segunda-feira, 6 de abril de 2015

COMO AGEM OS INSETICIDAS NOS INSETOS - PARTE 4


 
SEMIOQUÍMICOS é o nome dado às substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os seres vivos e também às toxinas liberadas por estes organismos.
INFOQUÍMICOS se refere às substâncias químicas na interação entre organismos provocando reações comportamentais ou fisiológicas que dependendo da resposta podem ser benéficas ou não ao receptor e/ou emissor.

ALELOQUÍMICOS são substâncias químicas empregadas na comunicação entre espécies diferentes (interespecíficas):

1) Alomônios são substancias químicas produzidas por uma espécie que quando entra em contato com outra espécie diferente provoca uma reação benéfica à espécie emissora.
Também são alomônios as substancias produzidas por diversos animais que agem como repelentes contra seus predadores.

As operárias de espécies de formigas produzem um jato de substância repelente a animais intrusos.
Alomônios que servem para subjugar presas ocorre em alguns percevejos cujas substâncias liberadas ao serem consumidas por formigas ficam narcotizadas constituindo-se em presas fáceis para o percevejo.


O besouro Myrmecaphodius excavaticollis (=Martinezia dutertrei) caminha livremente em colônia de Solenopsis ritcheri até obter alimento das operárias, graças à aquisição rápida de hidrocarbonetos das formigas durante seus contatos passando a ser reconhecido como companheiro. Transferidos para outra colônia perde este odor e adquire desta nova colônia.

Certas espécies de baratas produzem uma cetona que faz parte do sistema de alarme de formigas para seu uso na defesa.

As aranhas boleadeiras (Mastophora spp) produzem um alomônio semelhante ao feromônio sexual de duas espécies de Noctuidae  para atrair os machos e lançam uma bola pegajosa para prender estas mariposas.


2) Cairomônios são substancias químicas que emitidas por um organismo de uma espécie provoca uma resposta em um organismo de outra espécie que se beneficia deste estimulo (favorecem a espécie receptora).

Alguns parasitas e predadores de insetos muitas vezes localizam suas presas por meio de substancias voláteis emitidas por elas.

O odor do hospedeiro é utilizado por quase todos os insetos hematófagos (beneficiado) no processo de localizacão do hospedeiro (prejudicado).

Durante o metabolismo dos vertebrados, um grande número de substâncias químicas voláteis (CO2, acetonas, etc.) e não voláteis (ácido lático, ácidos graxos, etc.) é emitido durante a expiracão e da pele. Provavelmente cada inseto hematófago se especializou em detectar estas substâncias para localizar o hospedeiro, como ocorre em insetos ornitófílicos, antropofílicos, etc.

A resposta de mosquitos aumenta quando o hospedeiro está suando ou suado.

O CO2 é o principal cairomônio liberado pelos hospedeiros e usado em armadilhas para capturar culicídeos, simulídeos, tabanídeos, triatomíneos, muscídeos e califorídeos.

O ácido lático iberado em todo o corpo de vertebrados atrai mosquitos e principalmente quando em combinacão com CO2.
 

Fezes de galinha ou de coelhos e extrato de racão de coelho estimulam a oviposicão de flebotomíneos pela emanacão de voláteis.

Infusão da grama e de esterco atraem mosquitos por voláteis emanados.

Provavelmente bactérias em água contaminada eliminem voláteis semelhantes o que atrai mosquitos.

Os voláteis da carne fresca em decomposicão atraem C. hominivorax e Chrysomia bezziana.

Água com ácido cáprico induziram a oviposicão de A. aegypti e Culex spp da mesma forma que culturas de Pseudomonas aeruginosa.

Levedura de Sacharomyces cerevisae em sacarose atrairam barbeiros tanto quanto o odor de um hospedeiro (rato). A atracão foi significativamente diminuída com a retirada da fonte de CO2 da cultura de levedo.

3) Sinomônios
 Favorecem ambas espécies.

FEROMÔNIOS

São substâncias excretadas por organismos vivos e detectadas por outros indivíduos da mesma espécie (intraespecíficos), produzindo mudanças de comportamento específicas. Exs. Periplanona-B, feromônio sexual da barata Periplaneta americana.

Os feromonios(do grego, pherein = levar, carregar + hormon = estimular, excitar) tiveram esta designacão por não poderem ser chamados de hormônios uma vez que atuam fora do organismo quer as produziu.

 
De um modo geral, nos insetos, são produzidos por glândulas situadas nos dois últimos segmentos abdominais. Seu conteúdo é desprendido evertendo-as e expondo seu conteúdo ao ar.

Uma vez que são produzidos em quantidades muito pequenas as espécies tem que ter uma grande capacidade de detectá-las. Por exemplo espécies de mariposas são capazes de perceber a presença da fêmea a 11 km de distância.

Feromônios são substâncias químicas secretadas por um indivíduo e que permitem a sua comunicação com outros indivíduos da mesma espécie. 

A mensagem química transmitida pelos feromônios tem por objetivo estimular determinado comportamento, que pode ser de alarme, agregação, contribuição na produção de alimentos, defesa, ataque, acasalamento, etc.

O termo “feromônio” pode ser usado para indicar tanto uma substância em particular, como uma mistura de substâncias. Eles foram descobertos em 1950.

Em 1959, o pesquisador alemão Butenandt conseguiu isolar e identificar o primeiro feromônio conhecido como bombicol ((10,12)-hexadecadien-1-ol), que é o feromônio da mariposa do bicho-da-seda Bombyx mori. Ele precisou matar 500 mil fêmeas desse inseto para obter apenas 1 mg da substância ativa.


Os insetos são os que mais liberam esse tipo de composto químico, mas eles não são os únicos; os mamíferos (como camundongos, preás, porcos, cães e até o ser humano) também realizam essa comunicação olfativa.

O uso de feromônios na agricultura sempre foi uma prática regularmente usada desde sua descoberta e assim é até hoje tanto é que na ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estão registrados 28 feromônios para o controle de insetos-praga na agricultura. Os produtos comerciais feromonais disponíveis no mercado aten­dem 28 das 49 culturas do país.

Infelizmente o uso como domissanitários não segue a mesma prioridade levando o usuários à utilização de compostos químicos.
 

1)Sexual
Os feromônios mais estudados são os sexuais, excretados pela fêmea e em muitos casos também pelo macho, utilizados para atrair o parceiro para a cópula e assim preservar a espécie, através da procriação.

Um exemplo de atraente sexual excretado pelas fêmeas da mosca domestica é o cis-9-tricoseno, mostrado a seguir. Seu isômero na forma trans não apresenta a propriedade de agir como feromônio.

Alguns insetos utilizam como feromônio de acasalamento o ácido tetradec-3,5-dienoico:
 

Observe que esse feromônio possui os hidrogênios dos carbonos 3 e 4 da dupla ligação na forma trans, um em cada lado do plano; enquanto que os hidrogênios dos carbonos 5 e 6 estão na forma cis. A troca de posição dos grupos ligados a uma dessas insaturações corresponderia a outra substância com propriedades diferentes e que não seria reconhecida pelo inseto.

2) Agregação

São substâncias químicas eliminadas pelos insetos com o intuito de mante-los próximos para manutenção das sociedades de insetos (abelha), colonização de novos habitat e agregação antes do acasalamento.

Esta agregação também ocorre com insetos que não apresentam este comportamento social mas que realizam agregação como baratas e o cascudinho da cama de frangos. Este é um comportamento que poderia ser utilizado na captura através de armadilhas.

3) Dispersão
Afastar o potencial inimigo como o gambá que esguicha a partir de glândulas circum-anais (localizadas ao redor do ânus) jatos de substâncias de odor pútrido contendo feromônios que afastam seus inimigos.

Também servem para manutenção de umespaço mínimo parasobrevivência (formiga) e para antiagregação(moscas-das-frutas).

4)Alarme

para sinalizar perigo e ameaça,provocando a fuga (ex.: pulgão), agressão contra outro inseto (abelha) ou inibição de agressão(formiga). Esses feromônios têm um raio de ação médio de 10 cm por um período médio de 10 min.

5)Território

Delimita territórios, minimizando ou até evitando encontros indesejáveis e agressivos.

6)Trilha

Direcionam até o alimento. Avistado uma fonte de alimento as formigas liberam os feromônios para que todas sigam uma mesma trilha sem se dispersarem até o alimento, seria como um feromônio de orientação.

INSETICIDAS BOTÂNICOS

Na primeira metade do século 20, o Brasil foi um grande produtor e exportador de inseticidas botânicos, como piretro, rotenona e nicotina, que apresentam maior segurança em seu uso agrícola e de menor impacto ambiental.

Os inseticidas botânicos foram muitos populares e importantes entre as décadas de 30 e 40 para o controle de pragas. A importação de materiais botânicos ou derivados para uso como inseticidas representou um empreendimento comercial considerável.

Como sempre acontece, com raras exceções novos  inseticidas, sejam, naturais ou sintéticos sempre iniciam sua aplicação na área agrícola e depois é que se direcionam para a saúde pública. Com os inseticidas botânicos não foi diferente. Entretanto alguns como o óleo de nim, óleo de citronela, d-limoneno, linalol e o quassim já tem sido usado no combate aos sinantrópicos.

Atualmente pouco se tem ofertas de inseticidas botânicos para ser usado nos programas de gerenciamento. Isto tudo mostra que ainda temos muito a criar no que se refere a inseticidas não orgânicos.

Por exemplo, acima de 6.700 toneladas de raízes de Derris elliptica foram importadas para os Estados Unidos do sudeste da Ásia em 1947, mas diminuiu para 1.500 toneladas em 1963.

Isto reflete a extensão pela qual os inseticidas botânicos foram substituídos pelos inseticidas químicos sintéticos, também conhecidos como agrotóxicos, dentre eles, os organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides, produzidos pelos países industrializados nas décadas de 50 e 60.

O volume de agrotóxicos usados no mundo chegou a ultrapassar 20.000 toneladas de ingredientes ativos na década de 90, quando as importações de piretro para os

Estados Unidos totalizaram apenas umas 350 toneladas. Hoje, os inseticidas botânicos constituem apenas 1% do mercado mundial de inseticidas.

Afortunadamente, o interesse em desenvolver e usar produtos botânicos para o manejo de pragas está novamente aumentando nos últimos anos, estimando-se um crescimento anual na ordem de 10 a 15%.

Inseticidas botânicos podem causar a morte do inseto por intoxicação, mas, às vezes, são repelentes ou fagodeterrentes. Sua ação tóxica se faz no sistema nervoso central dos insetos interferindo na transmissão sináptica (à semelhança dos organofosforados e carbamatos) ou axônica (à semelhança dos piretródes) do impulso nervoso.

Da mesma forma que é tóxica para os insetos também é para os seres humanos. Outros atuam na muda, na síntese de ATP, análogos dos reguladores de crescimento, maturação de ovos.


Alguns exemplos são os óleos de citros extraídos da casca de laranjas e outras frutas cítricas e refinados para originar os compostos d-limoneno e linalol atuando sobre pulga, piolhos, ácaros e carrapatos e mosca doméstica.

O extrato de alho é usado na agricultura uma vez que seu efeito se dá por repelência. Pela sua ação sistêmica o extrato é absorvido pelas plantas e seu sistema radicular mudando o odor natural da planta enganando os insetos praga.

A azadirachtina atua no sistema hormonal dos insetos.

Outras substâncias que têm sido empregadas são, por exemplo, os terpenos

presentes nos óleos extraídos da resina de pinheiro, o nerol extraído do óleo essencial do capim limão, e algumas substâncias obtidas de plantas utilizadas como condimento alimentar, como o eugenol do cravo da índia, o mentol da hortelã, a piperina da pimenta-do-reino.

Algumas plantas produzem substâncias aromáticas que tem apresentado bioatividade como o mentrasto que é repelente a insetos ou agem como reguladores de crescimento e a erva-de-santa-maria ou mastruz cujos frutos tem compostos bioativos contra insetos de grãos armazenados.

Óleo da citronela com repelente a insetos, rotenona extraída do timbó atua na mitocôndria impedindo a produção de ATP, o quassim extraído da planta chamada no nordeste de amarga pelo seu gosto extremamente amargo, chegando a ser dito que ele é 50 vezes mais amargo que o quinino, sendo ativo contra larvas do pernilongo atuando na inibição do desenvolvimento da cutícula.

 A cevadina e a veratridina são compostos derivados das sementes maduras da sabadila que é um lírio perene cujo mecanismo de ação imita os piretróides por atuarem no impedimento do impulso nervoso através do axônio. À semelhança dos piretróides é um dos inseticidas botânicos menos tóxicos para mamíferos sendo irritante para a pele e mucosas dos humanos.
Os preparados inseticidas a base de rianodina são derivados dos talos e raízes de Ryania speciosa Vahl (Flacourtiaceae).  A rianodina é mais estável do que a piretrina e rotenona e, portanto, tem atividade residual mais longa, proporcionando até duas semanas de controle após a aplicação, mas é mais seletivo.

A rianodina tem um modo de ação bastante particular, por ligar-se irreversivelmente os canais de cálcio das fibras musculares, que permanecem abertos, deixando os íons Ca++ livres para inundar o interior das fibras, induzindo a contração dos músculos esqueléticos e causando paralisia muscular. A alimentação, o movimento e a reprodução cessam gradualmente após contato com essa substância.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

COMO AGEM OS INSETICIDAS NOS INSETOS - PARTE 3



REGULAGEM HÍDRICA
Um exemplo é o ácido bórico, inseticida mineral, se apresentando na forma de gel ou pó seco. Ele age a nível celular causando  interrupção na regulagem hídrica causando desidratação o que resulta em mais ingestão de isca para compensar  a perda líquida.
Na forma de pó seco ele é abrasivo ao exoesqueleto.




ENTOMOBACTÉRIAS
Todas as bactérias usadas na luta antivetorial formam toxinas ativas e esporos estáveis. Por esta razão podem ser armazenados por longos períodos em temperatura ambiente dos trópicos.

As toxinas são potentes venenos intestinais de larvas surtindo efeito apenas se forem ingeridos.
Estes produtos devem ser formulados de maneira que não desapareçam da zona onde as larvas se alimentam.

Estas bactérias são inócuas para a fauna não alvo e portanto não permite o aumento populacional de vetores uma vez que  não atua sobre os inimigos naturais.  Também são inofensivas ao homem e portanto podem ser aplicadas em sistema de abastecimento de água e na presença de cultivos de plantas alimentícias.
Estas bactérias se dividem em dois grupos: Bacillus thurigiensis israelensis e Bacillus sphaericus.

Bacillus thuringiensis var. israelensis          
Esta bactéria foi isolada pela primeira vez no Japão no início do século XX (1901-1902) por Ishiwata, que a observou causando uma alta mortalidade em larvas do bicho da seda. Esta bactéria é um bacilo, que tem a característica de estando em um ambiente inóspito se apresentar na forma esporuladanão crescendo contendo sua carga genética. Ao entrar em um ambiente favorável volta à vida vegetativa liberando toxinas.

Alguns anos mais tarde, o pesquisador alemão Berliner isolou esta mesma batéria das larvas da traça da farinha e deu a este bacilo um nome em homenagem à sua cidade, a Thuringia.
Em 1976, pesquisadores da Universidade Ben Gurion (Israel) encontraram numa poça no leito de um riacho quase seco, muitas larvas do pernilongo Culex pipiens  mortas. Isolaram desse material uma variedade ainda não conhecida do Bacillus thuringiensis  e deram a ela o nome de Bacillus Thuringiensis var. israelensis (Bti).
 
Sua toxicidade está associada ao cristal paraesporal que é formado durante a esporulação do organismo. Após ser ingerido secreções intestinais solubilizam o cristal convertendo a protoxina em uma toxina (delta-endotoxina) causando histólise do epitélio intestinal matando a larva de culicídeos e simulídeos após 15 a 20 minutos.


Os primeiros sintomas (hipertrofia celular e lise epitelial) são rapidamente seguidos pela completa destruição do epitélio do intestino médio.

O pH do trato digestivo do segundo instar é menor que do quarto , por isto larvas jovens são mais susceptíveis. Pelo fato dele precisar ser ingerido para ser eficaz qualquer diminuição na taxa de alimentação, tal como ocorre  durante o período pré-pupal, resulta na diminuição da eficácia. Por estas razões o Bti não é tão eficaz nas formas de último estágio.
Sua eficácia poderá ser alterada se estas condições afetarem o comportamento alimentar.      

Quando usado em água turva perde atividade pela competição trófica  entre o material em suspensão e as partículas de Bti ou pela ligação dos cristais com partículas que aceleram a taxa de deposição, por esta razão deve ser aplicado periodicamente conforme a biologia do alvo.
Como os inimigos naturais não são afetados pode-se organizar programas de controle usando inimigos naturais como peixes ao mesmo tempo.

Como o Bti é um sólido ele tende a se depositar no leito da coleção de água. No controle de simulídeos, que ocorre em água corrente, a dose a ser aplicada depende da vazão enquanto que no controle de culicídeos, que é em água parada a dose é fixa.
Bacillus sphaericus

A atividade tóxica dos esporos parece resultar da toxina da parede celular que é depositada no esporo em desenvolvimento durante o processo de esporulação de composição e modo de ação ainda não identificados.
Larvas de Culex spp  são susceptíveis enquanto Anopheles spp e Aedes spp variam bastante de espécie para espécie. Algumas vezes persiste e recicla, particularmente em água poluida, sua toxina é sensível à radiação UV.

Não tem nenhum efeito sobre larvas de simulídeos.
A forma vegetativa apresenta esporo de forma aproximadamente esférica, resistente ao calor em um esporângio protuberante em posição terminal. Esta bactéria não forma corpo paraesporal. A temperatura máxima para crescimento é de 30-45ºC e o mínimo 5-15ºC. É aeróbica. O microorganismo invade a larva via canal alimentar.

A atividade larvicida está contida nos esporos. O primeiro e segundo estágios larvais são mais susceptíveis e morrem mais cedo que os estágios mais adiantados.
Estudos indicam que a dose tóxica de B. sphaericus  é provavelmente ingerida rapidamente mas o efeito tóxico só ocorre mais tarde, o que requer uma observação dos resultados após 48 horas.           
 

Estudos de campo demonstraram que são necessárias altas doses do produto comercial para se obter altos níveis de controle de espécies susceptíveis. Sua atividade é reduzida em criadouros contendo grande quantidade de material em suspensão pela competição trófica.

B. sphaericus  manteve sua atividade em larvas de C. quinquefasciatus em temperatura constante de 10, 25 e 35ºC mas perde sua atividade em pH 10. Abaixo de 10ºC não há efeito tóxico.
Trabalhos feitos deram 100% de mortalidade em C. pipiens  em três dias. Entretanto a duração da atividade larvicida não excedeu uma semana mesmo em altas doses.

Outros experimentos de campo conduzidos na África mostrou atividade  persistente do B. sphaericus por mais de um mês. Em acréscimo a isto, experimentos de campo e laboratório confirmaram o fato de que esta bactéria é capaz de se reciclar nas larvas de mosquitos.
FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS

Os fungos entomopatogênicos tem sido usados no Brasil desde 1923 que por causa de resultados infrutíferos só voltou a ser pesquisado na década de 40 tomando maior desenvolvimento na década de 50. Nas décadas de 60 e 70 se desenvolveu um grande projeto em Pernambuco dando início a uma série de experimentos.

Fungos entomopatogênicos como Metarhizium anisopliae, Baculovirus anticarsia e Beauveria bassiana tem sido usado no controle de baratas, moscas, mosquitos, formigas e barbeiros.


A utilizacão da M. anisopliae e B. bassiana para o controle de pernilongos, baratas e barbeiros, formigas do gênero Solenopsis tem sido pesquisada. O controle das larvas de pernilongos foi obtido depois de 72 horas em condições de campo utilizando-se uma dosagem de 2,5 kg de produto/há (25g de esporor).

Quanto ao controle de Solenopsis spp já foram selecionados isolados virulentos de B. bassiana e atualmente vem sendo pesquisados os métodos de aplicacão.

Em experimentos desenvolvidos em 1989 no Departamento de Entomologia da ESALQ-USP, através da introducão inundativa, foi possível obter resultados de campo, altamente promissores para o controle de cupins de montículo (Cornitermes cumulans) com isolados de B. bassiana e M. anisopliae.

Os ninhos tratados apresentaram 100% de mortalidade depois de 10-30 dias da aplicação dos pstógenos. Em condições de laboratório observou-se também grande mortalidade de outras espécies de cupins aos patógenos e a rápida ação de M. anisopliae (LT100 = 48 horas).

Em condicões de laboratório,observou-se também grande susceptibilidade de outras espécies de cupins aos patógenos e a rápida acão do M. anisopliae.
 
M. anisopliae matou 23% dos anofelinos em menos de 4 dias reduzindo em 75% o potencial de transmissão. A  letalidade dos esporos é muito rápida e pulverizações mais seguidas são necessárias.

Moscas adultas infectadas em contato com sadias transmitem o fungo contaminando-as.

Metarhizium  anisopliae apresenta maior potencial patogênico sobre larvas de terceiro instar de Musca domestica. Com o aumento da concentração ocorreu a morte de todas as larvas.

A mortalidade de M. domestica influenciada pelo fungo entomopatogênico  M.anisopliae apresentou uma tendência crescente com o aumento da concentração de conídeos.mL-1, apresentando uma eficácia que variou de 2,53% na concentração 1,0.105 mL-1 a 33,34% na concentração 1,0.10-8 mL-1 (Tabela 1).

Essa relação diretamente proporcional entre mortalidade do inseto e aumento das concentrações fúngicas de M. anisopliae foi demonstrada por diversos autores testando o fungo contra M. domestica e Chrysomya putoria.


Tabela 1 – Influência de Metarhizium anisopliae em diferentes concentrações sobre a mortalidade de larvas pós-alimentar e pupas, e deformações de adultos de Musca domestica, em placa de Petri, sob condições de laboratório. Tº: 26 ± 2º C, UR: acima de 75% e fotofase de 12 horas.

A emergência de adultos com defeitos de asa foi diretamente proporcional ao aumento das concentrações fúngicas (Tabela 1).

A concentração 1,0.108 mL-1 apresentou o índice mais expressivo: dos adultos que emergiram, 16,33% apresentaram deformidades, que adicionado a porcentagem de eficácia (33,34%), o percentual de mortalidade eleva-se para 49,67%.

Pesquisadores demonstraram, testando isca tóxica formulada com o fungo

M. anisopliae como agente de biocontrole de M. domestica, que a mortalidade dos insetos se deu também pela infecção das moscas por indivíduos atingidos por uma dose letal de conídeos.

Essa observação é importante porque, através do contato físico com indivíduos infectados com o fungo esporulado em sua cutícula, a mosca sã poderá promover a transmissão horinzontal do fungo pela população do inseto, contribuindo para o decréscimo populacional.

Larvas de M. domestica expostas a M. anisopliae reduzem a viabilidade dos estágios de pupas, enquanto a linhagem de B. bassiana não afeta o desenvolvimento larval nem pupal. Os melhores resultados foram obtidos com a introdução das espécies em soluções de 1 x 106 e 1 x 105 conídios/mL emergindo apenas 1,0 e 16%, respectivamente.

Por outro lado, autores obtiveram resultados contraditórios pois observaram a morte de 56% e 48% das larvas de M. domestica quando submetidas a concentração de 1 x 1010 conídios de B. bassiana, isolados L90 e P89, respectivamente.

A infecção dos fungos entomopatogênicos pode ocorrer por via oral, pelo tegumento ou pelo espiráculo, sendo que 12 horas após o contato com o inseto, ocorre a germinação dos conídios.

Decorridas 72 horas, o inseto pode ser totalmente colonizado, advindo a morte em função da falta de nutrientes e do acúmulo de substâncias tóxicas. As condições favoráveis para o desenvolvimento da doença são umidade relativa em torno de 90% e temperatura entre 23 e 28oC.

A maioria dos fungos penetra nos insetos, principalmente por contato e ingestão. Seu modo de ação inicia-se com a adesão ao tegumento e a germinação dos conídios sobre o inseto. Após inicia a penetração, a partir da combinação de pressão e degradação enzimática, atravessando a cutícula do mesmo e a multiplicação do fungo na hemocele e a produção de toxinas.

A seguir ocorre a morte do inseto e o fungo coloniza todo o interior do hospedeiro. Posteriormente o micélio sai para o exterior passando através do tegumento, esporula sobre a superfície do inseto e, finalmente os propágulos são disseminados no ambiente.

A alta capacidade de disseminação dos propágulos é uma característica favorável à ocorrência de epizootias nas populações de insetos. Os fungos entomopatogêncios permanecem no ambiente através de insetos mortos.

Diversas são as toxinas conhecidas produzidas por fungos entomopatogênicos: B. bassiana produz beauvericina que tem ação tóxica em larvas de pernilongos e moscas adultas; beauverolides em baratas; ácido oxálico em ácaros e bassianolide em Bombix mori. M. anisopliae produz destruxinas que são tóxicas para larvas de B. mori e Galleria melionella.





Em trabalhos realizados por cientistas do Imperial College e da Universidade de Edimburgo foram pulverizados potes de papelão, com óleo contendo fungo Beauveria bassiana.

Mosquitos que haviam se alimentado foram colocadas nestes potes por seis horas, um tempo menor do que eles geralmente levam para descansar  a fim de realizar a digestão sanguínea antes de sair voando para ovipor.

Muitos mosquitos morreram no prazo de 14 dias, o que é fundamental uma vez que o parasita da malária leva mais tempo para passar do abdome do mosquito até sua saliva para que possa transmitir a doença.


Em outro estudo, cientistas da Universidade Wageningen, nos Países Baixos e da Ifakara Health Research Center, na Tanzânia, penduraram folhas de algodão infectadas com o fungo Metarhizium anisopliae em cinco barracos de uma aldeia enquanto que em outros cinco barracos controle penduraram folhas limpas.


Cerca de 23% dos mosquitos transmissores da malária capturados nas cabanas com folhas infectadas, levaram ao redor de 9 dias para morrerem.