terça-feira, 26 de março de 2013

EPIDEMIOLOGIA APLICADA ÀS ZOONOSES - PARTE III - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR


DESCRIÇÃO
1)Humano: A doença pode se apresentar de três formas diferentes a cutânea, a mucosa e a mucocutânea.

Na cutânea ou tegumentar (úlcera de Baurú, leihsmaniose tegumentar americana - LTA) as lesões de pele pode ser única ou múltipla, disseminada (lesões muito numerosas em várias áreas do corpo) e a forma difusa.

Na maioria das vezes a doença apresenta-se como uma lesão ulcerada única. Nas formas localizada e disseminada, a lesão ulcerada franca se caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura. O fundo é granuloso, com ou sem exsudação. Em geral, as úlceras são indolores.

Observam-se também outros tipos de lesão como úlcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, úlcero-vegetante, verrucosa, tuberosa, linquenóide e outras. Nestas formas, na fase inicial, é freqüente a linfangite e/ou adenopatia satélite, que poderia preceder a lesão de pele. 

As formas localizada e disseminada costumam responder bem à terapêutica tradicional. 

Na forma difusa, rara, as lesões são papulosas ou nodulares, deformantes e muito graves, distribuindo-se amplamente na superfície corporal. Evolui mal por não responder adequadamente à terapêutica.
 A apresentação mucosa é na maioria das vezes secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente meses ou anos após a resolução das lesões de pele atingindo, principalmente, as cavidades nasais, seguidas da faringe, laringe e cavidade oral precedido de queixa de epistaxes, rinorréia e crostas; da faringe com ingestão de alimento dolorosa; da laringe com rouquidão e tosse; da cavidade oral com ferida na boca.

As mucosas atingidas apresentam ulceração, perfuração do septo nasal, lesões ulcero vegetantes, ulcero crostosas em cavidades nasal, ulcero destrutivas.

Poderá ocorrer destruição parcial ou total da pirâmide nasal e outras estruturas acometidas na boca. Outras mucosas, como língua e órgãos genitais, são raramente atingidas.

A apresentação mucocutânea da LTA em que se verifica a presença de lesões associadas na pele e na mucosa, pode ser concomitante (o acometimento mucoso à distância da lesão ativa em pele), ou contígua (o comprometimento mucoso ocorre por extensão da lesão de pele situada próxima de mucosas).

O diagnóstico precoce de lesão mucosa é essencial para que a resposta terapêutica seja mais efetiva e sejam evitadas as seqüelas deformantes e/ou funcionais.

 2) Animal:





















Agente: Leishmania brasiliensis - leishmaniose tegumentar americana, leishmaniose cutâneo mucosa, úlcera de Baurú.

Espécies acometidas: cães e raposas (portadores permanentes), equinos, gatos, roderores, preguiça, tamanduá, marsupiais, lobo guará, graxaim (sorro).

Vetor: Phlebotomus spp (velho mundo – Europa e demais)), Lutzomyia (Novo mundo - Américas) chamados de mosquito palha, birigui.


Período de incubação: 2 a 4 meses no homem e 8 a 20 dias no mosquito. A calazar vai de meses a anos.

Período patogênico: não tratada evolui para óbito em 1 ou 2 anos

Período de transmissibilidade: o vetor poderá se infectar enquanto persistir o parasitismo na pele ou no sangue circulante dos animais reservatórios. No homem é desconhecido.

Transmissão: picada do vetor infectado de reservatórios que apresentam feridas no corpo além de transfusional e congênita.

Letalidade: 0,1% (2006 A 2012 – MS/SINAM)

Epidemiologia: Nas ultimas décadas, as analises de estudos epidemiológicos da LTA demonstram mudanças no comportamento epidemiológico da doença.

Inicialmente considerada zoonose de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato com florestas, a LTA começa a ocorrer em zonas rurais já praticamente desmatadas e em regiões periurbanas.






No período de 1988 a 2007, a LTA apresentou media anual de 27.736 casos autóctones registrados e coeficiente de detecção médio de 17,3 casos por 100.000 habitantes. Ao longo desse período, observou-se uma tendência no crescimento da endemia, registrando os coeficientes mais elevados nos anos de 1994 e 1995, quando atingiram níveis de 22,83 e 22,94 casos por 100.000 habitantes, respectivamente.

Ao analisar a evolução da LTA no Brasil, observa-se uma expansão geográfica, sendo que, no inicio da década de 80, foram registrados casos autóctones em 19 unidades federadas e, no ano de 2003, foi confirmada autoctonia em todas as unidades federadas do pais.

A região Norte vem contribuindo com o maior numero de casos (cerca de 36,0% do total de casos registrados, no período) e com os coeficientes médios mais elevados (85,4 casos por 100.000 habitantes), seguida das regiões Nordeste (43,5 casos por 100.000 habitantes) e Centro-oeste (37,5 casos por 100.000 habitantes).




A partir do indicador da densidade de casos, identificou-se, no período de 2004 a 2006, 26 circuitos de produção da doença de importância epidemiológica, os quais foram responsáveis por 56,9% do total de casos registrados em 2007, distribuídos em 663 municípios do total de 1.803 que apresentaram casos em todo o pais.

A LTA é uma zoonose amplamente distribuída no território brasileiro, ocorrendo em todas as regiões do país. Surtos epidêmicos têm ocorrido nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte e, mais recentemente, na região Sul.

Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta enfermidade como uma das seis mais importantes doenças infecciosa de distribuição mundial.



No Estado do Paraná a LTA é endêmica, desde os primeiros casos registrados na década de 40, associada a L. braziliensis. Nos estados de SC e RS há uma nítida expansão com um significativo aumento nos últimos anos.


No início da década de 80, foram registrados casos autóctones em 19 unidades federadas e, no ao de 2003, foi confirmada autoctonia em todas as unidades federadas.

No estado do Paraná, 276 dos 399 municípios tem endemicidade, principalmente nas regiões norte e oeste.

Incidência: Nos últimos anos, o Ministério da Saúde registrou média anual de 35 mil novos casos de LTA no país.

Ecologia: Doença inicialmente de distribuição rural, encontra-se em franca expansão para focos urbanos no Brasil onde existem grandes áreas florestais. O vetor ataca ao por do sol e à noite. Fazem pequenos vôos e pousam é como se estivessem saltitando. Voam entre 100 e 150m.

Sua densidade aumenta com umidade (80% ou mais), calor (20° a 30°C), sem vento e muita MO em decomposição como folhas, raízes, frutas, excretas de animais e comida (sangue e seiva) para oviporem e viverem. Os adultos podem ser encontrados nas copas e solo.Diminui nos períodos secos e inverno e aumenta nos dias quentes e chuvosos

Controle: Controle de cães vadios, conhecer se a área de mata em que for visitar se tem presença da doença.

Segundo o Manual de vigilância e controle da LTA do Ministério da Saúde, 2007, a eutanásia é indicada quando os animais doentes evoluem para o agravamento das lesões cutâneas com surgimento de lesões mucosas e infecções secundárias que poderão conduzir o animal ao sofrimento

O tratamento de animais doentes não e uma medida aceita para o controle da LTA, pois poderá conduzir ao risco de selecionar parasitos resistentes as drogas utilizadas para o tratamento de casos humanos.

O uso de vacina contra a Leishmaniose Tegumentar de uso em Saúde Pública ainda está sendo discutido no Ministério da Saúde.

Ano passado (2012 o cachorro Scooby ficou conhecido por ter sido arrastado pelo dono, de moto, até o CCZ. Lá ele foi diagnosticado com leishmaniose e a partir daí começou um apelo da comunidade pela não eutanásia chegando a ser discutido legalmente este posicionamento profissional cuja notícia se encontra abaixo. Entretanto não foi citado que tipo de leishmaniose o cão tinha. Por esta razão vamos repetir esta notícia quando falarmos em leishmaniose visceral uma vez que esta medida de eutanásia para cães com leishmaniose é orientada para ambos casos e que pode ser encontrada no link abaixo:

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/01/ong-pede-informacoes-sobre-cao-em-tratamento-contra-leishmaniose.html

A médica veterinária Maíra Kaziski Peixoto, nova presidente da ONG Abrigo dos Bichos, protocolou nesta sexta-feira (4) um ofício na Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) pedindo informações em até 24 horas sobre o paradeiro e estado de saúde do cão Scooby. O bicho ficou conhecido após ter sido amarrado em uma moto e arrastado pelo dono até o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

Logo após chegar ao centro, um exame atestou que o bicho tem leishmaniose. Na época, o órgão cogitou encaminhar o bicho para a eutanásia, conforme estabelecem normas do Ministério da Saúde.

Internautas fizeram campanha para que Scooby não fosse sacrificado. O mascote foi levado a uma clínica veterinária no dia 30 de julho de 2012, com autorização da prefeitura de Campo Grande, para que recebesse tratamento contra a doença.

No dia 19 de dezembro, o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho (PMDB) pediu que o cão fosse devolvido ao CCZ, onde passaria por exames comprovando a melhoria do estado de saúde e eficiência do tratamento contra a doença.

A assessoria do Abrigo dos Bichos informou que, após entregar o animal para o CCZ, a ONG não recebeu mais nenhuma informação sobre Scooby.

De acordo com diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Márcia Dal Fabbro, a ONG protocolou o pedido por volta das 15h30. Segundo ela, a resposta será encaminhada até a segunda-feira por meio de nota técnica.

Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região autoriza o tratamento da leishmaniose visceral em cães em todo o país. O pedido de liberação foi feito em ação movida pela ONG Abrigo dos Bichos, sediada em Campo Grande. A sentença suspende os efeitos da portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que proíbe a utilização de medicamentos de uso humano no tratamento de cães infectados pela doença. Ainda cabe recurso da decisão, que foi publicada no Diário da Justiça Federal da 3ª Região na última quarta-feira.

A decisão é da 4ª Turma do TRF 3ª Região, concedida pela maioria dos desembargadores no dia 16 de setembro de 2012, porém, só tem validade a partir da publicação do acórdão, o que foi feito apenas no dia 16 de janeiro de 2013 no site do Tribunal de Justiça em Mato Grosso do Sul cabendo lembrar que é válida para todo território Nacional,

A assessoria de imprensa do Mapa informou que não foi notificada oficialmente sobre a decisão judicial, e assim que isso ocorrer, técnicos do órgão irão discutir o assunto.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MS) informou que a decisão não muda as orientações do órgão, que é contra o tratamento da doença. "É preciso estabelecer que a portaria regulava a atuação dos órgãos de saúde pública com relação ao controle da doença. Até que haja o reconhecimento da comunidade científica sobre a cura da doença, ou o registro dessas drogas, que possibilitem a mudança de posicionamento do conselho federal, qualquer médico veterinário do estado que insistir em lançar mão do medicamento, estará transgredindo o código de ética.", diz o presidente do órgão, Eduardo Marcondes.

Scooby foi levado a uma clínica veterinária para receber tratamento contra a doença, com autorização da prefeitura de Campo Grande.

No ano passado, a veterinária Sibele Cação, então presidente do CRMV-MS, defendeu publicamente o tratamento contra a leishmaniose em cães e, por conta disso, foi destituída do cargo. Ela disse que, após cinco meses de tratamento, o vira-lata não tinha mais os sintomas da doença.





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