sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

RATOS HISTÓRICO, SINANTROPIA, RESERVATÓRIO PARTE 1


RATOS!!!!!!!   RATOS??????

 PARTE 1
                                                                           HISTÓRICO

Como todos sabem, vacas são sagradas para os indianos. A novidade para nós é que alguns deles cultuam ratos como deuses e acreditam serem estes a reencarnação de humanos, em um estágio
prévio de volta à terra, como gente novamente.
 
 Essa prática acontece na cidade de Bikaner em Nova Delhi, região do Rajasthan, norte da Índia. Lá, existe o templo de Mata Karni e nele os indianos cultuam a deusa Durga. Estima-se que no templo vivam mais de 25 mil ratos soltos e que dividem espaço e comida com humanos que também moram lá. O Templo de Karni Mata, existente há 600 anos, na cidade de Deshnok,  no Rajastão (maior estado da Índia), é conhecido como o "Templo dos Ratos"  e é um tradicional local de peregrinação religiosa entre os hindus.


 
 Até na Bíblia os ratos mereceram citação. Em algumas passagens, escritas há 3 000 anos, eles são classificados como “impuros”. Os homens tementes a Deus deveriam manter distância deles.

Também eram usados, no Oriente, pelos primitivos sacerdotes chineses para fazerem previsões.

No Japão, o camundongo do folclore de Sagas era um ser sábio, mensageiro e símbolo do deus das riquezas, DaiKoku.

 

Na Palestina o ódio tradicional pelos camundongos se descreve nos mandamentos dos hebreus, anotado no Levítico.

No velho testamento se descreve uma praga de camundongos e ratos em 2.000 AC, precedido por enfermidades intestinais. Na Europa, os cristãos associavam ratos e camundongos com bruxas e feiticeiras devido à atitude de rejeição assumida pela igreja contra os roedores desde o antigo testamento.
 
Associação de humanos com roedores comensais é muito antiga: esqueletos de roedores do gênero Mus e Rattus foram encontrados no Pleistoceno médio (2,5 a 1 milhão de anos atrás), junto a restos de alimentos usados pelos habitantes humanos.

 
O QUE SÃO SINANTRÓPICOS

Porque algumas empresas de desinsetização e/ou desratização continuam insistindo que realizam combate às pragas? Porque alguns instrumentos legais como a RDC 52 que normatiza o funcionamento destas empresa usa esta terminologia e pior, faz referência a várias formas incorretas quanto às ações destas empresas?

A palavra praga é mais bem definida no campo da agricultura. Ou seja, quando é que um inseto, ou fase de sua evolução (lagarta) passa a ser denominada praga?
        
Determinado inseto, como por exemplo a lagarta do cartucho Spodoptera spp passa a ser uma praga e consequentemente, exige-se o início de controle, quando esta atinge determinada densidade populacional passando a causar prejuízo econômico, por exemplo, 10 lagartas pequenas/m2 em uma determinada cultura.


Usando a conceituação do Prof. Dr. Bráulio Santos da Universidade Federal do Paraná em seu trabalho Pragas das Plantas Cultivadas – A origem e a importância dos insetos como pragas das plantas cultivadas; podemos dizer que o conceito de praga está baseado em sua densidade populacional. Dependendo de seu volume inicia-se ou não seu controle, cuja continuidade dependerá de levantamentos populacionais sistemáticos observando o momento certo de se usar produtos químicos ou interrompe-los.

Praga agrícola ou florestal compreende uma população de organismos capazes de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos. O dano pode afetar o rendimento do produto ou sua qualidade, através do consumo direto dos tecidos ou órgãos da planta, frutos ou sementes, sucção de seiva, transmissão de doenças, competição por espaço e por nutrientes.

Ou seja, o uso de agrotóxicos ou produto fitossanitário como querem alguns, e consequentemente o combate às pragas tem também um viés econômico onde se avalia o nível de infestação a fim de se avaliar o custo operacional da aplicação de um agrotóxico. Muitas vezes não se justifica, pois o dano pela presença da praga é muito menor que o uso de produtos químicos, isto também inviabilizaria o comércio do produto com lucratividade.

 Apenas quando a densidade populacional atinge determinada população, é que eles irão consumir uma quantidade de alimento que produzirá um prejuízo para a planta explorada pelo homem e justificaria o uso de agrotóxicos.

 

Ainda é comum no meio agronômico observar alguma confusão na conceituação dos organismos que causam danos econômicos às plantas, no entanto a matéria já foi harmonizada pela Convenção Internacional de Proteção Vegetal (CIPV) e aprovada pela 29º Sessão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO, realizada em Novembro de 1997, a qual definiu o termo praga como: "Qualquer espécie, variedade ou biótipo de vegetal, animal ou agente patogênico prejudicial aos vegetais ou aos produtos vegetais"

Diferentemente do campo agrícola, em Saúde Pública o uso de inseticidas e/ou raticidas não está na dependência da densidade populacional do inseto ou rato, mas sim na sua presença ou não.

Quando realizamos um programa para combater insetos e/ou ratos não procuramos uma justificativa econômica, mas sim o risco de ocasionar um dano, agravo à saúde.

Se encontrarmos uma única barata em um buffet será suficiente para reclamarmos ao proprietário ou exigirmos providências da vigilância sanitária.

Se alguém for picado pela aranha marrom, Loxosceles spp, iremos levá-lo ao médico e solicitarmos o trabalho de uma desinsetizadora.

Uma indústria de alimentos não vai nem esperar que surja um rato para contratar uma empresa profissional, na realidade ela a contrata para que não apareça nenhum. O mesmo acontece em um hospital, um frigorífico, um restaurante.

Esta é uma característica da Saúde Pública, o trabalho preventivo, pois ao se combater um vetor e/ou reservatório estamos impedindo que este possa vir a transmitir alguma doença: leptospirose, hantavirose, dengue, oncocercose, febre amarela, leishmaniose, malária, zika, Chikungunya, doença de chagas, febre maculosa e tantas outras.

Assim, precisamos usar um termo que melhor defina estes agentes de forma mais específica. Neste sentido seria mais correto usarmos o termo sinantrópico que significa aqueles animais que convivem com o homem independentemente de sua vontade, mas encontrando aí tudo o que necessita para se desenvolver.

Diferentemente de animais domésticos que convivem com o homem por sua própria vontade, seja como alimento, lazer, companhia ou mesmo transporte.

Sinantropia (do grego: syn-, "junto" + anthro, "humano") é a designação dada em ecologia à relação de comensalismo estabelecida pelas espécies animais e vegetais que se instalam nos povoamentos humanos beneficiando-se das condições ecológicas criadas pela atividade humana no processo de urbanização do meio rural, florestal ou natural resultando na capacidade dessas espécies de flora e fauna para habitar em ecossistemas antropizados, adaptando-se a essas condições independentemente da vontade do homem.


A transformação de ambientes naturais em áreas urbanas e rurais modifica a flora e a fauna. A maioria das espécies nativas é extinta, mas algumas se adaptam , passando a se beneficiar do material orgânico acumulado nessas áreas por ação antrópica.

Essa dependência é chamada de sinantropia, e pode-se calcular o índice sinantrópico.

O índice de sinantropia foi um cálculo sugerido por Nuorteva, em 1963, na Finlândia que determina o grau de comportamento sinantrópico que uma espécie apresenta.

O cálculo baseia-se na comparação de coletas, por exemplo, de moscas feitas na cidade, na zona rural e na zona das florestas e foi realizado através da fórmula proposta por Nuorteva (1963), que é a seguinte:
 

a = Representa a percentagem de determinada espécie capturada na área urbana;
b = representa a percentagem desta mesma espécie capturada na área rural;
c = representa a percentagem desta mesma espécie capturada na área de mata

O IS varia de +100 a -100: valores positivos indicam alto grau de sinantropia e negativos revelam intolerância às alterações ecológicas decorrentes da urbanização, aversão ao ambiente humano, em graus variáveis até o limite de – 100.

 

  Ex. Musca domestica

Do resultado estabelece-se que a Mosca domestica é altamente sinantrópica.




 

A principal diferença entre os sinantrópicos e os animais domésticos (gatos, cães, galinhas, vacas etc.), é que estes são criados em benefício do homem, servindo como companhia, produção de alimentos, entre outros.

Já os sinantrópicos são indesejáveis, por poderem transmitir doenças, inutilizar ou destruir alimentos, ou sujar as residências. Entre eles estão ratos, pombos, baratas, mosquitos, entre outros.

Os animais sinantrópicos, como todo ser vivo, necessitam de três fatores para sua sobrevivência: água, alimento e abrigo. Alguns animais, como o morcego, onde alguns são grandes polinizadores naturais, podem adquirir a condição de sinantrópico, utilizando telhados e cantos escuros das casas como abrigo, quando seus ambientes naturais são destruídos.

Cabe lembrar que sob o ponto de vista de sinantrópicos e consequentemente responsáveis por agravos à saúde, morcegos e ombos podem transmitir histoplasmose, ornitose, criptococose através de suas fezes.

Serpentes, aranhas, escorpiões e outros também acabam se aproximando das casas quando se alteram os ecossistemas ou se penetra nestes, mas é importante lembrar que os humanos é que estão de fato se aproximando das "casas" destes animais.


O sinantropismo parte do princípio que estes animais, mesmo sendo silvestres, ao se aproximarem das residências por destruição de seu habitat natural, passam a conviver conosco e assim passam a ser sinantropicos, pois podem causar danos à aúde.

Assim sendo animais silvestres podem se tornanr sinantrópicos, mas podem retornar à sua vida silvestre e assim deixam de ser sinantrópicos.

As espécies que exibem comportamento sinantrópico são em geral divididas em duas grandes categorias de sinantropia:

Eussinantropia (ou sinantropia obrigatória) — considera-se que uma espécie é eussinantrópica quando a sua ocorrência e reprodução estão limitadas, pelo menos dentro de uma determinada região climática, à sua associação com os seres humanos.

Os animais eussinantrópicos podem ser considerados:

Exófilos - permanecem do lado externo das residências;

Endófilos - visitam regularmente as residências.

Hemissinantropia (ou sinantropia facultativa) — as espécies hemissinantrópicas são encontradas preferencialmente associadas à presença humana, onde estas espécies encontram condições de vida ideais, mas ocorrem em menor grau fora dos povoamentos humanos, como por exemplo, em ambientes rurais.

Os animais que possuem pouca ou nenhuma afinidade com ambientes habitados são chamados de Assinantropicos.

Utilizando a fórmula para identificar o índice de sinantropia temos:


ÍNDICE DE SINANTROPIA
VALORES LIMITES
CLASSIFICAÇÃO
Alta preferência por áreas densamente povoadas
+ 100 a + 90
Sinantrópicos
Alta preferência por áreas habitadas
+ 90 a + 65
Preferência por áreas habitadas
+ 65 a + 20
Independência por áreas habitadas
+ 20 a 0
Hemissinantrópicos
Preferência por áreas desabitadas
0 a – 40
Assinantrópicos
Aversão por áreas habitadas
- 40 a - 100

 Então a denominação mais correta é Sinantrópicos e não Pragas. Esta é a terminologia mais adequada quando nos referimos a insetos e ratos que convivem conosco.

Denominação esta que vem dia a dia participando de diferentes instrumentos legais como, por exemplo:

Instrução Normativa nº 109 de 03 de agosto de 2006 do IBAMA que regulamenta o manejo e controle da fauna sinantrópica nociva.

Resolução RDC nº 326, de 09 de novembro de 2005 Repelentes - são formulações destinadas a repelir animais indesejáveis (sinantrópicos). 

Instrução Normativa nº 141 , de 19 de dezembro de 2006 que revoga a IN 109 Regulamenta o controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva.

NBR 15.584/2008 que trata da gestão de qualidade para a aplicação da ABNT NBR ISSO 9001:2000 para certificação de desinsetizadoras algumas vezes usa o termo sinantrópicos e outras usam o termo pragas.

Na maioria das vezes o sinantrópico a ser controlado já não faz mais parte de um sistema ecológico equilibrado e o conseqüente aumento populacional não tem nada a ver com desequilíbrio ambiental no sentido pleno de ecossistema.

O sistema ao qual passam a depender e participar é o meio humano, o antropossistema. O ambiente criado pelo homem para suprir suas necessidades e exigências não tendo absolutamente nada a ver com um ecossistema tradicional, é um novo ecossistema com relações muito especificas.

Este ambiente inicia quando o homem passou a usar pele de animais, o fogo, cavernas e deixando de ser nômade para ser sedentário. São momentos de mudança cultural e comportamental que passaram a trazer para mais próximo do homem insetos e ratos encontrando aí abrigo do clima e dos predadores; alimento; melhores condições de manter sua biologia; esconderijo. E nunca mais nos largaram.


 
Começa uma maior intimidade destes com o homem criando-se assim uma nova identidade para eles – animais sinantrópicos.

O ambiente humano cria todas as condições propícias ao crescimento da população sinantrópica, basicamente alimento, abrigo e clima e suas populações aumentam cada vez mais como também por trazerem consigo novas patologias, ressurgimento de antigas e um maior número de agravos.

Esta relação com o homem é uma via de mão dupla. É o homem trazendo consigo condições de subsistência para estes sinantrópicos como entrando em seu ambiente com as conseqüências desta invasão.

Este é o outro lado da questão.

Não é o ambiente onde o homem vive criando as condições para o sinantrópico e consequente aumento populacional. É a entrada do homem em ambientes equilibrados desestruturando-o e se aproximando de insetos e reservatórios existentes neste ambiente dentro de um equilíbrio natural, fazendo parte de uma nova relação entre diferentes espécies.

É o caso de algumas doenças causadas por vetores e reservatórios que pelo fato do homem se deslocar para áreas florestais através de caminhadas, acampamentos, hotéis fazenda, restaurantes rurais, fazendas, sítios e outros acabam criando novos ciclos epidemiológicos.



Quando falamos em controle populacional devemos ter em mente estas duas situações para que tenhamos o cuidado de desenvolver metodologias gerenciais específicas para ambas as situações. Ou seja, os vetores e/ou reservatórios são os mesmos, mas os ambientes são diferentes e seu combate está na dependência do conhecimento das adaptações entre estes e seu ambiente.

Cabe aqui fazer uma referência à RDC 52 que normatiza o funcionamento das desinsetizadoras.

Este instrumentos legal define no do item VII que pragas urbanas são animais que infestam ambientes urbanos e no XI em que saneantes desinfestantes são produtos registrados na Anvisa, destinados à desinfestação de ambientes urbanos. 

Em seu Art. 4°, itens III e IV define que as desinsetizadoras prestam serviços de controle de vetores e pragas urbanas e que pragas urbanas são animais que infestam ambientes urbanos.

O item XI define que as desinsetizadoras só podem usar saneantes desinfestantes registrados na ANVISA destinados à desinfestação de ambientes urbanos.

Existem pragas urbanas e rurais? Ou melhor, existem sinantrópicos urbanos e rurais?

A barata que encontramos em um restaurante de São Paulo, a mosca encontrada em um apartamento na Vieira Souto no Rio de Janeiro e o rato encontrado em um hospital em Porto Alegre, são os mesmos encontrados em uma granja de suínos, em uma unidade armazenadora ou em um tambo de leite.

 

As baratas, pulgas, ratos, moscas, mosquitos que existem numa granja de suínos, em um aviário, em um frigorífico, em uma unidade armazenadora, nas residências dos produtores, nos escritórios das empresas do frigorífico ou da fábrica de ração, em um hotel fazenda, em um restaurante colonial, ecoturismo são os mesmos que encontramos nas cidades: no mercado público, em um condomínio, dentro das residências dos citadinos, dos escritórios, dos logradouros públicos, dos restaurantes da cidade.

 
Quando falamos em sinantrópicos não podemos fazer esta distinção de urbano e rural.

Levando em conta as definições da RDC então que raticidas iremos usar nas residências, indústrias e outros da área rural?

E quando uma desratizadora for contratada para realizar o controle em um frigorífico, uma unidade armazenadora, uma granja de suínos, em um galpão de frangos e nas residências destes produtores ou nos escritórios da empresa?

Legalmente não poderá fazer, pois o instrumento regulador de sua atividade profissional diz que ela realiza atividade urbana.

Agora virou moda usar o termo Manejo Integrado de Pragas ou Controle Integrado de Pragas. Tradução errada e acabou virando moda. Vamos dar uma olhada nesta questão.

Ao final da década de 50, professores da Universidade da Califórnia publicaram um trabalho sobre o conceito de Integrated Pest Control, que se transformou num marco da Entomologia Aplicada.

 Os autores propuseram uma estratégia de convivência com as “pragas”, dando oportunidade ao controle biológico natural e recomendando o controle químico quando a população da praga atingisse níveis que causassem prejuízos maiores do que  os custos de controle.

O IPC ou CIP tinha a ver com a participação do controle biológico natural das pragas agrícolas, fato que não ocorre nos procedimentos de desinsetização. Logo não é um conceito aplicável à desinsetização e muito menos à desratização na medida em que o combate biológico não é usado nos ambientes onde se encontram os sinantrópicos. Não quer dizer que não se possa, é possível em algumas situações, por exemplo o uso do Bti no combate ao borrachudo e mosquitos.

Mas esta era a ideia dentro da conceituação de CIP, usar o controle químico dentro de uma forma mais racional permitindo que o controle biológico se mantivesse. Da mesma forma que o uso de ferramentas como rotação de culturas. Isto é o CIP – Controle Integrado de Pragas.

 

O conceito de Integrated  Pest Management surgiu logo após, onde pesquisadores australianos propuseram uma estratégia alicerçada em conhecimentos ecológicos, econômicos e sociais, visando interferir o mínimo possível no agroecossistema.

A proposta da Califórnia preconizava a soma racional do controle biológico com o uso de inseticidas, enquanto que a proposta da Austrália ampliava as opções de controle.

Neste sentido a idéia é reduzir o número de aplicações refletindo em economia ao agricultor bem como diminuir o impacto ambiental. Entretanto uma dificuldade que tem os países apoiadores desta estratégia é a de falta de conhecimento da praga a ser combatida e sua relação com o ambiente para se saber quando o nível de dano passa a ser indicativo de aplicação.

 

Na medida em que surge o conceito de Integrated Pest Management, traduzido no Brasil como Manejo Integrado de Pragas – MIP, este também passa a ser usado no Brasil pelas empresas especializadas, apesar de estar completamente fora do conceito original onde aliava-se ao controle considerações de ordem ecológica do inseto, aspectos econômicos de menor uso de agrotóxicos e sociais melhorando a qualidade de vida do agricultor.

 
Ouvindo um programa de rádio onde um jurista discutia problemas relacionados com a violência infantil ele falava do risco de se traduzir determinadas palavras de forma incorreta o que poderia causar sérios transtornos no tribunal e uma destas era a tradução de Abuso Infantil traduzido de Child Abuse que na realidade significa Violência Infantil e não Abuso Infantil, mas que traduziram pela palavra mais próxima, onde abuso significa fazer repetidas vezes a mesma coisa e que não reflete a gravidade do problema.

Apesar desta definição estar anos luz distante do que estamos discutindo ela nos trás à razão principal que é a tradução de Management para Manejo.


Na década de 60 entra no Brasil o termo Manejo Integrado de Pragas. Provavelmente um agente complicador por traduzir Management como Manejo e não como Gerenciamento que seria a tradução correta.

Em Português Manejo significa ação ou resultado de manejar (mover, empunhar com as mãos – manejar o machado; ter conhecimento – Ela maneja bem o inglês; trabalhar com as mãos – Ele maneja bem o cavalo; manipular, dominar - manejar o eleitorado), mas também pode significar administrar, dirigir – a diretora maneja bem a escola.

O que na essência não estaria errado, mas a palavra gerenciar é muito mais específica e define mais claramente o significado de gerir, que é o sentido que se quer dar ao que passou a denominar Manejo Integrado.

Desde o início deveríamos estar falando em Gerenciamento Integrado ou simplesmente Gerenciamento uma vez que está implícito em gerenciamento o conceito de Integrado ou seja a utilização de vários recursos de forma integrada e interligada.


 
Usando como exemplo o Gerenciamento de Projetos, disciplina usada para definir e atingir objetivos, otimizando o uso de recursos ( tempo, dinheiro, pessoas, materiais, energia, espaço, etc.) usando atividades como:

• Planejamento,
• Estimar recursos,
• Organizar o trabalho,
• Adquirir recursos materiais e humanos,
• Designar atividades,
• Controlar a execução do projeto,
• Avaliar o progresso,
• Analisar os resultados obtidos.

E é exatamente isto que cada desinsetizadora/desratizadora faz: a empresa recebe uma solicitação de serviço, a partir daí começa o gerenciamento.

• Um técnico vai ao local levantar problemas como identificar o sinantrópico, entorno do local, condições de favorecimento e tantos outros;

• Estas informações são levadas para a sede e o corpo técnico começa o planejamento das atividades a serem executadas;

• Elegem-se os domissanitários a serem usados quanto à dose, formulação; equipamentos para se ter uma ideia dos custos materiais e operacionais que farão parte do orçamento;

• Discute-se com a equipe qual será o melhor horário para se realizar as ações, verificar se os equipamentos estão em ordem, verificar se tem à disposição o número de funcionários necessários para a atividade;

• A compra de insumos e contratação de pessoal é feito constantemente.

• A equipe técnica repassa a cada um da equipe as atividades que serão exercidas;

• Aqui entra a fase de controle que é analisar a situação antes e depois através de planilhas, gráficos, relatórios, etc.

• De uso destes instrumentos avalia-se o trabalho e os resultados obtidos. 


 
DEFINIÇÃO DE RESERVATÓRIO

Os ratos são reservatórios de diversas enfermidades como a leptospirose e hantavirose.

Reservatório é o ser humano ou animal, artrópode, solo ou matéria inanimada, em que um agente infeccioso vive em condições de dependência primordial e se reproduz de modo a ser transmitido a um hospedeiro susceptível.

Hospedeiro é um ser vivo, o homem ou outro animal, inclusive aves e artrópodes que ofereçam condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso.

Entre o reservatório e o susceptível coloca-se a fonte de infecção que é a pessoa, animal, objeto ou substância da qual um agente infeccioso passa diretamente para o susceptível.

Quando a fonte de infecção é um ser inanimado pode ser chamado de veículo.

Vetores são seres vivos, geralmente insetos, que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial, podendo ser mecânico (quando o agente é apenas transportado) ou biológico (quando o agente desenvolve, pelo menos, uma fase de sua evolução antes de ser eliminado).

 
DO CONCEITO DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS

As doenças transmitidas por vetores/reservatórios vão além da simples relação entre agente e hospedeiro. Tem os aspectos relacionados ao agente, vetor, susceptível e o ambiente onde se relacionam. A prevenção está em remover fatores capazes de criar uma condição inadequada ao equilíbrio saúde-doença.

Hospedeiro é o homem ou outro animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que ofereça, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso.

Alguns protozoários e helmintos passam fases sucessivas em hospedeiros alternados, de diferentes espécies.

O homem poderá tanto funcionar como hospedeiro intermediário, definitivo ou acidental dependendo da doença.

 

Por exemplo, na teníase-cisticercose, o homem é HD com a tênia e HI com a larva encistada (cisticerco).

Suscetível é aquele ser vivo (homem e outros animais domésticos e silvestres) no qual um agente etiológico se instala podendo ou não manifestar doença.

Se o agente etiológico for um ser vivo, o suscetível pode se denominar hospedeiro.

O ambiente é o conjunto de todos os fatores que mantem relações interativas com o agente etiológico, o susceptível e o vetor/reservatório, incluindo o meio físico, biológico, químico e social que favorecem ou não as condições de vida, manutenção biológica e transmissibilidade de todos os envolvidos na presença ou não de doença.

Este ambiente poderá oferecer condições de manutenção de determinado vetor/reservatório de forma a que possa transmitir agentes patogênicos.

Nas ciências que tem como objeto de estudo as doenças, a etiologia se preocupa com as causas destas: os agentes ou fatores causais de doença, a sua proveniência endógena ou exógena, seu potencial agressivo ou virulência.

Neste sentido derivou o adjetivo etiológico como sendo aquele que pode causar a doença, é o agente etiológico.




 

Alguns agentes etiológicos são de natureza inanimada tais como: as radiações, os poluentes químicos, drogas usadas como remédios ou por vício, álcool, fumo, pesticidas e viva como os parasitas.

Nas doenças transmissíveis e zoonoses, estes agentes são seres vivos.

 
A doença transmissível é causada por um agente infeccioso ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão desse agente, de uma pessoa ou animal infectado ou de um reservatório, para um hospedeiro susceptível. (OPAS, 1992). Isto é, aquela cujo agente biológico é vivo e é transmissível.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, zoonoses são doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. Isto significa que o animal ou pessoa pode estar doente ou infectado, ou seja tem o parasita, mas não tem a doença, mas pode transmitir este parasita para outro animal ou pessoa e ficar doente ou não.

Zoonoses podem ser adquiridas quando pessoas entram em contato direto com animais doentes ou vice-versa , através de alimentos contaminados ( carne crua ou mal cozida e seus derivados, leite cru ou seus derivados e através de vetores ou reservatórios).


 
Doença infecciosa é qualquer doença causada por um agente infeccioso, ou por seus produtos tóxicos, ou pelos produtos tóxicos de outros agentes biológicos, produzida pela transmissão desse agente ou seus produtos, desde uma pessoa ou animal infectado, ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível.

Qualquer doença causada por um agente infeccioso e/ou parasitário específico; ou por seus produtos tóxicos; ou pelos produtos tóxicos de outros agentes biológicos.

Manifesta-se pela transmissão desse agente ou seus produtos, de uma pessoa ou animal infectado, ou de um reservatório a um hóspede suscetível. Pode transmitir-se de forma direta, ou indireta por meio de um hospedeiro intermediário de natureza vegetal ou animal, de um vetor, ou do ambiente.

Pertencem à categoria de agentes etiológicos vivos as riquétsias, bactérias, fungos, protozoários, helmintos e outros mais, são seres vivos de vida parasitária.

É possível enquadrar nesta categoria alguns animais de vida parasitária exclusiva ou não como pulgas, carrapatos, simulídeos, mosquitos fêmeas que precisam de sangue após sua fecundação pois mesmo não transmitindo algum agente no momento da espoliação estão, no entender da OMS, causando doença .

Neste sentido poderíamos dizer que estes  insetos e aracnídeos estão, neste momento funcionando não como um vetor, mas como um agente etiológico.

Reservatório é o ser humano ou animal, artrópode,  solo ou matéria inanimada, em que um agente infeccioso vive em condições de dependência primordial e se reproduz de modo a ser transmitido a um hospedeiro susceptível.

Entre o reservatório e o susceptível coloca-se a fonte de infecção que é a pessoa, animal, objeto ou substância da qual um agente infeccioso passa diretamente para o susceptível.

Quando a fonte de infecção é um ser inanimado pode ser chamado de veículo.

Vetores são seres vivos, geralmente insetos capazes de veicular patógenos de um enfermo para um sadio. Podem ser biológicos quando o parasita realiza parte de seu ciclo de vida em seu interior (é o caso da malária no mosquito anofelino) ou mecânicos quando o vetor apenas transporta o agente, ou este passa diretamente pelo trato digestivo (Salmonella, ovos de vermes).

Veículos são os objetos ou materiais contaminados que servem de meio mecânico para um agente infeccioso ser transportado e introduzido em um hospedeiro.

São exemplos: vestuário, roupas de cama, utensílios de copa e cozinha, instrumentos cirúrgicos, objetos de uso pessoal usados por outros (fômites), partículas de solo, saliva, poeira em suspensão, ar, água, alimentos, produtos biológicos como sangue para transfusão.

 

Fonte de infecção é a pessoa, animal, objeto ou substância da qual um agente infeccioso passa diretamente para o susceptível. Quando a fonte de infecção é um ser inanimado pode ser chamado de veículo.

No sentido da saúde pública os ratos e camundongos, comensais ou silvestres, são considerados reservatórios de doenças infecciosas como as zoonoses e outras funcionando em determinadas circunstâncias como hospederio definitivo ou intermediário.