segunda-feira, 24 de novembro de 2014

COMO AGEM OS INSETICIDAS NOS INSETOS - PARTE 2


6. INSETICIDAS QUE ATUAM NO CRESCIMENTO DOS INSETOS:
                    -REGULADORES DO CRESCIMENTO -

 Ametábolos, onde o animal recém-eclodido assemelha-se ao adulto sem maturidade reprodutiva. Crescem por uma série de mudas, sem metamorfose como  a traça.
Os Hemimetábolos (metamorfose incompleta) a as ninfas vivem na água e têm morfologia diferente (estruturas bastante distintas) dos adultos (e.g. brânquias, aparelho bucal). Há exemplos nas ordens de insetos aquáticos (Odonata, Ephemeroptera e Plecoptera)..

Paurometábolos (metamorfose gradual): as ninfas e os adultos não diferem quanto a forma e estilo de vida, mas há mudanças graduais e inconspícuas no tamanho, desenvolvimento dos ocelos e, finalmente, formação de asas e genitália. Há exemplos em Orthoptera, Hemiptera, Homoptera.
Holometábolos (metamorfose completa): os jovens diferem radicalmente dos adultos quanto a forma geral, alimentação e tipo de vida. Há vários estágios: ovo, larva, pupa e adulto (imago). Há exemplos em Lepidoptera, Strepsiptera, Coleoptera, Hymenoptera, Diptera etc.

Um fato interessante é que os mesmos hormônios regulam tanto a metamorfose completa como a incompleta.
 
 
ENDOCRINOLOGIA DA METAMORFOSE:

As mudanças que ocorrem da fase imatura à adulta dos insetos, são controladas por hormônios secretados pelo sistema neuroendócrino do PROTOCÉREBRO que liberam um hormônio denominado hormônio do cérebro, que transmite neuromensagens às glândulas endócrinas e a outros tecidos. 
O hormônio cerebral ou hormônio PROTOTORÁXICO (PPTH) secretado pelas células neurosecretoras do protocérebro é transportado pelos microtúbulos dos axônios até a CORPORA CARDIACA.

Aí é estocado e posteriormente liberado na hemolinfa estimulando a glândula prototoráxica, localizada no tórax do inseto, a sintetizar e liberar a ECDISONA (=ECDISTERONA) ou hormônio do crescimento e da  muda causando neles uma diferenciação durante o processo da muda.
Outro importante hormônio no controle muda/ metamorfose é o hormônio juvenil (HJ) cujo estímulo para a sua síntese varia de espécie para espécie, às vezes em função de fatores ambientais. Algumas espécies são influenciadas por fatores sazonais como temperatura e fotoperíodo.

O JH é produzido na CORPORA ALLATA (logo atrás do cérebro) e age sobre a epiderme determinando que a nova cutícula mantenha características juvenis. Em todos os estágios em que o HJ está presente ocorre apenas o crescimento do animal.
Quando, no último estágio, o nível do hormônio  juvenil diminui acentuadamente, o animal muda, sofre metamorfose tornando-se adulto (hemimetábolo) ou passa para a fase de pupa (holometábolo). Este hormônio volta a ser secretado durante o período de reprodução.

Durante a fase de desenvolvimento larval o HJ está em níveis altos e ECDISONA baixo, para manter as características juvenis. Em determinado momento o nível de HJ começa a diminuir e de ecdisona aumenta inibindo a ação do HJ e está no momento de mudar de instar.
No último instar larval é onde ocorrem as mudanças mais críticas – pupa e adulto. Na fase de pupa o HJ vai diminuindo até desaparecer por completo do sangue do inseto, momento de atingir a fase de imago (Holometábolo). Nos hemimetábolos ele desaparece entre a fase de última ninfa e adulto.

 Durante a fase de reprodução o HJ volta a ser produzido.
A forma adulta dos insetos recebe o nome de imago. Chama-se larva a forma jovem muito diferente do imago. A ninfa é a forma jovem dos insetos hemimetábolos (um pouco parecida com imago). Pupa é a forma intermediária entre larva e o imago nos holometábolos (do grego holo, ‘todo’, ‘tudo’, e metabole, ‘mudança’).

A muda, nos insetos, é desencadeada pelo hormônio ecdisona, cuja produção é estimulada pelos hormônios cerebrais.
Existe, entretanto, um outro hormônio — hormônio juvenil — que impede a transformação da larva em pupa, ou desta em imago.

O esteróide ecdisona é um hormônio de desenvolvimento encontrado nos artrópodes.
O processo de muda é regulado pela variação das concentrações da ecdisona na larva. O aumento dos níveis deste hormônio leva ao início da muda.

Quando a larva entra no estágio de muda, ela pára de se alimentar e o fluido de muda, que contém várias enzimas proteolíticas necessárias para a mesma, entra no espaço ecdisial.
Neste ponto, as células epidérmicas entram em uma fase de aumento na síntese de proteínas (expressão do gene) e uma nova cutícula é produzida. Um decréscimo na concentração de ecdisona desencadeia uma fase subseqüente, que inclui a ativação das enzimas no fluido de muda, digestão da procutícula e reabsorção do fluido de muda.

Na seqüência, há mais um decréscimo na concentração de ecdisona e outros hormônios, necessários para completar o processo de muda, são liberados, reiniciando-se, então, a alimentação.
O crescimento e o desenvolvimento adequado dos insetos dependem da concentração de ecdisona em vários estágios de diferenciação.

Para que a metamorfose ocorra é necessário que a taxa de hormônio juvenil na hemolinfa seja muito pequena ou nula.
Caso contrário, o animal realiza a muda, mas passa apenas de uma fase da larva para outra fase de larva.



 HORMÔNIOS JUVENIS ANÁLOGOS (HJA) OU JUVENÓIDES
(exs. Fenoxicarb, hidroprene, methoprene, pyriproxyfen)

 São agonistas de HJ atuando da mesma forma, fazendo com que os insetos permaneçam na fase larval, embora já estejam prontos para passarem à fase adulta, impedindo-os de se reproduzir e se  desenvolver levando-os à morte.

Os juvenóides podem apresentar também efeitos ovicida e esterilizante. Se um juvenóide for aplicado numa época em que ele deveria estar ausente o resultado é o aparecimento de um inseto com características juvenis e de adulto incapaz de se alimentar, copular e se reproduzir, morrendo rapidamente.
Alguns dos juvenóides afetam somente determinados estágios do desenvolvimento de poucas espécies, outros são específicos para algumas famílias  enquanto outros apresentam atividade contra uma grande variedade de espécies.          Os efeitos obtidos com um grupo de insetos freqüentemente não é aplicável para outro grupo.

Talvez a principal limitação no uso prático de Juvenóides para o controle de insetos é a necessidade de coordenar a aplicação destes compostos, que normalmente não são muito persistentes, com a fase sensível do ciclo vital destes insetos, a estes compostos.
ANTAGONISTAS DE HJ

São chamados de  Precocenos,  grupo de compostos naturais e sintéticos que tem ação contrária aos HJ por isto são denominados anti juvenóides ou antagonistas dos HJ.
Causam metamorfose prematura em diversas espécies de insetos, levando à formação de adultos estéreis fazendo com que o inseto passe para a fase adulta precocemente. Ex: allatostatina, gonadotropina e butóxido de piperonila.

AGONISTAS DA ECDISONA (hormônio do crescimento e da muda)
Recentemente, surgiram os inseticidas do grupo das Diacilhidrazinas como o metoxifeno e tebufenozida (lepidópteros) que atuam como agonistas de ecdisteróides  provocando aceleração no processo da ecdise (troca de pele) resultando em insetos deformados. O efeito desta classe de inseticidas é a interrupção do processo de muda dos insetos alvos, resultando em sua destruição.

INIBIDORES DA SÍNTESE DE QUITINA
A quitina é constituída por uma cadeia longa de N-acetilglicosamina que ocorre naturalmente em diversos organismos, sendo o principal componente do exosqueleto dos artrópodes atuando como componente estrutural de suporte celular e de superfície do corpo (cutícula, epiderme, traquéia e epitélio intestinal).

O metabolismo de quitina se divide em processos de síntese e degradação catalisadas por enzimas específicas.
As enzimas Sintases da Quitina (CS) catalizam (síntese) a formação de quitina através da transferência de N-acetilglicosamina para o crescimento da cadeia de quitina.

Estas enzimas estão localizadas no retículo endoplasmático das células das membranas do Complexo de Golgi, na Membrana Plasmática e nas vesículas intracelulares que são levadas para a superfície celular.
As enzimas responsáveis pela degradação da quitina são as Quitinases sendo cruciais para o desenvolvimento pós-embrionário, especialmente durante a muda larval e pupação.

O metabolismo de quitina vem sendo considerado um excelente alvo para o controle seletivo de pragas. A inibição ou desregulação das enzimas chaves são importantes objetos para o desenvolvimento de inseticidas.
As BENZOILFENILURÉIAS (ex. diflubenzuron,  nuvaluron, teflubenzuron, hexaflumuron,  penfluron,  triflumuron) são importantes inibidores da síntese de quitina.

É outro tipo de regulador de crescimento denominado não hormonal que impedem o transporte da N-acetilglucosamina (um açúcar produzido pelo organismo responsável pela formação da quitina) que interfere no metabolismo de ecdisteróides inibindo a formação do exoesqueleto quitinoso matando pela incapacidade de gerar uma nova cutícula e o inseto não consegue se libertar do antigo exoesqueleto.
A ausência desta cutícula ou sua formação inadequada faz com que o inseto desseque pela perda de umidade ou entre em um processo de inanição.

Existe ainda um outro grupo de não hormonais que são as AMINOTRIAZINAS ou TRIASINAS, afeta o metabolismo da epiderme sendo um inibidor do processo de esclerotização (i.e. endurecimento) da cutícula.
É um potente inibidor do endurecimento da quitina sendo específico para dípteros, tendo como exemplo a Ciromazina (ex. moscas, mosquitos).

INSETICIDAS INIBIDORES DA SÍNTESE DE ATP
AMIDINOHIDRAZONAS (ex. Hidramethilona)

A maioria dos inseticidas possui mecanismo de ação relacionado à transmissão de impulsos nervosos. A Hidrometilona possui um mecanismo diferente de ação, mas interferindo, indiretamente, na transmissão do impulso nervoso. 
A Hidrametilona é um veneno de ação estomacal e portanto precisa ser ingerido para que sua ação se manifeste. Desta forma atua tanto nas formas imaturas (ninfas) como na forma adulta.

Os animais, incluindo os insetos, precisam de energia para o funcionamento de suas funções vitais. Esta energia é produzida através de uma serie de reações bioquímicas dentro de unidades celulares denominadas mitocôndrias na forma de ATP.
Para a formação de ATP são necessárias reações químicas chamadas fosforilação oxidativa que ocorre na cadeia transportadora de elétrons que libera elétrons para a formação do ATP.



A fosforilação oxidativa é o processo de síntese de ATP a partir da energia liberada pelo transporte de elétrons na cadeia respiratória. Durante o fluxo de elétrons há liberação de energia livre suficiente para a síntese de  ATP.
As condições para que ocorra a fosforilação oxidativa são um bombeamento de prótons pela cadeia respiratória, criando um fluxo da matriz mitocondrial para o citosol (liquido que preenche o citoplasma das células).

A energia derivada do transporte de elétrons na cadeia respiratória é convertida numa força utilizada principalmente para bombear prótons da matriz mitocondrial para o citosol.
A membrana interna da mitocôndria é impermeável aos prótons mas estes precisam retornar para iniciar a fosforilação oxidativa.

Por isto cria-se um gradiente duplo na membrana mitocondrial interna de pH e eletrostático através do qual os prótons conseguem retornar para o interior da mitocôndria através da enzima ATPase determinando síntese de mais ATP.
 
 
O não retorno de protons para o interior da mitocondria cria uma instabilidade na célula e perda de energia quebrando a cadeia respiratória.

A maior quantidade de ATP é formada na terceira etapa da respiração que é a cadeia respiratória onde são produzidas 32 moléculas de ATP para cada uma de glicose
 
 

A hidrametilona é um inibidor do sistema de transporte de elétrons (sítio II) bloqueando a produção de ATP causando a redução do oxigênio pelas mitocôndrias, causando com isto, uma lenta intoxicacao  afetando a respiração celular, perda de coordenacao muscular, inatividade, paralisia e morte.
Indiretamente a Hidrametilona atua à semelhança dos inseticidas que possuem mecanismo de ação relacionado à transmissão de impulsos nervosos a nível de acetilcolinesterase (Carbamatos e Organofosforados). Na célula nervosa o impulso é transmitido por meio de cargas elétricas via variação do potencial elétrico resultante da movimentação de íons K+ e Na+ através de suas membranas.



Estimulos externos causam movimentos destes íons para dentro e fora da célula. A célula se excita e entra em repouso continuamente para que o impulso nervoso seja transmitido através do sistema nervoso até chegar a um determinado local, como músculo tornando-o funcional.
A célula nervosa usa ATP no movimento do íon K para que a célula nervosa entre em repouso. A ausência de ATP impede este repouso com conseqüente perda de função do órgão (efeito anticolinesterásico).

Assim a Hidrametilona, à diferencça dos demais inseticidas tem dois níveis de intoxicação: inibição da cadeia transportadora de elétrons causando incapacidade das células respirarem e impedimento do movimento dos íons K causando incapacidade da célula nervosa se relaxar impedindo o funcionamento dos órgãos e sistemas.
 
 
SULFLURAMIDA

A sulfluramida mata insetos pelo rompimento do fluxo normal de prótons usados por suas células de armazenamento de energia (mitocôndrias) para criar o ATP (Adenosina Trifosfato).
A sulfluramida afeta, portanto, o processo de fosforilação oxidativa (respiração aeróbia) agindo sobre as mitocôndrias e interrompendo a produção de ATP.

A perda de produção de ATP é letal para qualquer ser vivo.

COMO AGEM OS INSETICIDAS NOS INSETOS - PARTE 1

Em geral considera-se que o  mecanismo de ação dos inseticidas atua sobre os insetos do mesmo modo como atua sobre os animais superiores.

Os insetos possuem um organismo menos complicado que os mamíferos; não possuem pulmões, fígado e sistema cardiovascular; possuem apenas um tipo de nervo bioquímico, enquanto os mamíferos possuem três. Ainda conseguem uma alta resistência a anoxia (falta de oxigênio no cérebro).
 

A classificação dos inseticidas de acordo com os sintomas produzidos nos insetos é difícil de ser obtida. A natureza do inseto, o modo de penetração e a quantidade de inseticida consumido pelo organismo, altera bastante a resposta da ação inseticida.

De um modo geral pode se estabelecer que os inseticidas orgânicos sintéticos atuam sobre o sistema nervoso do inseto e os sintomas apresentados obedecem a quatro estágios: excitação, convulsão, paralisia e morte.
A maioria dos inseticidas atuam sobre o sistema nervoso. Tal fato deve-se a uma sensibilidade especial, pois mesmo com o rompimento temporário do sistema nervoso, os danos são irreversíveis.

A célula nervosa é denominada Neurônio e apresenta um filamento longo, Axônio, através do qual o impulso nervoso é transmitido de neurônio a neurônio até atingir um músculo, glândula ou a pele.
O ponto de contato entre neurônios é a sinapse. Para que o impulso nervoso seja transmitido e determine uma reação é necessário que esse impulso passe através de várias sinapses.




Nestas sinapses há uma determinada substância química que permite esta transmissão, chamadas de neurotransmissor como a acetilcolina.
Podemos dizer que a transmissão do impulso nervoso passa por dois processos diferentes. Um elétrico que é através do axônio e um químico através da sinapse.

A transmissão química do impulso nervoso se dá na sinapse que é o ponto de encontro de um neurônio emissor e um neurônio receptor que tem estes nomes por causa do direção do impulso nervoso.
Até este ponto a transmissão se dá por impulso elétrico. A partir deste momento, na sinapse, a fim de passar de um neurônio para outro, entram em atividades neuroreceptores químicos que permitem o deslocamento do impulso nervoso de um neurônio para outro.

Um neurônio não chegar a ficar em contato com outro neurônio. Existe um espaço entre eles chamado de espaço ou fenda sinaptica que é onde os neurotransmissores realizam sua atividade.
 
 
 
O mecanismo de ação dos inseticidas sobre estes neurotransmissores é uma forma de classifica-los.

1. NEUROTÓXICOS QUE ATUAM NA TRANSMISSÃO SINÁPTICA

      - INIBIDORES DA ENZIMA ACETILCOLINESTERASE (AChE) –

 Os impulsos nervosos são transmitidos de um neurônio a outro até chegar na célula a ser excitada, pode ser uma célular muscular, glandular ou outra. Estes impulsos são transmitidos através de uma enzima-neurotransmissora, a Acetilcolina (ACh) que sai do neurônio para a sinapse permitindo a transmissão do impulso.
 
 
 

Após esta excitação ser realizada a Acetilcolina precisa retornar para o interior do neurônio onde a célula nervosa volta ao estado de repouso podendo, novamente, ser excitada.
Quem faz este retorno é outra enzima a Acetilcolinesterase que quebra a Acetilcolina em Colina + Acetato. Dentro do neurônio se unem novamente em Acetilcolina ficando pronta para nova transmissão.




Os organofosforados e carbamatos atuam ligando-se à enzima Anticolinesterase inibindo sua ação resultando em acúmulo de Acetilcolina na sinapse causando hiperexcitabilidade devido à transmissão contínua e descontrolada de impulsos nervosos: incluem tremores, convulsões e, eventualmente, colapso do sistema nervoso central e morte.
Há uma paralisação dos músculos, principalmente os intercostais, impedindo a respiração e provocando a morte devido à ausência de oxigênio no cérebro.

De forma semelhante a outros inseticidas, os carbamatos aumentam a taxa respiratória em 4 - 5 vêzes o normal, dando também uma perda de água e é determinado pela intensa hiperatividade dos insetos. Há uma verdadeira exaustão do organismo sendo primeiramente consumidos os carbohidratos e posteriormente as gorduras
Nos organofosforados, a ligação é bem mais forte e praticamente irreversível enquanto que nos carbamatos ela é reversível, podendo haver uma recuperação do inseto.

Esta reversibilidade pode ocorrer pela capacidade que os insetos tem de permanecer um certo tempo em anóxia, período em que a reversão do efeito inseticida pode vir a ocorrer pela detoxificação rápida.

2. INSETICIDAS QUE ATUAM NOS RECEPTORES DE ACETILCOLINA

- AGONISTAS (ANÁLOGOS) DA ACETILCOLINA  (ACh)-

 É o grupo dos neonicotinóides descobertos a partir da molécula de nicotina (Imidaclopride, Acetamipride, Nitempiram, Tiametoxam, Clotianidina, Dinotefurano e Tiaclopride)

Os neonicotinóides imitam o efeito da Acetilcolina e competem com ela. Esta ligação é persistente pois os neonicotinóides são insensíveis à ação da acetilcolinesterase (AChE). A acetilcolinesterase degrada moléculas de acetilcolina mas não consegue degradar as moléculas de neonicotinóides. 
Desta forma mantem ativação permanente da acetilcolina causando  hiperexcitabilidade do sistema nervoso central devido à transmissão contínua e descontrolada de impulsos nervosos. 

Embora atuem de modo totalmente distinto dos organofosforados e carbamatos, os sintomas resultantes da intoxicação são semelhantes e incluem tremores, convulsões e, eventualmente, colapso do sistema nervoso central e morte.
 
 
 
3. INSETICIDAS QUE ATUAM NOS RECEPTORES GABA

ANTAGONISTAS DE CANAIS DE CLORO MEDIADOS POR GABA (FENILPIRAZÓIS EX. FIPRONIL)

 Sabe-se que antagonizam a ação do neurotransmissor inibitório, GABA (ácido gama amino butírico) impedindo que após a transmissão de um impulso nervoso, se desencadeie o processo de inibição restabelecendo o repouso do SNC.

Em uma situação normal o GABA permite um aumento na permeabilidade da membrana aos íons cloro para dentro da célula nervosa, o que desencadeia o mecanismo de retorno ao repouso do sistema nervoso após ser excitado.
Os fenilpirazóis afetam este mecanismo, impedindo a entrada dos íons Cl- no neurônio e assim antagonizando (= revertendo) o efeito "calmante" de GABA. 

O bloqueio da ação inibitória provocado por estes inseticidas resulta em hiperexcitabilidade do SNC.  Os sintomas de intoxicação se assemelham aos fosforados e carbamatos.
 
 
 
4. INSETICIDAS QUE ATUAM NA ACETILCOLINA E NOS RECEPTORES GABA

As Spinosinas foram descobertas em 1975 por Lacey e Goodfellow que descreveram isolados de cana de açucar triturado onde se desenvolviam hifas rosa-amarelado com esporos revestido por filamentos em uma destilaria de rum desativada nas Ilhas Virgens, Caribe.

 São bactérias do grupo dos Actinomicetos também chamados de Actinobactérias que se apresentam com uma organização filamentosa, ramificada produzindo esporos semelhantes aos conídios de fungos, mas não são fungos.
 
Muitas vezes são classificados como fungos por estas características.

Spinosad é um inseticida baseado na fermentação da bactéria Saccharopolyspora spinosa.

Têm um novo modo de ação baseado na segmentação das ligações nos receptores de acetilcolina diferente das atividades dos outros inseticidas, pois causam rompimento da neurotransmissão de acetilcolina.
 
Também tem efeitos secundários sobre o ácido gama-amino-butírico (GABA).



Spinosad não provoca resistência cruzada a qualquer outro inseticida conhecido.

 5. NEUROTÓXICOS  QUE ATUAM NA TRANSMISSÃO AXÔNICA
- MODULADORES DE CANAIS DE SÓDIO (PIRETRÓIDES) –

Existem dois tipos de piretróides, os do tipo I (ex. permetrina),  que à semelhança do DDT apresentam um coeficiente de temperatura negativo, ou seja, a atividade inseticida destes produtos aumenta à medida que a temperatura diminui.  Ao contrário, os piretróides do tipo II  (ex.  Cipermetrina, deltametrina, etc.) tem um coeficiente de temperatura positivo. 

A célula nervosa é controlada eletricamente e sua polarização e despolarização está na dependência da entrada e saída de Na e K. Quando a célula é excitada este impulso nervoso se transmite pelas alterações, dentro e fora do axônio, das cargas negativas e positivas.
Os piretróides (tipo I e II) mantem uma entrada permanente de Na na célula deixando-a  sempre excitada, não entrando em repouso sendo mais intenso no tipo II.

EVENTOS AXÔNICOS NA CONDUÇÃO DO ESTÍMULO EXCITATÓRIO
A membrana do axônio é permeável a K+ quando em repouso e impermeável a Na+, portanto a membrana do axônio permanece polarizada no estado de repouso com potencial próximo ao potencial de equilíbrio do K+ (-50 a -70 mV).

Mediante estímulo, os canais de K da membrana se fecham e os de Na se abrem permitindo um fluxo de Na para o interior da célula despolarizando-a até atingir um potencial próximo ao potencial de equilíbrio do Na.
Quando esse “potencial de ação” é atingido no desencadeamento de um estímulo, os canais de Na se fecham novamente e os K vão lentamente se abrindo até ser restabelecido o potencial elétrico de repouso (membrana polarizada).

A bomba de Na-K transporta o excesso de Na do interior para o exterior do axônio, e K do exterior para o interior do mesmo restabelecendo o equilíbrio químico da célula no estado de repouso.
O impulso transmitido se propaga ao longo do axônio até atingir a extremidade do mesmo, onde a transmissão passa de elétrica a química.

EVENTOS SINÁPTICOS NA CONDUÇÃO DO ESTÍMULO EXCITATÓRIO
Sinapse é a fenda que separa duas células nervosas intercomunicantes.

A transmissão do impulso nervoso deve atravessá-la para que se propague, o que é conseguido através da liberação de neurotransmissores na membrana pré-sináptica.
Esses neurotransmissores migram pela fenda sináptica e atingem receptores específicos na membrana pós-sináptica onde desencadeiam novos potenciais de ação.

Canais de Ca++ na membrana pré-sináptica modulam a liberação das vesículas com neurotransmissor na sinapse.
Principais neurotransmissores em insetos, de importância para o controle químico deles:

. Acetilcolina: neurotransmissor excitatório, presente no sistema nervoso central de insetos.
. Ácido gama aminobutírico (GABA): neurotransmissor inibitório, presente no sistema

nervoso central de insetos e junções neuromusculares.

 ESTÍMULO INIBITÓRIO:

Estímulo inibitório leva a uma hiperpolarização da membrana do axônio através do fluxo de íons Cl- para o interior da membrana do axônio via canais de Cl.
Efeito inibitório bloqueia o excitatório e o neurotransmissor envolvido em sinápses inibitórias é o GABA.



 Os neurotransmissores se difundem pela fenda Sináptica ligando-se em receptores específicos na Membrana Pós-Sináptica abrindo os Canais permitindo a entrada e saída de íons Na e K causando uma despolarização neste ponto que vai se deslocando por todo o neurônio até o próximo Botão Terminal, transmitindo assim, a mensagem através de novas ondas elétricas.
Os íons Na e K estão se deslocando de um local mais concentrado para um menos concentrado. Neste instante ocorre uma Despolarização da membrana pela maior entrada de Na e maior saída de K. Com isto o interior fica (+) e o exterior fica (-).



Inicialmente as forças que geram a entrada de Na para a célula são maiores que as forças que tendem a liberar K para o exterior da célula e posteriormente vão mudando conforme o Potencial de Membrana vai aumentando
Os canais de Na se abrem permitindo a entrada dele (-40mv). Logo depois os canais de K se abrem (-10mv). Quando chega em + 40mv os canais de Na se fecham e inicia o processo de Repolarização. Continua saindo K da célula e retorna ao Potencial de Repouso até os canais de K se fecharem e voltar a -70mv.





Os sintomas de intoxicação de insetos por piretróides desenvolvem-se rapidamente, resultando em transmissão de impulsos repetitivos e descontrolados, hiperexcitabilidade, perda de postura locomotora ("knockdown“), paralisia e morte.
 Estes sintomas de envenenamento demonstram que os piretróides atuam primeiramente no sistema neuromuscular.

A atividade letal dos piretróides parecem envolver ações no sistema nervoso central e periférico, enquanto que o efeito knockdown é provavelmente produzido por intoxicação periférica.
A incorporação do grupo ciano (como por exemplo, na cipermetrina, cialotrina, lambdacialotrina) está associado a um aumento da atividade inseticida.

Entretanto este radical é responsável por um fenômeno chamado Sensação Facial Dérmica caracterizada por uma sensação irritante, principalmente no rosto que desaparece em 24 horas e aliviada apenas com água fria.