REGULAGEM
HÍDRICA
Um exemplo é o ácido bórico, inseticida mineral, se apresentando na forma
de gel ou pó seco. Ele age a nível celular causando interrupção na regulagem hídrica causando
desidratação o que resulta em mais ingestão de isca para compensar a perda líquida.Na forma de pó seco ele é abrasivo ao exoesqueleto.
ENTOMOBACTÉRIAS
Todas as bactérias usadas na luta antivetorial formam toxinas ativas e
esporos estáveis. Por esta razão podem ser armazenados por longos períodos em
temperatura ambiente dos trópicos.
As toxinas são potentes venenos intestinais de larvas surtindo efeito
apenas se forem ingeridos.
Estes produtos devem ser formulados de maneira que não desapareçam da
zona onde as larvas se alimentam.
Estas bactérias são inócuas para a fauna não alvo e portanto não permite
o aumento populacional de vetores uma vez que
não atua sobre os inimigos naturais.
Também são inofensivas ao homem e portanto podem ser aplicadas em
sistema de abastecimento de água e na presença de cultivos de plantas
alimentícias.
Estas bactérias se dividem em dois grupos: Bacillus thurigiensis
israelensis e Bacillus sphaericus.
Bacillus thuringiensis var. israelensis
Esta bactéria foi isolada pela
primeira vez no Japão no início do século XX (1901-1902) por Ishiwata, que a
observou causando uma alta mortalidade em larvas do bicho da seda. Esta
bactéria é um bacilo, que tem a característica de estando em um ambiente
inóspito se apresentar na forma esporuladanão crescendo contendo sua carga
genética. Ao entrar em um ambiente favorável volta à vida vegetativa liberando
toxinas.
Alguns anos mais tarde, o
pesquisador alemão Berliner isolou esta mesma batéria das larvas da traça da
farinha e deu a este bacilo um nome em homenagem à sua cidade, a Thuringia.
Em 1976, pesquisadores da
Universidade Ben Gurion (Israel) encontraram numa poça no leito de um riacho
quase seco, muitas larvas do pernilongo Culex pipiens mortas. Isolaram desse material uma variedade
ainda não conhecida do Bacillus thuringiensis e deram a ela o nome de Bacillus
Thuringiensis var. israelensis (Bti).
Sua toxicidade está
associada ao cristal paraesporal que é formado durante a esporulação do
organismo. Após ser ingerido secreções intestinais solubilizam o cristal
convertendo a protoxina em uma toxina (delta-endotoxina) causando histólise do
epitélio intestinal matando a larva de culicídeos e simulídeos após 15 a 20
minutos.
Os primeiros sintomas (hipertrofia celular e lise epitelial) são rapidamente seguidos pela completa destruição do epitélio do intestino médio.
Os primeiros sintomas (hipertrofia celular e lise epitelial) são rapidamente seguidos pela completa destruição do epitélio do intestino médio.
O pH do trato digestivo do
segundo instar é menor que do quarto , por isto larvas jovens são mais
susceptíveis. Pelo fato dele precisar ser ingerido para ser eficaz qualquer
diminuição na taxa de alimentação, tal como ocorre durante o período pré-pupal, resulta na
diminuição da eficácia. Por estas razões o Bti não é tão eficaz nas formas de
último estágio.
Sua eficácia poderá ser
alterada se estas condições afetarem o comportamento alimentar.
Quando usado em água turva
perde atividade pela competição trófica
entre o material em suspensão e as partículas de Bti ou pela ligação dos
cristais com partículas que aceleram a taxa de deposição, por esta razão deve
ser aplicado periodicamente conforme a biologia do alvo.
Como os inimigos naturais não
são afetados pode-se organizar programas de controle usando inimigos naturais
como peixes ao mesmo tempo.
Como o Bti é um sólido ele
tende a se depositar no leito da coleção de água. No controle de simulídeos,
que ocorre em água corrente, a dose a ser aplicada depende da vazão enquanto
que no controle de culicídeos, que é em água parada a dose é fixa.
Bacillus
sphaericus
A atividade tóxica dos esporos parece resultar da toxina da parede
celular que é depositada no esporo em desenvolvimento durante o processo de
esporulação de composição e modo de ação ainda não identificados.
Larvas de Culex spp são susceptíveis enquanto Anopheles spp e
Aedes spp variam bastante de espécie para espécie. Algumas vezes persiste e recicla, particularmente em
água poluida, sua toxina é sensível à radiação UV.
Não tem nenhum efeito sobre
larvas de simulídeos.
A forma vegetativa apresenta
esporo de forma aproximadamente esférica, resistente ao calor em um esporângio
protuberante em posição terminal. Esta bactéria não forma corpo paraesporal. A
temperatura máxima para crescimento é de 30-45ºC e o mínimo 5-15ºC. É aeróbica.
O microorganismo invade a larva via canal alimentar.
A atividade larvicida está
contida nos esporos. O primeiro e segundo estágios larvais são mais
susceptíveis e morrem mais cedo que os estágios mais adiantados.
Estudos indicam que a dose
tóxica de B. sphaericus é
provavelmente ingerida rapidamente mas o efeito tóxico só ocorre mais tarde, o
que requer uma observação dos resultados após 48 horas. Estudos de campo demonstraram que são necessárias altas doses do produto comercial para se obter altos níveis de controle de espécies susceptíveis. Sua atividade é reduzida em criadouros contendo grande quantidade de material em suspensão pela competição trófica.
B. sphaericus manteve sua
atividade em larvas de C. quinquefasciatus em temperatura constante de
10, 25 e 35ºC mas perde sua atividade em pH 10. Abaixo de 10ºC não há efeito
tóxico.
Trabalhos feitos deram 100% de
mortalidade em C. pipiens em três
dias. Entretanto a duração da atividade larvicida não excedeu uma semana mesmo
em altas doses.
Outros experimentos de campo
conduzidos na África mostrou atividade
persistente do B. sphaericus por mais de um mês. Em acréscimo a
isto, experimentos de campo e laboratório confirmaram o fato de que esta
bactéria é capaz de se reciclar nas larvas de mosquitos.
FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS
Os fungos
entomopatogênicos tem sido usados no Brasil desde 1923 que por causa de
resultados infrutíferos só voltou a ser pesquisado na década de 40 tomando
maior desenvolvimento na década de 50. Nas décadas de 60 e 70 se desenvolveu um
grande projeto em Pernambuco dando início a uma série de experimentos.
Fungos entomopatogênicos
como Metarhizium anisopliae, Baculovirus anticarsia e Beauveria bassiana tem sido usado no
controle de baratas, moscas, mosquitos, formigas e barbeiros.
A utilizacão da M.
anisopliae e B. bassiana para o controle de pernilongos, baratas e
barbeiros, formigas do gênero Solenopsis tem sido pesquisada. O controle
das larvas de pernilongos foi obtido depois de 72 horas em condições de campo
utilizando-se uma dosagem de 2,5 kg de produto/há (25g de esporor).
Quanto ao controle de Solenopsis
spp já foram selecionados isolados virulentos de B. bassiana e atualmente vem sendo pesquisados os métodos de
aplicacão.
Em experimentos
desenvolvidos em 1989 no Departamento de Entomologia da ESALQ-USP, através da
introducão inundativa, foi possível obter resultados de campo, altamente
promissores para o controle de cupins de montículo (Cornitermes cumulans)
com isolados de B. bassiana e M. anisopliae.
Os ninhos tratados
apresentaram 100% de mortalidade depois de 10-30 dias da aplicação dos
pstógenos. Em condições de laboratório observou-se também grande mortalidade de
outras espécies de cupins aos patógenos e a rápida ação de M. anisopliae (LT100 = 48 horas).
Em condicões de
laboratório,observou-se também grande susceptibilidade de outras espécies de
cupins aos patógenos e a rápida acão do M. anisopliae.
M. anisopliae matou 23% dos anofelinos em menos de 4 dias reduzindo em 75% o potencial de transmissão. A letalidade dos esporos é muito rápida e pulverizações mais seguidas são necessárias.
Moscas adultas infectadas
em contato com sadias transmitem o fungo contaminando-as.
Metarhizium anisopliae apresenta maior potencial patogênico sobre larvas de terceiro instar de Musca
domestica. Com o aumento da concentração ocorreu a morte de todas as
larvas.
A
mortalidade de M. domestica influenciada pelo fungo
entomopatogênico M.anisopliae apresentou uma tendência
crescente com o aumento da concentração de conídeos.mL-1,
apresentando uma eficácia que variou de 2,53% na concentração 1,0.105
mL-1 a 33,34% na concentração 1,0.10-8 mL-1
(Tabela 1).
Essa
relação diretamente proporcional entre mortalidade do inseto e aumento das
concentrações fúngicas de M. anisopliae foi demonstrada por
diversos autores testando
o fungo contra M. domestica e Chrysomya
putoria.
Tabela 1 – Influência de Metarhizium anisopliae em diferentes concentrações sobre a mortalidade de larvas pós-alimentar e pupas, e deformações de adultos de Musca domestica, em placa de Petri, sob condições de laboratório. Tº: 26 ± 2º C, UR: acima de 75% e fotofase de 12 horas.
A
emergência de adultos com defeitos de asa foi diretamente proporcional ao aumento
das concentrações fúngicas (Tabela 1).
A
concentração 1,0.108 mL-1 apresentou o índice mais
expressivo: dos adultos que emergiram, 16,33% apresentaram deformidades, que
adicionado a porcentagem de eficácia (33,34%), o percentual de mortalidade
eleva-se para 49,67%.
Pesquisadores
demonstraram, testando isca tóxica formulada com o fungo
M. anisopliae como agente de biocontrole
de M. domestica, que a mortalidade dos insetos
se deu também pela infecção das moscas por indivíduos atingidos por uma dose
letal de conídeos.
Essa
observação é importante porque, através do contato físico com indivíduos
infectados com o fungo esporulado em sua cutícula, a mosca sã poderá promover a
transmissão horinzontal do fungo pela população do inseto, contribuindo para o
decréscimo populacional.
Larvas de M. domestica expostas a M.
anisopliae reduzem a viabilidade dos estágios de pupas, enquanto a linhagem
de B. bassiana não afeta o
desenvolvimento larval nem pupal. Os melhores resultados foram obtidos com a introdução
das espécies em soluções de 1 x 106 e 1 x 105
conídios/mL emergindo apenas 1,0 e 16%, respectivamente.
Por
outro lado, autores obtiveram resultados contraditórios pois observaram a morte
de 56% e 48% das larvas de M. domestica quando submetidas a concentração
de 1 x 1010 conídios de B. bassiana, isolados L90 e P89,
respectivamente.
A
infecção dos fungos entomopatogênicos pode ocorrer por via oral, pelo tegumento
ou pelo espiráculo, sendo que 12 horas após o contato com o inseto, ocorre a
germinação dos conídios.
Decorridas
72 horas, o inseto pode ser totalmente colonizado, advindo a morte em função da
falta de nutrientes e do acúmulo de substâncias tóxicas. As condições
favoráveis para o desenvolvimento da doença são umidade relativa em torno de
90% e temperatura entre 23 e 28oC.
A
maioria dos fungos penetra nos insetos, principalmente por contato e ingestão.
Seu modo de ação inicia-se com a adesão ao tegumento e a germinação dos
conídios sobre o inseto. Após inicia a penetração, a partir da combinação de
pressão e degradação enzimática, atravessando a cutícula do mesmo e a
multiplicação do fungo na hemocele e a produção de toxinas.
A
seguir ocorre a morte do inseto e o fungo coloniza todo o interior do
hospedeiro. Posteriormente o micélio sai para o exterior passando através do
tegumento, esporula sobre a superfície do inseto e, finalmente os propágulos
são disseminados no ambiente.
A
alta capacidade de disseminação dos propágulos é uma característica favorável à
ocorrência de epizootias nas populações de insetos. Os fungos entomopatogêncios
permanecem no ambiente através de insetos mortos.
Diversas
são as toxinas conhecidas produzidas por fungos entomopatogênicos: B. bassiana produz beauvericina que tem
ação tóxica em larvas de pernilongos e moscas adultas; beauverolides em
baratas; ácido oxálico em ácaros e bassianolide em Bombix mori. M. anisopliae produz
destruxinas que são tóxicas para larvas de B.
mori e Galleria melionella.
Em trabalhos realizados
por cientistas do Imperial College e da Universidade de Edimburgo foram
pulverizados potes de papelão, com óleo contendo fungo Beauveria bassiana.
Mosquitos que haviam se
alimentado foram colocadas nestes potes por seis horas, um tempo menor do que
eles geralmente levam para descansar a
fim de realizar a digestão sanguínea antes de sair voando para ovipor.
Muitos mosquitos morreram no prazo de 14 dias, o que é fundamental uma vez que o parasita da malária leva mais tempo para passar do abdome do mosquito até sua saliva para que possa transmitir a doença.
Em outro estudo, cientistas da Universidade Wageningen, nos Países Baixos e da Ifakara Health Research Center, na Tanzânia, penduraram folhas de algodão infectadas com o fungo Metarhizium anisopliae em cinco barracos de uma aldeia enquanto que em outros cinco barracos controle penduraram folhas limpas.
Cerca de 23% dos mosquitos
transmissores da malária capturados nas cabanas com folhas infectadas, levaram
ao redor de 9 dias para morrerem.