Suponha, por exemplo, que a dose letal de um determinado inseticida para uma barata seja de 0,03µg.
Suponha que em 1.000 m² exista uma população de 1 milhão de baratas.
Seriam necessários, então, somente 30 mg desse inseticida para matar todas as
baratas, se fosse possível colocar todo o inseticida sem perda, isto é, com a
eficiência de 100% na aplicação.
Na esmagadora maioria das aplicações líquidas a calda é fragmentada em
partículas denominadas gotas. As gotas tem comportamento diferente de acordo
com seu tamanho.
Um dos parâmetros mais importantes no controle de vetores é a maneira
pela qual o inseticida é depositado sobre determinada superfície ou sobre o
próprio organismo alvo.
Os inseticidas usados no controle de vetores usam como via de dispersão
do produto, água, forma-se assim, uma calda onde o produto se encontra na
concentração desejada, respeitando-se a área a ser tratada a fim de se manter a
concentração adequada do ingrediente ativo por unidade de área.
Este fato está ligado a características do produto e ao diluente.
Quantidade
de produto para 10 l de água
|
Área a
ser tratada com esta calda
|
Quantidade
de calda por área
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Quantidade
de ativo por área
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25g
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200 m²
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50 ml/m²
|
12,5
mg/m²
|
Quando da evaporação da água o inseticida ficará concentrado em pequenos
pontos com uma distribuição irregular. Para corrigir este problema se adiciona
um agente tensoativo (ou surfactante) que lhe diminua a tensão superficial. São
os espalhantes-adesivos.
As formulações comerciais apresentam em sua composição estes tensoativos
que são os espalhantes adesivos. Com isto a gota se espalha facilmente na
superfície, molhando maior área.
Outras vezes, há necessidade de adição desses agentes tensoativos quando
a formulação não é de boa qualidade.
A superfície de uma gota é
relativamente grande se comparada ao volume. Isto mostra que a taxa de
evaporação de uma gota cresce com a diminuição do diâmetro.
O aumento da temperatura ambiental e a diminuição da umidade relativa do
ar também aumentam a evaporação, assim muitas gotas evaporam-se completamente
no trajeto entre a máquina e o alvo.
Os sistemas de ultra-baixo volume que trabalham com gotas muito pequenas,
utilizam como veículo do produto ativo, formulações com óleos minerais o que
diminui o índice de evaporação da mistura. Se a gota atinge rapidamente o alvo,
haverá menor tempo de evaporação.
Gotas do mesmo diâmetro podem ter comportamentos diferentes, se
diferentes forem as condições ambientais, como mostram os dados da tabela
abaixo.
DERIVA
Outro fator associado ao seu tamanho (e peso), é que as gotas podem
sofrer influências das correntes de ar horizontal (vento) e vertical
(convecção), sendo levadas para outros lugares que não o alvo pretendido.
As gotas que ficam flutuando ou que se evaporam por completo deixam em
suspensão o ingrediente ativo que pode ser carregado a distâncias
consideráveis, causando problemas de poluição ou algum dano à saúde
humana/animal, sensíveis àquele produto.
O problema da evaporação e da deriva devem ser analisados em conjunto,
uma vez que à medida que perde peso por evaporação fica mais leve desviando-se
mais rapidamente do seu objetivo.
Por isso, um detalhe dos mais importantes a ser considerado em uma
pulverização é a definição das características da pulverização (tamanho da gota
e seu espectro) uma vez analisadas as condições do trabalho a se executar
O aumento da vazão de aplicação tem influência direta sobre o diâmetro da
gota. E consequentemente à quantidade de gotas. Quanto maior o número de gotas
depositadas (densidade) sobre o alvo, maior será a dose recebida pelo mesmo,
melhorando a eficácia do controle.
Da mesma forma o aumento da vazão gera gotas menores e por isto mais
sujeitas à evaporação e deriva.
Formulações oleosas quando aplicadas por termonebulizadores ou UBV,
produzirão gotas finíssimas (≤ 50 µm), as quais pelo seu pouco peso
permanecerão por mais tempo em suspensão, permitindo o controle de insetos
voadores em ambientes fechados ou abertos em condições de calmaria ou inversão
térmica.
Formulações diluídas em água, aplicadas com pulverizador simétrico,
permitirão gotas com diâmetros acima de 110mµ. Gotas geradas de diâmetros
menores serão mais afetadas pela evaporação e/ou deriva. Por este fato aliado
ao peso maior daquelas, estas não terão condições de permanecerem muito tempo
em suspensão no ambiente.
Entretanto, como o efeito residual de um produto é consequência do
tamanho da gota e formulação seu efeito será maior em gotas maiores e/ou
formulações de lenta liberação.
Em aplicações aquosas de inseticidas, a água entra apenas como diluente
para se obter o volume adequado de pulverização e permitir que se obtenha o padrão
em diâmetro e densidade de gotas para que o ingrediente ativo seja corretamente
distribuído sobre o alvo desejado evitando ao máximo a evaporação e deriva.
Densidade é o número de gotas por unidade de superfície, o que irá
corresponder à quantidade de ingrediente ativo atingindo o alvo. Em aplicações
de altos volumes de água, praticamente há um molhamento completo do alvo.
Entretanto, para menores volumes de aplicação, a densidade de gotas sobre
o alvo torna-se um aspecto importante, uma vez que se pretende um mínimo de
deposição do produto de maneira uniforme em toda a área aplicada.
A densidade de gotas é função do volume de calda aplicada por área e do
tamanho de gotas e este, por sua vez, está ligado à vazão.
A densidade de gotas tem a ver com o do modo de ação do produto (contato,
ingestão, fumigação).
Se agir por contato vai depender também do hábito do inseto. Os de
movimento constante sobre a superfície podem ser controlados com uma densidade
menor como as baratas enquanto que os de pouca mobilidade necessitam de uma
densidade de gotas maior como é o caso das pulgas e moscas.
Se agir por ingestão um densidade menor consegue controlar pois o inseto
estará se alimentando no local onde foi realizada a pulverização.
Se agir por fumigação a densidade deverá ser maior pois a área a ser
tratada será maior e o inseticida permanecerá por pouco tempo no ambiente.
A tendência atual de diminuir o volume de
líquido leva à necessidade de gotas menores para melhor cobertura: gotas
uniformes, bem distribuídas que podem ser retidas na superfície. A tabela
abaixo mostra a densidade teórica das gotas uniformes quando é aplicada na dose
de 5l/ha.
Quanto maior o diâmetro
da gota menor o número de gotas por área
para um mesmo volume aplicado. Assim também, conforme se aumenta o diâmetro da
gota, tem que aumentar a quantidade de calda aplicada para manter a mesma
quantidade de gotas por área tratada.
A diminuição do diâmetro
de gotas para aumentar a quantidade não é a solução final para o problema.
Gotas muito pequenas sofrem influência dos ventos e das derivas térmicas.
Estudos mais recentes
demonstram que o diâmetro ideal estaria ao redor de 80 a 100 µm pois dão melhor
índice de uniformidade de deposição.
A pulverização a baixo volume usa gotas da ordem de 700 µm. O importante
é que pouca ou nenhuma deposição é efetuada com partículas menores que 50 µm.
Por outro lado, gotas muito grandes podem acarretar desperdício de calda, como
por exemplo, escorrimento pela superfície.
A redução do volume de líquido pulverizado leva à necessidade de uma
tecnologia mais apurada, tanto da parte do construtor do equipamento, quanto da
parte do operacional.
Da parte do equipamento, os seguintes pontos devem ser considerados:
a - o desgaste dos bicos altera a vazão e o diâmetro médio das gotas,
tornando-se necessário o uso de materiais de alta dureza, ou sistemas sem
bicos, como as turbinas atomizadoras.
b - a distribuição da vazão e da deposição das gotas fornecida por um
equipamento deve ser bem estudada pelo fabricante e pelo usuário, de modo a se
atingir o alvo.
c - o controle das dosagens e da vazão do equipamento deve ser mais
preciso, o que se consegue seguindo as orientações do fabricante do
equipamento.
Por outro lado, deve-se notar que o uso de baixo volume é muito
mais econômico que as aplicações a alto volume pois, além de não desperdiçar
produto, produz melhor cobertura com consequente melhor controle .
Além disso a produção horária
conseguida com equipamentos de baixo volume é bem maior que a conseguida por
meios convencionais.
Quando se usa equipamentos de porte maior que uma costal, por exemplo,
pulverizadores tratorizados, é comum o uso de mangueiras de alta pressão com
diâmetro e comprimentos variáveis.
O uso destas mangueiras também ocorre com pulverizadores estacionários
onde se leva a mangueira a grandes distâncias evitando-se o deslocamento do
pulverizador.
Nestes casos a pressão é um componente importante pois é ele que vai nos
dizer qual o volume de calda usado e o tamanho das gotas esperadas.
Entretanto deve-se levar em conta a perda de pressão para evitar
alterações no perfil de pulverização. O quadro abaixo nos fornece este
comportamento.Obs.: A literatura estará disponível na última parte deste assunto.