SEMIOQUÍMICOS é o nome dado às substâncias químicas
responsáveis pela comunicação entre os seres vivos e também às toxinas
liberadas por estes organismos.
INFOQUÍMICOS se refere às substâncias químicas na interação
entre organismos provocando reações comportamentais ou fisiológicas que
dependendo da resposta podem ser benéficas ou não ao receptor e/ou emissor.
ALELOQUÍMICOS são substâncias químicas empregadas na
comunicação entre espécies diferentes (interespecíficas):
1) Alomônios são substancias químicas produzidas
por uma espécie que quando entra em contato com outra espécie diferente provoca
uma reação benéfica à espécie emissora.
Também são
alomônios as substancias produzidas por diversos animais que agem como
repelentes contra seus predadores.
As operárias
de espécies de formigas produzem um jato de substância repelente a animais
intrusos.
Alomônios que servem para
subjugar presas ocorre em alguns percevejos cujas substâncias liberadas ao
serem consumidas por formigas ficam narcotizadas constituindo-se em presas
fáceis para o percevejo.
O besouro Myrmecaphodius excavaticollis (=Martinezia
dutertrei) caminha livremente em colônia de Solenopsis ritcheri até obter alimento das operárias, graças à
aquisição rápida de hidrocarbonetos das formigas durante seus contatos passando
a ser reconhecido como companheiro. Transferidos para outra colônia perde este
odor e adquire desta nova colônia.
Certas espécies de baratas
produzem uma cetona que faz parte do sistema de alarme de formigas para seu uso
na defesa.
As aranhas boleadeiras (Mastophora spp) produzem um alomônio
semelhante ao feromônio sexual de duas espécies de Noctuidae para atrair os
machos e lançam uma bola pegajosa para prender estas mariposas.
2) Cairomônios são substancias químicas que emitidas por um organismo
de uma espécie provoca uma resposta em um organismo de outra espécie que se
beneficia deste estimulo (favorecem a espécie receptora).
Alguns parasitas e
predadores de insetos muitas vezes localizam suas presas por meio de
substancias voláteis emitidas por elas.
O odor do hospedeiro é
utilizado por quase todos os insetos hematófagos (beneficiado) no processo de
localizacão do hospedeiro (prejudicado).
Durante o metabolismo dos
vertebrados, um grande número de substâncias químicas voláteis (CO2, acetonas,
etc.) e não voláteis (ácido lático, ácidos graxos, etc.) é emitido durante a
expiracão e da pele. Provavelmente cada inseto hematófago se especializou em
detectar estas substâncias para localizar o hospedeiro, como ocorre em insetos
ornitófílicos, antropofílicos, etc.
A resposta de mosquitos
aumenta quando o hospedeiro está suando ou suado.
O CO2 é o principal
cairomônio liberado pelos hospedeiros e usado em armadilhas para capturar
culicídeos, simulídeos, tabanídeos, triatomíneos, muscídeos e califorídeos.
O ácido lático iberado em
todo o corpo de vertebrados atrai mosquitos e principalmente quando em
combinacão com CO2.
Fezes de galinha ou de
coelhos e extrato de racão de coelho estimulam a oviposicão de flebotomíneos
pela emanacão de voláteis.
Infusão da grama e de
esterco atraem mosquitos por voláteis emanados.
Provavelmente bactérias em
água contaminada eliminem voláteis semelhantes o que atrai mosquitos.
Os voláteis da carne
fresca em decomposicão atraem C. hominivorax e Chrysomia bezziana.
Água com ácido cáprico
induziram a oviposicão de A. aegypti e Culex spp da mesma forma
que culturas de Pseudomonas aeruginosa.
Levedura de Sacharomyces
cerevisae em sacarose atrairam barbeiros tanto quanto o odor de um
hospedeiro (rato). A atracão foi significativamente diminuída com a retirada da
fonte de CO2 da cultura de levedo.
3) Sinomônios
Favorecem
ambas espécies.
FEROMÔNIOS
São substâncias excretadas
por organismos vivos e detectadas por outros indivíduos da mesma espécie
(intraespecíficos), produzindo mudanças de comportamento específicas. Exs. Periplanona-B,
feromônio sexual da barata Periplaneta americana.
Os feromonios(do grego,
pherein = levar, carregar + hormon = estimular, excitar) tiveram esta
designacão por não poderem ser chamados de hormônios uma vez que atuam fora do
organismo quer as produziu.
De um modo geral, nos
insetos, são produzidos por glândulas situadas nos dois últimos segmentos
abdominais. Seu conteúdo é desprendido evertendo-as e expondo seu conteúdo ao
ar.
Uma vez que são produzidos
em quantidades muito pequenas as espécies tem que ter uma grande capacidade de
detectá-las. Por exemplo espécies de mariposas são capazes de perceber a
presença da fêmea a 11 km de distância.
Feromônios
são substâncias químicas secretadas por um indivíduo e que permitem a sua
comunicação com outros indivíduos da mesma espécie.
A
mensagem química transmitida pelos feromônios tem por objetivo estimular
determinado comportamento, que pode ser de alarme, agregação, contribuição na
produção de alimentos, defesa, ataque, acasalamento, etc.
O
termo “feromônio” pode ser usado para indicar tanto uma substância em particular,
como uma mistura de substâncias. Eles foram descobertos em 1950.
Em
1959, o pesquisador alemão Butenandt conseguiu isolar e identificar o primeiro
feromônio conhecido como bombicol ((10,12)-hexadecadien-1-ol), que é o
feromônio da mariposa do bicho-da-seda Bombyx mori. Ele precisou matar
500 mil fêmeas desse inseto para obter apenas 1 mg da substância ativa.
Os
insetos são os que mais liberam esse tipo de composto químico, mas eles não são
os únicos; os mamíferos (como camundongos, preás, porcos, cães e até o ser
humano) também realizam essa comunicação olfativa.
O
uso de feromônios na agricultura sempre foi uma prática regularmente usada
desde sua descoberta e assim é até hoje tanto é que na ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estão
registrados 28 feromônios para o controle de insetos-praga na agricultura. Os
produtos comerciais feromonais disponíveis no mercado atendem 28 das 49
culturas do país.
Infelizmente
o uso como domissanitários não segue a mesma prioridade levando o usuários à
utilização de compostos químicos.
1)Sexual
Os feromônios mais estudados são os sexuais, excretados pela fêmea e em
muitos casos também pelo macho, utilizados para atrair o parceiro para a cópula
e assim preservar a espécie, através da procriação.
Um exemplo de atraente sexual excretado pelas fêmeas da mosca domestica
é o cis-9-tricoseno, mostrado a seguir. Seu isômero na forma trans não
apresenta a propriedade de agir como feromônio.
Alguns insetos utilizam como feromônio de acasalamento o ácido
tetradec-3,5-dienoico:
Observe que esse feromônio possui os hidrogênios dos carbonos 3 e 4 da
dupla ligação na forma trans, um em cada lado do plano; enquanto que os
hidrogênios dos carbonos 5 e 6 estão na forma cis. A troca de posição
dos grupos ligados a uma dessas insaturações corresponderia a outra substância
com propriedades diferentes e que não seria reconhecida pelo inseto.
2) Agregação
São substâncias químicas
eliminadas pelos insetos com o intuito de mante-los próximos para manutenção
das sociedades de insetos (abelha), colonização de novos habitat e agregação
antes do acasalamento.
Esta agregação também
ocorre com insetos que não apresentam este comportamento social mas que
realizam agregação como baratas e o cascudinho da cama de frangos. Este é um
comportamento que poderia ser utilizado na captura através de armadilhas.
3) Dispersão
Afastar o
potencial inimigo como o gambá que esguicha a partir de glândulas circum-anais (localizadas ao redor
do ânus) jatos de substâncias de odor pútrido contendo feromônios que afastam
seus inimigos.
Também servem para manutenção de umespaço mínimo
parasobrevivência (formiga) e para antiagregação(moscas-das-frutas).
4)Alarme
para sinalizar perigo e
ameaça,provocando a fuga (ex.: pulgão), agressão contra outro inseto (abelha)
ou inibição de agressão(formiga). Esses feromônios têm um raio de ação médio de
10 cm por um período médio de 10 min.
5)Território
Delimita
territórios, minimizando ou até evitando encontros indesejáveis e agressivos.
6)Trilha
Direcionam
até o alimento. Avistado uma fonte de alimento as formigas liberam os
feromônios para que todas sigam uma mesma trilha sem se dispersarem até o
alimento, seria como um feromônio de orientação.
INSETICIDAS BOTÂNICOS
Na primeira metade do século 20, o Brasil foi um
grande produtor e exportador de inseticidas botânicos, como piretro, rotenona e
nicotina, que apresentam maior segurança em seu uso agrícola e de menor impacto
ambiental.
Os inseticidas botânicos foram muitos populares e
importantes entre as décadas de 30 e 40 para o controle de pragas. A importação
de materiais botânicos ou derivados para uso como inseticidas representou um
empreendimento comercial considerável.
Como sempre acontece, com raras exceções novos inseticidas, sejam, naturais ou sintéticos
sempre iniciam sua aplicação na área agrícola e depois é que se direcionam para
a saúde pública. Com os inseticidas botânicos não foi diferente. Entretanto
alguns como o óleo de nim, óleo de citronela, d-limoneno, linalol e o quassim
já tem sido usado no combate aos sinantrópicos.
Atualmente pouco se tem ofertas de inseticidas
botânicos para ser usado nos programas de gerenciamento. Isto tudo mostra que
ainda temos muito a criar no que se refere a inseticidas não orgânicos.
Por exemplo, acima de 6.700 toneladas de raízes de Derris
elliptica foram importadas para os Estados Unidos do sudeste da Ásia em
1947, mas diminuiu para 1.500 toneladas em 1963.
Isto reflete a extensão pela qual os inseticidas
botânicos foram substituídos pelos inseticidas químicos sintéticos, também
conhecidos como agrotóxicos, dentre eles, os organoclorados, organofosforados,
carbamatos e piretróides, produzidos pelos países industrializados nas décadas
de 50 e 60.
O volume de agrotóxicos usados no mundo chegou a
ultrapassar 20.000 toneladas de ingredientes ativos na década de 90, quando as
importações de piretro para os
Estados Unidos totalizaram apenas umas 350
toneladas. Hoje, os inseticidas botânicos constituem apenas 1% do mercado
mundial de inseticidas.
Afortunadamente, o interesse em desenvolver e usar
produtos botânicos para o manejo de pragas está novamente aumentando nos
últimos anos, estimando-se um crescimento anual na ordem de 10 a 15%.
Inseticidas botânicos podem causar a morte do
inseto por intoxicação, mas, às vezes, são repelentes ou fagodeterrentes. Sua
ação tóxica se faz no sistema nervoso central dos insetos interferindo na
transmissão sináptica (à semelhança dos organofosforados e carbamatos) ou
axônica (à semelhança dos piretródes) do impulso nervoso.
Da mesma forma que é tóxica para os insetos também
é para os seres humanos. Outros atuam
na muda, na síntese de ATP, análogos dos reguladores de crescimento, maturação
de ovos.
Alguns exemplos são os
óleos de citros extraídos da casca de laranjas e outras frutas cítricas e
refinados para originar os compostos d-limoneno e linalol atuando sobre pulga,
piolhos, ácaros e carrapatos e mosca doméstica.
O extrato de alho é usado
na agricultura uma vez que seu efeito se dá por repelência. Pela sua ação
sistêmica o extrato é absorvido pelas plantas e seu sistema radicular mudando o
odor natural da planta enganando os insetos praga.
A azadirachtina atua no sistema hormonal dos
insetos.
Outras
substâncias que têm sido empregadas são, por exemplo, os terpenos
presentes
nos óleos extraídos da resina de pinheiro, o nerol extraído do óleo essencial
do capim limão, e algumas substâncias obtidas de plantas utilizadas como
condimento alimentar, como o eugenol do cravo da índia, o mentol da hortelã, a
piperina da pimenta-do-reino.
Algumas
plantas produzem substâncias aromáticas que tem apresentado bioatividade como o
mentrasto que é repelente a
insetos ou agem como reguladores de crescimento e a erva-de-santa-maria ou
mastruz cujos frutos tem compostos bioativos contra insetos de grãos armazenados.
Óleo
da citronela com repelente a insetos, rotenona extraída do timbó atua na
mitocôndria impedindo a produção de ATP, o quassim extraído da planta chamada
no nordeste de amarga pelo seu gosto extremamente amargo, chegando a ser dito
que ele é 50 vezes mais amargo que o quinino, sendo ativo contra larvas do
pernilongo atuando na inibição do desenvolvimento da cutícula.
A rianodina tem um modo de ação bastante particular, por ligar-se
irreversivelmente os canais de cálcio das fibras musculares, que permanecem
abertos, deixando os íons Ca++ livres para inundar o interior das fibras,
induzindo a contração dos músculos esqueléticos e causando paralisia muscular.
A alimentação, o movimento e a reprodução cessam gradualmente após contato com
essa substância.
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