CRESCIMENTO POPULACIONAL
A
dinâmica populacional de ratos determina seu potencial como problema e
influencia a estratégia para seu controle. Em adição a este princípio geral a
condução das pesquisas em muitos aspectos do comportamento destes roedores tem
um suporte nas táticas de administração de campanhas.
Se em determinada área, a quantidade de alimento não é compatível com a
população residente, o excesso migra para novos habitats.
Muitas vezes o aumento da
morte de ratos jovens se deve, não a um excedente populacional, mas sim pelo
frio, uma vez que os ratos, até dois meses de idade, não tem controle sobre o
calor de seu corpo. (Urrego e Urueña, 1986).
Podemos dizer que as populações têm dois modos básicos de crescimento,
crescimento em J (exponencial) e crescimento em S ou sigmóide (logístico).
Estes dois tipos contrastantes podem se combinar ou se modificar
dependendo das peculiaridades dos organismos e do meio onde o crescimento é
observado.
O modelo de
crescimento exponencial descreve uma população que se multiplica por um fator
constante (r) durante intervalos de tempo constantes e cujo crescimento depende
do número de indivíduos que já existem na população.
O modelo de crescimento
exponencial se aplica a populações que crescem sob condições ideais, com
recursos ilimitados (sem qualquer ação limitante do ambiente).
Na natureza, o
crescimento exponencial é observado apenas durante um curto período de tempo ou
em condições especiais.
Na forma em J
(crescimento exponencial ou geométrico) a densidade aumenta rapidamente, de
forma livre onde o índice de crescimento r (o valor máximo de r é o
Potencial Biótico é o limite superior de N – crescimento máximo) é constante.
Pode se deter
bruscamente quando a densidade poderá permanecer neste nível por algum tempo
ou, como ocorre com frequência, se produz uma queda imediata pela ação de um
fator ambiental como falta de alimento, espaço ou pela presença de algum
predador ou fator climático como gelo, chuva ocasionando morte ou emigração.
Teoricamente o desenvolvimento de uma população que dispõe de recursos
alimentares ilimitados e de espaço igualmente ilimitado exprime-se por uma
curva exponencial, em J,
admitindo-se que o coeficiente de crescimento seja constante.
A
curva exponencial corresponde ao potencial biótico. O aumento do número dos
indivíduos, se nada houvesse para freá-lo, seria feito segundo uma progressão
geométrica. É esta potencia de expansão que corresponde à noção de
Potencial Biótico.
Quando uma população entre em um ambiente receptivo novo sua população é baixa e se denomina Início de Sucessão.
A quantidade de vestígios encontrados indica o estágio em que a sucessão se encontra. Poucos vestígios é indicativo de início de sucessão e momento de se usar raticidas pois a população é pequena, os indivíduos não estão muito preocupados com o que vão comer pois a oferta é grande e a competição pequena.
Alem disto ocupam
grandes nichos, há menor pressão ambiental, a resistência é menor, o stress é
menor fazendo com que o sistema hormonal não seja alterado.
Neste momento as
populações são mais permanentes não ocorrendo processos migratórios
seguidamente a não ser que a população atinja número muito elevado incompatível
com a quantidade de alimento oferecida.
Mais tarde a
população aumenta, aumentando a competição, o nível de stress, o sistema
hormonal é alterado, os nichos diminuem determinando mudanças comportamentais
indo em busca de novos ambientes de recepção – emigração.
Com o aumento
populacional aumenta o número de indivíduos em reprodução ocupando rapidamente
o habitat. São chamados “estrategistas r”, como o rato e o camundongo.
Nesta situação é
comum ocorrerem movimentos migratórios com o excedente populacional saindo do
habitat de refúgio à procura de novos ambientes reiniciando uma nova sucessão
neste novo ambiente - habitat de recepção.
Espécies ditas
estrategista r são aquelas que apresentam alta capacidade reprodutiva enquanto
que estrategistas k apresentam baixa capacidade reprodutiva.
A ratazana, o rato
de telhado e o camundongo são exemplos clássicos de estrategista r: Ninhada de
até 13 crias,tempo entre ninhadas 30-50 dias, maturidade sexual com 60
dias, podem entrar em cio a cada 4 ou 5 dias, podem acasalar 1 ou 2 dias depois
de parir e gestação de 21 dias. Um único casal pode gerar, em um ano 13.000
descendentes.
Já
o camundongo do bosque Apodemus sylvaticus, é exemplo de estrategista k:
ninhada de 4-7 filhotes de uma vês ou duas ( no máximo 4) por ano.
MODELO DE
CRESCIMENTO SIGMÓIDE OU LOGÍSTICO
Como
foi discutido anteriormente, em habitats continuamente favoráveis o crescimento
logístico de populações de ratos
exige contenção regular enquanto populações eruptivas requerem controle intermitente
para prevenir erupções. Em ambos os casos, o conhecimento da estrutura social
da população é provavelmente para facilitar a administração balanceada.
O
sistema social de populações de ratos pode ter um efeito inesperado na
tentativa de controle. Em sistemas polígeno, ele é geralmente assumido que a
fecundidade da população é limitada pelo número de fêmeas, desde que cada macho
possa cobrir muitas fêmeas.
A maioria dos ratos e
camundongos é pequena e extremamente fértil. O crescimento logístico requer condições favoráveis contínuas (i.e. alimento,
água e esconderijo adequados). Nestas circunstâncias, a população alcançará um
nível máximo determinado por fatores dependentes da densidade intraespecífico
tais como competição por alimento ou esconderijos.
Um
bom exemplo são as condições desfrutadas pelos ratos na palha deixada
pelo sistema de plantio direto. Aqui, a manutenção das condições favoráveis são
permanentes, seja no momento do plantio, pela disponibilidade de sementes; seja
no período de emergência, pela disponoibilidade da plântula; seja no período da
frutificação, pela disponibilidade direta do produto; seja no momento da
colheita, pela disponibilidade dos resíduos ou seja no momento de entre safra,
pela disponibilidade da palha. Em todos estes momentos teremos oferta de comida
e abrigo.
Assim,
a tomada de decisão é fundamental no manejo do ambiente, aliado ao uso de
rodenticidas. Lembrando sempre, que o manejo ambiental só deve ser executado
após termos obtidos a redução populacional.
Na forma sigmoide a
população aumenta primeiro lentamente (fase de estabelecimento ou crescimento
positivo) para depois crescer mais rapidamente (aproximando-se de uma fase
exponencial) até um máximo suportado por este ambiente.
Posteriormente vai decrescendo gradualmente à medida em que a resistência ambiental aumenta (fase de aceleração negativa) seja em relação ao alimento, espaço, competição, etc. (fatores dependentes da densidade) até que se alcance um nível mais ou menos equilibrado.
Este nível máximo é
chamado de Carga Biótica Máxima (assíntota K).
RESISTÊNCIA
AMBIENTAL
Ou seja, em
determinado momento em que uma população tem crescimento exponencial pode, em
outro, passar a ter um crescimento logístico se equilibrando com o meio.
Gerenciamento
de Sinantrópicos se baseia exatamente no conceito de Resistência Ambiental procurando
quais fatores ambientais podem ser usados para reduzir o nível populacional da
espécie alvo.
Procuramos fazer a
população atingir o nível de equilíbrio mais baixo possível e para isto a
pressão ambiental tem que ocorrer mais cedo e mais intensamente.
O que observamos é
que toda população quando entra em um novo ambiente (habitat de recepção) ela
começa a crescer numa exponencial cujo tempo vai depender de fatores
dependentes e independentes da densidade.
A partir de um
determinado momento dois fatos podem ocorrer:
- A população declina rapidamente pela falta inesperada e rápida de
alimento e esta falta é prolongada – crescimento eruptivo.
2.
Fatores ambientais dependentes e independentes da densidade (mudanças
climáticas, redução na oferta de alimentos, desratização, etc.) começam a
ocorrer e a população começa a sofrer a resistência ambiental entrando num
crescimento sigmoide.
POTENCIAL BIÓTICO
Quando o meio não está limitado (isto é, o espaço, alimento, predação,
parasitas não exercem um efeito limitativo) o índice de crescimento específico
(i.e. o índice de crescimento da população por indivíduo) se faz constante e
máximo segundo uma progressão geométrica nas condições microclimáticas existentes
e corresponde à noção de potencial biótico de Chapman, 1930 que se exprime por
uma curva exponencial.
A capacidade de
crescimento é chamado de r e depende da composição de idade em função da
capacidade reprodutora - da faixa etária. Assim haverão vários valores de r
para cada população segundo a estrutura desta.
O valor máximo de r
é o Potencial Biótico e este é freado através da Resistência Ambiental.
O valor de r só é
constante em condições controladas pois na natureza as coisas não são bem
assim, não é constante pois a fecundidade e mortalidade variam com as condições
do meio, a idade dos animais e o alimento e o espaço não existem em quantidades
ilimitadas.
Alguns
ambientes favorecem espécies a procriar esplosivamente. Em ambientes
imprevisíveis, tais como árvores frutíferas, o suprimento de fonte pode exceder
a demanda, do mesmo modo os sobreviventes de um período rigoroso acha-se em uma
região de abundância com melhores condições. Semelhantemente, em um ambiente
efêmero os primeiros imigrantes estão livres da escassez.
Este
tipo de ambiente é chamado seleção-r, e espécies que seguem este tipo são
denominadas seleção-r por evolução (o nome, r, vem da equação logística a qual
descreve o potencial de aumento populacional). Roedores tais como ratos e
camundongos são estrategistas-r, com taxa reprodutiva explosiva, ou, no mínimo,
intermitente, alta densidade populacional mas frequentemente pobre
sobrevivência individual.
Em contrate, animais em um ambiente estável ou de sazonalidade previsível
utilizam todos os recantos do ambiente. Nestas circunstâncias o suprimento e a
demanda serão contrabalanceados e a população será limitada pela
disponibilidade de alimento ou outro recurso. A única maneira de ter uma
relativa prosperidade em relação aos competidores é ter uma grande área segura
de recursos alimentares disponíveis, e isto coloca como um prémio aos
indivíduos de grande habilidade. Sobre estas circunstâncias, a ênfase é na
qualidade e não na quantidade.
Os
pais terão mais descendentes com segurança se eles investirem pesadamente na
proteção de seus filhotes até estarem preparados para entrarem no processo
competitivo. Da mesma forma, os jovens estão muito dependentes de seus pais na
habilidade competitiva deles, assim, os pais sobre estas circunstâncias deverão
investir pesadamente em sua própria capacidade competitiva.
Tais
espécies são ditas serem seleção-K ( onde K se refere à capacidade de ocupar o
ambiente, também na equação logística). A seleção-K estimula o sucesso
individual sobre condições onde os indivíduos estão vivendo em uma população
com capacidade de ocupar todo o ambiente.
Em
ambos os casos a recompensa - maior sucesso na vida reprodutiva - são a mesma,
mas as táticas para a competição são diferentes para diferentes circunstâncias.
Sobre a circunstância de explosão (seleção-r) enfrentadas por lemmingues,
p.ex., é crucial produzir filhotes hoje no caso de não haver o amanhã, assim é
vantagem procriar bastante antes que os jovens sejam levados à morte prematura
diminuindo a possibilidade de vida. Tamanho pequeno pode significar produção em
massa, favorecendo muitos jovens não desenvolvidos sobre os menos precoces.
Tamanho
pequeno de corpo demanda uma alta taxa metabólica para compensar uma superfície
volumétrica desfavorável. Uma alta taxa metabólica resulta em crescimento
rápido e reprodução acelerada. Alguns roedores tem um metabolismo mais rápido
do que se poderia prever em relação a seu tamanho, aparentemente uma adaptação
a um estilo de vida seleção-r.
A distinção entre r - K é
somente uma: uma ratazana é seleção-r em relação à capivara, mas é seleção-K em
relação a pequenos roedores do campo. Os ratos urbanos tendem a ser seleção-r.
A maioria dos ratos rbanos são pequenos e extremamente férteis.
Muitas
espécies se tornam sexualmente maduras aos 2 ou 3 meses de vida e as fêmeas
produzem ninhadas de 6 ou 7 jovens após um curto período gestacional de 2 - 3
semanas. Desta forma, as fêmeas são capazes de serem cobertas após o parto, se
tornando prenhas imediatamente após parir, e assim outra ninhada é produzida
tão logo a anterior seja desmamada.
O crescimento logístico requer
condições favoráveis contínuas (i.e. alimento, água e esconderijo adequados).
Nestas circunstâncias, a população alcançará um nível máximo determinado por
fatores dependentes da densidade intraespecífico tais como competição por
alimento ou esconderijos. Um bom exemplo são as condições estáveis desfrutada
pelo rato de telhado da Malásia Rattus
tiomanicus na plantação de palmáceas no Sudoeste da
Asia.
Crescimento eruptivo segue um
padrão semelhante ao logístico, com uma partida lenta e acelerando rapidamente
entrando numa fase exponencial, mas ao invés de se aproximar de uma assíntota a
população de repente cai. Este tipo de crescimento é característico de
condições favoráveis instáveis ou descontínuas.
Por
exemplo um movimentado ambiente tal como chuvas abaixo da média pode aumentar o
período e área sobre a qual aumenta a disponibilidade de comida e abrigo,
iniciando com um aumento tanto na duração da estação de produção como na
sobrevivência de indivíduos para a próxima estação.
A
população de ratos explode e o excedente sai de seu habitat de refúgio e entra
em uma área anteriormente desfavorável (habitat de recepção). A queda se inicia
quando alimento insuficiente está
disponível na estação seguinte para suportar os colonizadores no habitat de
recepção e a população rapidamente reverte para um nível que possa ser
suportado pelo refúgio. Exemplos de tais crescimentos são as pragas de Microtus
arvalis na Europa e Microtus pennsylvanicus nos USA e
Mus domesticus na Australia.
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Onde o crescimento logístico
ocorre, medidas de controle (química, mecânica ou ecológica) devem ser mantidos
pelo tempo da cultura, mercadorias ou prédios que devem ser protegidos. Isto
porque a existência deste tipo de crescimento indica que as condições são
continuamente favoráveis para a peste e deve ser regularmente modificada para
torna-la desfavorável.
O
objetivo é modificar o ambiente de forma que o dano causado seja economicamente
insignificante. Um exemplo pode ser a remoção das palmáceas cortadas das
plantações durante a colheita, resultando em uma violenta queda nos abrigos do Rattus tiomanicus. Infelizmente neste
caso e em muitos outros este tipo de intervenção pré-vazio é economicamente
menos viável do que confiar em rodenticidas químicos.
O
controle de explosão populacional de ratos requer diferentes estratagemas, visto
que os danos ocorrem no tempo de alta população, a manutenção de um controle preventivo
deverá ter alta mortalidade a menos que a irupção seja frustrada (p.ex. pela
manipulação do habitat).
Assim o controle de focos iruptivos de ratos para prevenir surtos deverá ser com raticidas para cortar o foco no início e para prevenir aumento da população.
(1) os predadores não tem o efeito de frear uma
população de presas em expansão, e
(2) seu principal impacto é adiar a recuperação
das presas mantendo-a em um nível mais baixo do que poderiam alcançar de outro
modo.
As
pessoas estão entre os predadores que podem diminuir os ciclos populacionais de
ratos, mas forças socioeconômicas estão diminuindo este efeito em algumas
comunidades. No Marrocos, Meriones shawi, são roedores reservatórios do
protozoário causador da leishmaniose cutânea. Estes são tradicionalmente
controlados por camponeses, mas com a morte de pessoas de comunidades rurais
este controle foi relaxado. Consequentemente populações de M. shawi no
Marrocos tende a explodir aumentando a prevalência de leishmaniose.
Na
Tunisia o principal reservatório de leishmaniose cutânea é o rato do deserto Psammomys
obesus, que tem uma adaptação bem acentuada a se alimentar quase que
exclusivamente de folhas de plantas da família Chenopodiacea. Estas folhas são
baixa em energia e alta em eletrólitos, assim, para maximizar sua ingestão de
água os ratos raspam sua epiderme seca antes de ingeri-la.
A
carne moida de camundongos no equipamento de fenação pode explicar como os
cavalos ficaram infectados com triquinose, um parasita nematóide que é
normalmente transmitido de rato para rato e ocasionalmente é encontrado em seus
predadores.
Outra
consequencia da alta taxa reprodutiva de ratos sobre condições favoráveis é o
aumento de modificações nas gerações e o rápido desenvolvimento de resistência
fisiológica aos raticidas anticoagulantes que este gerou. Na verdade,
populações de ratos e camundongos na Inglaterra podem também ter desenvolvido
uma resistência comportamental a raticidas após décadas de pressão seletiva no
rápido crescimento populacional.
A
dinâmica populacional de ratos determina seu potencial como problema sanitário
e econômico e influencia a estratégia para seu controle. Em adição a este
princípio geral a condução das pesquisas em muitos aspectos do comportamento de
ratos tem um suporte nas táticas de administração de campanhas.
Teoricamente
o desenvolvimento de uma população que dispõe de recursos alimentares
ilimitados e de espaço igualmente ilimitado exprime-se por uma curva
exponencial, em J, admitindo-se que o coeficiente de crescimento r seja
constante, estrategistas-r.
A
curva exponencial corresponde ao potencial biótico. O aumento do número dos
indivíduos, se nada houvesse para frea-lo, seria feito segundo uma progressão
geométrica.
É
esta potencia de expansão que corresponde à noção de Potencial Biótico. É
preciso por conseguinte opor à taxa de crescimento potencial a taxa de
crescimento real de uma população.
É
evidente que na natureza as coisas não se passam assim. Primeiramente, o
coeficiente r não é geralmente constante, a fecundidade e a mortalidade variam
com as condições do meio e a idade dos animais e por fim o alimento e o espaço
não existem nunca em quantidade ilimitada.
O
matemático francês Verhulst (1845) lançou a hipótese de que o crescimento das
populações humanas é representado por uma curva em forma de S, chamada curva
logística. Esta curva evidencia a existência de uma densidade máxima de
população.
Foi
redescoberta por Pearl (1925), que a aplicou ao crescimento de todas as populações
animais que dispõem de recursos alimentícios em quantidade fixa mas renovável,
é evidente que no caso de recursos alimentícios não renováveis a densidade da
população, depois de haver atingido o máximo, declinará e acabará por se
anular.
FATORES
DEPENDENTES E INDEPENDENTES DA DENSIDADE
Smith
(1935) retomando e executando com maior exatidão, particularmente os trabalhos
de Howard e Fisk (1911) e os de Thompson (1928), adota uma classificação em
fatores independentes e dependentes da densidade. Os primeiros atuam sobre as
populações provocando a destruição de uma percentagem constante de indivíduos,
qualquer que seja o número destes. Os segundo destroem uma percentagem de
indivíduos que aumenta com a densidade.
Allee
(1941) subdivide a categoria dos fatores dependentes da densidade em
diretamente dependentes que provocam o aumento da mortalidade quando a
densidade aumenta e em fatores inversamente dependentes, que fazem diminuir a
mortalidade quando a densidade aumenta.
Visto
por este ângulo os fatores independentes são sobretudo os de órdem climática.
Uma onda de frio matará uma percentagem da população que não é função de sua
densidade. Os fatores dependentes são sobrertudo bióticos: competição, predação
e o parasitismo exercem efeitos que são função de sua densidade.
FATORES
DEPENDENTES
Os chamados fatores
dependentes da densidade são aqueles que impedem o crescimento populacional
excessivo, devido ao grande número de indivíduos existentes em uma dada
população: as disputas por espaço, alimento, parceiro sexual, esconderijo,
nidificação, acabam levando à diminuição da taxa reprodutiva e ao aumento da
taxa de mortalidade.
Entretanto
isto não acontece linearmente, ou seja, em toda e qualquer situação. Existe uma
série de outras variáveis que interferem neste conceito que depende da
população considerada.
Estes fatores
atuam mais fortemente nas populações com baixa vagilidade e valencia ecologica
e consequente dificuldade em conseguir alimento e espaço, presenca de
predadores, dificuldade de esconderijo, isolamento geográfico, etc.
Quando uma
população cresce em tamanho, pode esgotar as reservas de alimentos, aumentando
a competição entre os membros mais antigos da população e provocando uma alta
taxa de mortalidade.
Os
Fatores dependentes da densidade podem agir sobre a taxa de crescimento de
diferentes maneiras:
A TAXA DE CRESCIMENTO PODE DIMINUIR QUANDO A
DENSIDADE AUMENTA.
Estes fatores podem agir sobre a taxa de
crescimento de uma população de tres maneiras diferentes:
1)
A taxa de crescimento pode diminuir quando a densidade aumenta. Este caso
parece muito geral e permite explicar a relativa estabilidade das populações
animais. Christian (1961) mostrou que quando o número de ratos aumenta
excessivamente nas gaiolas de criação onde o alimento é dado à vontade, os
filhotes morrem nas vias genitais da mãe.
Strecker
e Emlem (1953) descreveram, igualmente no rato, um fenômeno de involução dos
órgãos genitais da fêmea em indivíduos que vivem nas gaiolas superpovoadas.
Este processo de
controle populacional ocorre em diferentes espécies animais. Se colocarmos
um único casal de moscas em um frasco com um suprimento fixo de alimentos,
haverá um aumento muito grande na população de descendentes, mas apenas no
início, pois logo atingirão o limite.
Isso ocorre
porque há uma grande competição por alimento entre as larvas, causando uma
grande mortalidade em populações muito numerosas. Em populações muito densas,
também há uma redução da duração da vida adulta.
Vale lembrar que
estas situações acima foram a nível de experimento em área confinada o que não
acontece no sistema natural uma vez que o espaço é ilimitado e nos casos de
superpopulação o excedente procura outros espaços voluntariamente ou por força
da competição.
2)
Por vezes a taxa de crescimento permanece aproximadamente constante até a
população atingir uma grande densidade, depois diminui bruscamente. Este fato
encontra-se nas espécies que apresentam violentas flutuações como os lemingues.
3)
Finalmente a taxa de crescimento pode apresentar um máximo para valores médios
da densidade. Assim, em algumas aves, como as gaivotas o número de filhotes por
casal aumenta com a densidade das aves da colônia, decrescendo depois, logo em
seguida a ter passado por um máximo.
A
influência da densidade sobre a taxa de crescimento da população pode ter um
efeito de retardamento. Após a eliminação de predadores populações crescem
rapidamente até a capacidade limite do meio ser alcançada e os animais morrerem
de fome, demorando para se recuperar.
Os
principais fatores dependentes da densidade são a competição, predação,
parasitismo, alimentação e doenças.
FATORES
INDEPENDENTES
Muitos
autores se recusam a atribuir aos fatores independentes da densidade um papel
na regulação das populações. Esta posição parece-nos exagerada porque não leva
em conta os resultados obtidos nos estudos auto-ecológicos, resultados que
mostram a ação da temperatura, iluminação, etc sobre a duração da vida,
fecundidade e muitas outras características dos animais.
O
que se pode dizer é que a ação dos fatores climáticos é mais intensa nos
pecilotermos que nos homotermos, em função de mecanismos fisiológicos que os
tornam relativamente independentes do meio exterior.
Outras
não são autolimitantes, mas tendem a crescer em proporção geométrica a menos ou
até que sejam freadas por forças exteriores à população (isto é, limitações
provenientes de outras populações ou do ecossistema em geral); tais populações
podem exaurir suas próprias fontes de energia e as do habitat.
Seu
crescimento populacional pode ser dito como sendo independente da densidade,
pelo menos até que a densidade se torne muito grande. Quando fracamente
reguladas por fatores exteriores à população, estas espécies são sujeitas a
grandes oscilações na densidade e podem se tornar problema.
Ainda
há um terceiro tipo de relação entre a densidade e a taxa de crescimento. Em
algumas espécies a taxa de reprodução é maior em densidades intermediárias do
que na densidade baixa ou alta; em outras palavras, tanto a falta como o
excesso são limitantes. Este padrão é chamado Tipo de crescimento de Allee.. Ou
seja, a taxa de crescimento por indivíduos é primeiro diretamente dependente da
densidade e depois inversamente, com um ótimo na densidade intermediária.
CRESCIMENTO ERUPTIVO
Crescimento
eruptivo segue um padrão semelhante
ao logístico, com uma partida lenta e acelerando rapidamente entrando numa fase
exponencial, mas ao invés de se aproximar de uma assíntota a população de
repente cai. Esta queda não significa morte, mas redução populacional por
movimentos de emigração, por exemplo. Este tipo de crescimento é característico
de condições que variam de favoráveis a desfavoráveis sistematicamente.
Por
exemplo, nas épocas de colheita onde os armazéns ficam cheios de alimento por
um determinado período. Neste momento há uma imigração para estes locais,
aumentando significativamente a população local. Entretanto, esta fartura irá,
em determinado momento, diminuir, o que resultará na redução populacional por
movimentos emigratórios, saindo de seu habitat de refúgio para novos habitats
chamados de habitat de recepção, onde haja alimento suficiente para
estes.
Estes
movimentos também são percebidos quando, nos habitats de refúgio há um
excedente populacional para o alimento existente. O excesso de ratos emigra
para novos habitats de recepção.
O
controle de explosão populacional de ratos e camundongos requer diferentes
estratagemas. Visto que os danos são confinados no tempo, a manutenção de um
controle profilático deverá ser permanente, a menos que a irupção seja
frustrada (p.ex. pela manipulação do habitat, modificações na forma de
armazenamento ou de proteção dos armazéns para se evitar a entrada de ratos).