nenhuma isca diretamente e
permanece desconhecido se elas realmente produziram exsudatos orais que
pudessem facilitar a emetofagia.
Estas ninfas podem ter ingerido isca
regurgitada pelos doadores primários, mas permanece desconhecido se o
regurgitado ingerido foi posteriormente regurgitado.
Embora a
atração das ninfas por adultos sintomáticos alimentados com isca tenha sido
claramente aparente na primeira fase do estudo, a alimentação dos adultos com
excreções orais ou retais das ninfas não foi observada.
Segundo, as
ninfas são muito menores que os adultos, portanto, quaisquer excreções orais
produzidas pelas ninfas podem ser minúsculas. As ninfas exibiram sintomas
típicos de envenenamento por indoxacarbe (por exemplo, corpos distendidos,
paralisia); no entanto, não foram observadas excreções líquidas eliminados pelas
ninfas.
Novamente, estudos utilizando um traçador
radiomarcado serão necessários para quantificar a quantidade de indoxacarbe
adquirida e eliminada pelas ninfas.
O que resta
a ser determinado é a importância da transferência horizontal de indoxacarbe e
outros inseticidas para o manejo de populações de campo de baratas.
Estudos
comparativos que examinam a transferência horizontal em vários ambientes (por
exemplo, unidades residenciais versus instalações suinícolas) e utilizam várias
linhagens de baratas podem ser especialmente informativos.
Dada a
propensão excepcionalmente alta do indoxacarbe a ser transferido entre baratas,
é provável que alguma transferência possa ocorrer em populações nos diferentes
ambientes excluindo as de laboratório.
Estudos
futuros também devem se concentrar em determinar se o indoxacarbe é
quimicamente alterado nas excreções. O indoxacarbe é um pró-inseticida e é
ativado in vivo pelas enzimas do inseto. Isso altera a estrutura molecular e as
propriedades tóxicas do indoxacarbe.
Resta
determinar se os exsudatos orais e retais dos doadores contêm o composto
original inativo, o composto metabolicamente ativado ou uma mistura de ambos.
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