O CONTROLE DE PULGAS
As
pulgas são parasitas cutâneos ou ectoparasitas onde machos e fêmeas apresentam
hábitos hematofágicos obrigatórios (se alimentam de sangue na fase adulta).
Para isto apresentam aparelho bucal do tipo picador-sugador.
São pequenos insetos,
ápteros (sem asas), de coloração que oscila do amarelo ao castanho, com tamanho
variando de 1 a 3 mm, sendo que o macho é menor que a fêmea (dimorfismo sexual)
não tem olhos compostos, mas podem ter olhos simples.
O
corpo é revestido de cerdas projetadas para trás e comprimido lateralmente o
que facilita o deslocamento entre os pelos do hospedeiro.
São
consideradas cosmopolitas, pois se distribuem por todo o mundo, adaptando-se
bem em qualquer local.
Uma pulga é capaz de pular a um metro de
distância (200 vezes o próprio tamanho),[] o equivalente, em
proporção de tamanho, a um humano saltar o comprimento de um campo de futebol.
Tem
uma idade evolutiva de 60 milhões de anos encontrado em mamíferos
pré-históricos. Atualmente 94% de seus hospedeiros são mamíferos.
Existem
cerca de 1.500 espécies de pulgas, entretanto apenas algumas delas têm
importância clínica. Podem ser parasitas de cães, gatos, porcos, seres humanos,
roedores, coelhos e aves.
Apesar
das pulgas terem preferência pelo seu próprio hospedeiro, elas exibem pouca
especificidade parasitária, e quando suficientemente famintas, a maioria das
espécies ataca qualquer fonte de sangue, isto é, pode haver normalmente
uma troca de hospedeiro e todas elas podem atacar indistintamente homens, cães,
gatos, ratos, etc.
É
bastante plausível que uma casa habitada por um cão ou gato durante várias
semanas tenha pulgas saltando por todos os cantos, ávidas de sangue, de modo
que os tornozelos das pessoas que lá entrem fiquem cheios de pulgas, poucos
minutos após.
As
pulgas podem sobreviver por vários meses sem se alimentar, razão pela qual em
geral é impraticável expulsá-las completamente do ambiente.
A
sucção faz-se pela introdução do aparelho sugador através da pele. Escolhido o
lugar para a sucção, no que a pulga gasta por vezes algum tempo, tateando aquí
e alí, o epifaringe é impelido abrindo caminho através da camada epidérmica.
As
mandíbulas, com suas pontas em serra, entram em função aumentando a abertura do
orifício produzido, gradativamente se insinuando até que as pontas das maxilas
alcancem a superfície cutânea.
A
função dos palpos labiais, puramente protetiva, consiste na defesa das peças
sugadoras durante a introdução, antes e depois; durante a sucção, dispõem-se
sobre a pele para os lados.
Durante
a penetração da epifaringe e mandíbulas, a saliva das glândulas é aspirada até
a cavidade chamada bomba salivar, cuja contração a impele do canal
salivar das mandíbulas, até a extremidade desses órgãos, lubrificando o canal
aberto.
A hipofaringe acompanha o movimento das mandíbulas, a que se acha ligado, até
alcançar a porção superior do canal perfurado na pele. É então que entram em
função os chamados músculos aspiradores, que vão da bomba salivar até a
face inferior da hipofaringe, cuja cavidade e alargada por esses músculos.
O
sangue assim aspirado vai à porção horizontal do canal aspirador, cuja cavidade
é, ao mesmo tempo, alargada por músculos, que de suas paredes saem, indo
fixar-se na quitina da região frontal da cabeça.
As
mandíbulas e o epifaringe juntam-se, no momento da aspiração, formando um canal
fechado por onde o sangue corre facilmente.
Uma vez cheio o canal, vão-se relaxando, gradativamente, os músculos de diante para trás, forçando o caminhar do líquido aspirado através do esôfago, até o papo e o estômago.
Durante
a sucção, que é prolongada, a cabeça da pulga cola-se a pele, enquanto as patas
agitam-se, conservando-se a extremidade do abdome em ângulo forte com a
superfície aspirada. Neste momento inseto conserva-se alheio a todo perigo
externo, sendo facílimo apanha-lo assim, pois que, mesmo tocando-o com os
dedos, não se separa da pele.
Essa
operação dura em média 12 a 15 minutos, com sucções até de 20 minutos
(normalmente três vezes). São demoradas, são igualmente raras e nunca consegue
obter uma nova sucção antes de 48 horas decorridas da anterior.
Essas
observações foram idênticas para o Pulex irritans e Ctenocephalides
felis e canis, e tanto para pulgas novas e recém-saídos da ninfa,
como para pulgas adultas.
Após
cerca de cinco minutos de sucção começam a sair pela extremidade da pulga
gotículas de sangue que vão cair com força à distância de um centímetro ou
mesmo um pouco mais.
Os
palpos labiais funcionam apenas na procura do local para a sucção, a pulga
tocando com eles os vários pontos da pele que experimenta.
Em
relação ao parasitismo podem ser:
a) as que penetram na pele do
hospedeiro aí se alojando permanentemente: fêmeas fecundadas de
Tunga penetrans;
a) as que vivem sobre o animal
neles se alimentando intermitentemente só o abandonando quando morre passando
para outro animal da mesma espécie ou diferente: maioria das espécies
conhecidas como Xenopsylla e Ctenocephalides;
b) as que não vivem sobre o
hospedeiro só o procurando para se alimentar e depois retornam ao ambiente como
P. irritans.
Tanto
em pulgas alimentadas como não alimentadas uma temperatura elevada e um ambiente
seco sempre influem encurtando a vida da pulga.
Xenopsylla cheopis não alimentada em ambiente normalmente úmido e
aquecido a 12,5° C manteve-se viva, em média, durante 25 dias; em atmosfera
seca a 29° C não viveu mais de quatro dias.
Nos
países de clima quente a longevidade das pulgas não atinge esses números.
Tais
dados mostram que o fato de se ficar cheio de pulgas, quando se entra num local
há meses ou anos desabitado, pode ser explicado pela longevidade desses
parasitos.
Na
maioria dos casos, porem, a ocorrência resulta da proliferação continuada das
pulgas num meio em que sempre encontra em maior ou menor abundância, o
principal elemento de subsistência, que é o rato.
BIOLOGIA
As
pulgas podem viver até por um ano e desenvolvem-se através de metamorfose
completa. A cópula das pulgas ocorre após o repasto sanguíneo. As fêmeas
colocam de 3 a 18 ovos por vez, entretanto devido às várias cópulas e sucções
de sangue, durante toda sua vida chegam a gerar várias centenas de ovos.
Os
ovos são brancos e brilhosos sem aderência, sendo depositados em fendas no
ambiente ou diretamente sobre o hospedeiro, do qual se soltam e caem. Com a
eclosão do ovo, origina-se uma larva ativa e esbranquiçada, a qual é dotada de
aparelho bucal mastigador, sendo que o desenvolvimento da larva até a fase
adulta é completado antes de iniciar a vida parasitária.
Ovos
de Pulex irritans tem aderência, pois são depositados diretamente no
solo onde se fixam. Já os de C. felis, canis e outros não
são aderentes por serem postos sobre os animais hospedeiros e para continuar o
ciclo precisam cair ao solo. Se fossem aderentes ficariam presos nos pelos do
hospedeiro não indo ao solo e consequentemente interromperiam o ciclo.
As
larvas das pulgas crescem e passam por duas mudas num período de 9 a 20 dias,
dependendo da umidade e do calor do meio ambiente. Seu aspecto é de um verme ou
de uma lagarta diminuta. Alimenta-se de resíduos orgânicos e de fezes das
pulgas adultas contendo sangue parcialmente digerido.
Na
terceira muda, a larva tece um casulo de aspecto pegajoso e geralmente coberto
de detritos existentes no ambiente. Os adultos saem do casulo depois de sete
dias ou até um ano, também dependendo das condições do meio ambiente, para
depois rompendo o casulo, se transformar numa pulga adulta, a qual irá procurar
um novo hospedeiro para alimentar-se.
Considera-se
que as formas adultas representam apenas 5% do que potencialmente possa
representar a população de pulgas num ambiente; 95% representam as formas
invisíveis: ovos, larvas e pupas, as quais estão aguardando as condições ideais
de temperatura e umidade para se desenvolver e infestar o hospedeiro.
A
cópula realiza-se normalmente com a fêmea cavalgando o macho quando ela atinge
a maturidade sexual que é cerca de uma semana após a saída do casulo.
Ocorre
a primeira postura pouco tempo depois de ter copulado e realizado hematofagia.
A
hematofagia é indispensável para a ovipostura. Nos machos o sangue é
estimulante para o encontro sexual.
Em
ambiente saturado de umidade podem viver até 62 dias sem alimento. O ambiente
seco proporciona baixa sobrevivência na falta de alimento.
Sua
reprodução é sexuada, as fêmeas precisam de prolongadas refeições (3 horas)
aumentando seu peso em até 40%.
Já
os machos as refeições não ultrapassam 20 minutos e aumentam de 3% em seu peso.
Ambos
Vivem o mesmo tempo, em condições normais até um ano e meio.
Condições
adversas até três anos.
A
cópula ocorre de 8 a 24 horas após a primeira refeição sobre o animal
hospedeiro e as fêmeas buscam copular com mais de um macho para preencher
completamente a ooteca.
As
fêmeas iniciam a oviposição de 36 a 48 horas após a primeira refeição e os ovos
são postos em conjunto de 2 a 6; e capazes de ovipor por até 100 dias. Os ovos
são postos sobre o hospedeiro (C. felis, C. canis, X. cheopis), porém
como não são colantes e por isso são encontrados em todos os lugares
frequentados pelo hospedeiro (coçar), pode produzir até 50 ovos por dia (+
27).
Pulgas
que ficaram meses sem por ovos, o fazem logo após realizarem hematofagia.
A
pulga do homem (Pulex irritans) sempre procura o chão das habitações
para desovar. O número de ovos que uma pulga pode variar, principalmente, com a
espécie da pulga e, numa espécie, segundo o estado de nutrição.
As
posturas efetuam-se parceladamente, sendo postos, de cada vez, poucos ovos. Xenopsylla
cheopis, a famigerada e principal pulga transmissora da peste, põe de dois
a seis ovos, ou pouco mais por postura e, durante toda a existência, cerca de
300 a 400.
Uma
fêmea de Pulex irritans chegou a ovipor, num período de 196 dias, 448
ovos, dos quais, 115 férteis.
O
desenvolvimento embrionário, dependendo principalmente da temperatura e do
estado higroscópico do meio em que se acham os ovos, dura normalmente de 2 a 16
dias; é mais rápido no verão e com tempo seco.
A
pulga do homem (Pulex irritans) sempre procura o chão das habitações
para desovar. O número de ovos que uma pulga pode variar, principalmente, com a
espécie da pulga e, numa espécie, segundo o estado de nutrição.
As
posturas efetuam-se parceladamente, sendo postos, de cada vez, poucos ovos. Xenopsylla
cheopis, a famigerada e principal pulga transmissora da peste, põe de dois
a seis ovos, ou pouco mais por postura e, durante toda a existência, cerca de 300
a 400.
Uma
fêmea de Pulex irritans chegou a ovipor, num período de 196 dias, 448
ovos, dos quais, 115 férteis.
O
desenvolvimento embrionário, dependendo principalmente da temperatura e do
estado higroscópico do meio em que se acham os ovos, dura normalmente de 2 a 16
dias; é mais rápido no verão e com tempo seco.
As
larvas das pulgas, mediante movimentos serpentiformes, deslocam-se rapidamente
no meio em que vivem (chão empoeirado ou sujo das habitações, gretas do
assoalho, areia de solo, detritos nos ninhos dos animais que parasitam),
evitando, porem a luz forte.
Alimentam-se
dos detritos orgânicos que aí encontram, preferindo, quase sempre, os excreta
das pulgas adultas, representados por sangue coalhado e dessecado.
O
período larval varia, influenciado pelas condições mesológicas, principalmente
temperatura, umidade e maior ou menor fartura de alimento.
Em P.
irritans o excedente sanguíneo e fezes são colocados no chão servindo de
alimento para larvas. Naquelas pulgas que permanecem sobre os hospedeiros este
sangue coagulado e fezes caem ao solo como fonte alimentar larval.
Geralmente
do 3° ao 7° dia após o nascimento ocorre a 1ª ecdise, realizando-se a 2ª três
ou quatro dias depois. Ctenocephalides canis, apresentou o máximo de 142
dias no desenvolvimento larval.
Após
7 a 14 dias de vida ativa, a larva, com a saliva, tece um casulo oval,
pegajoso, que facilmente adere a qualquer suporte, retendo também partículas de
poeira, que o tornam quase imperceptível.
Realiza-se,
então a 3ª e última ecdise e primeira metamorfose, cinco a sete dias depois de
a larva ter começado a tecer o casulo.
A
fase pupal dura geralmente de 7 a 10 dias; às vezes, porem, pode prolongar-se
por longo tempo (até 354 dias com o Ctenocephalides canis, ou mesmo 450
dias, numa observação com Nosopsyllus fasciatus). Provavelmente nos
países de inverno rigoroso é nessa fase que as pulgas suportam a estação fria.
Atingida
a fase adulta, a pulga fica algum tempo dentro do casulo, podendo aí
permanecer, se não a perturbarem, durante algumas semanas.
Em
resumo: se o desenvolvimento de uma pulga, em ótimas condições pode efetuar-se
em cerca de duas semanas, em condições extremamente desfavoráveis, pode
prolongar-se por um ano ou mais.
Após
a cópula, as pulgas procuram alimentar-se, podendo, entretanto, ficar em jejum
durante 15 dias ou mais.
Pulgas
fecundadas, conservadas meses sem por ovos, pouco depois de uma sucção de
sangue, fazem as posturas.
A
hematofagia é realizada pelos dois sexos tanto de dia como de noite. Após ter
realizado o repasto continua sugando para que o excedente seja extravasado pelo
anus servindo de alimento para as larvas.
Algumas
espécies como C. felis são atraídas pela luz o que significa serem
atraídas por armadilhas luminosas que pode ser usado como avaliador de resultados da mesma maneira que a placa de cola. Pode-se usar um prato com água e umas gotas de detergente e uma vela acesa no meio. A luz atrai as pulgas e o detergente quebra a película de tensão superficial da água e as pulgas se afogam. Esta técnica é usada para avaliar o controle e a presença ou não da pulga transmissora da peste.
As
larvas se locomovem no sentido da gravidade fugindo da luz e em direção à
umidade. Reagem a estímulos mecânicos onde encontra o hospedeiro. Na areia as
larvas chegam a penetrar até 2,3 mm para evitar a luz.
A
pupa eclode por ação mecânica com o deslocamento do homem ou animal podendo
ficar até 1 ano sem eclodir.
O
deslocamento de ar, como por exemplo, de portas e janelas abertas e a
temperatura de hospedeiros também servem como estímulo à eclosão.