Zoonoses, segundo a Organização Mundial da Saúde são doenças ou infecções
naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. Isto
significa que o animal ou pessoa pode estar doente ou infectado (tem o parasita
mas não tem a doença mas pode transmitir este parasita para outro animal ou
pessoa e ficar doente ou não).
Zoonoses podem ser adquiridas quando adultos ou crianças entram em
contato com animais de estimação como cachorro, gato, aves e outros, ou pela
ingestão de carne contaminada de animais como o gado ou o porco ou através do
contato direto com ratos, moscas e baratas ou indiretamente através da ingestão de água ou alimentos
contaminados.
As zoonoses fazem parte da Saúde Pública Veterinária e representam a área de intersecção entre a Saúde Pública e a Saúde Animal.
Neste grupo de doenças transmissíveis os responsáveis pela perpetuação
dos parasitas são os animais vertebrados em suas diferentes categorias:
selvagens, domésticos produtores de alimento, trabalho ou companhia inclusive
os ratos e insetos.
Os parasitas das zoonoses estão presentes tanto em ecossistemas naturais
como naqueles modificados pela ação humana.
Se nos últimos anos foi possível o controle e até a erradicação de
algumas doenças transmissíveis humanas como varíola, difteria, poliomielite e
sífilis, as zoonoses passam a ser, na atualidade, um dos maiores desafios para
a saúde humana.
HISTÓRICO
DAS ZOONOSES
Admite-se que as zoonoses ocorram desde os
tempos pré-históricos da humanidade, no entanto é no período neolítico (período
da pedra polida, a partir de oito mil anos antes de Cristo, que as condições
favoráveis para transmissão de agentes de doenças transmissíveis entre animais
vertebrados e seres humanos, se ampliaram pois foi nesta ocasião que se iniciou
estruturação da agricultura, a domesticação dos animais e o início da vida
urbana organizada em aldeias.
Outro momento na história da humanidade atribuído como importante para a
ocorrência e expansão das zoonoses é o período da Idade Média, (800 a 1.200
anos depois de Cristo), quando se estruturaram as cidades medievais dentro dos
castelos feudais que passaram a reunir condições próprias representadas por:
aglomeração de pessoas, alimentos e resíduos que favoreceram o crescimento das
populações de ratos e insetos que ocupam o mesmo ambiente utilizado pelos seres
humanos.
Destes o principal exemplo são os ratos originários da Ásia que se
distribuíram pelo mundo todo através das navegações.
Esta condição explica as grandes epidemias de Peste Bubônica, registradas
durante a Idade Média.
Partindo-se para atualidade, constata-se que o crescimento populacional é
variável nas diferentes regiões do mundo, no entanto há uma relação inversa ao
desenvolvimento econômico, assim enquanto em 1970, 11 de 20 aglomerações
urbanas existentes no mundo com população igual ou superior a 5 milhões de habitantes,
estavam nos países menos desenvolvidos.
No ano 2000, 33 das 45 aglomerações urbanas com esta característica
situavam-se nos países menos desenvolvidos.
Portanto o crescimento populacional tem sido maior justamente nas regiões
que apresentam piores condições de qualidade de vida.
Se nos últimos anos foi possível o controle e até a erradicação de
algumas doenças transmissíveis humanas como varíola, difteria, poliomielite e
sífilis, as zoonoses passam a ser, na atualidade, um dos maiores desafios para
a saúde humana.
SAÚDE E
DOENÇA
Estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença ou enfermidade (OMS).
Na realidade não existe uma condição estável de saúde ou doença mas sim
uma busca constante de equilíbrio do organismo procurando se ajustar, de forma
satisfatória, às forças que tentam romper este equilíbrio procurando
perturbá-lo (Perkins, 1938).
O conceito de saúde da população está implícito no que poderíamos
chamar de valor médio resultante do agrupamento dos
diferentes graus de saúde dos indivíduos que a compõem, configurando o
gradiente de saúde da população que reflete, em última instância, sua qualidade
de vida.
Tomando uma população
poderíamos encontrar diferentes categorias de indivíduos que corresponderiam
aos variados níveis de saúde:
b) Grupo de indivíduos, que mesmo estando doentes não o percebem e só
pode ser descoberta por recursos propedêuticos;
c) Grupo de indivíduos onde existem alterações fisiológicas e teciduais
mas não detectáveis por recursos diagnósticos existentes;
d) Grupo de indivíduos que sem alteração alguma capaz de configurar um
agravo poderiam, em razão de estado emocional, ser distribuído segundo uma
escala crescente de saúde até atingir o ideal da OMS.
As doenças transmitidas por vetores/reservatórios vão além da simples
relação entre agente e hospedeiro.
Tem os aspectos relacionados à tríade epidemiológica: agente, vetor e
susceptível sem desconsiderar o ambiente que é o palco onde estes atores atuam.
Apenas o uso de químicos sem
considerar os demais aspectos não resolverá o problema, principalmente quando
medidas são tomadas apenas no momento da crise.
A análise de uma epidemia é muito diferente de um caso específico. Neste,
ela se repete, naquela não. Ela é um fenômeno coletivo com diversas expressões
sociais, biológicas, epidemiológicas. Ela é única.
Ao se estudar as razões pelas quais determinada doença atinge uma
população é fundamental identificar as inter-relações dinâmicas envolvendo as
condições sócio-econômico-cultural, ecológicas e as condições entre o agente e
o organismo sadio que permitem a instalação da doença.
O conhecimento destes fatores torna a prevenção possível na medida em que
se removam fatores responsáveis pela doença.
Prevenção em saúde pública é a ação antecipada com base no conhecimento
da história natural da doença (conjunto de processos interativos do agente, do
suscetível e ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde
as primeiras forças que criam o estímulo patológico, passando pela resposta do
homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez,
recuperação ou morte), tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de
uma doença.
Enfrentar ou interceptar uma causa conduz a prevenir ou fazer cessar seu
efeito” (Perkins, 1938)
Torna-se, pois, indispensável a identificação das causas e a descoberta
do modo como participam do processo doença, para que se torne possível uma ação
efetiva, capaz de antagonizá-las e, por conseguinte, prevenir seus efeitos.
Esses são os propósitos da Epidemiologia.
EPIDEMIOLOGIA
CONCEITUAL
Epidemiologia é a ciência que estuda as condições de saúde e a
distribuição das doenças em uma comunidade, analisando suas causas e levando
sempre em conta o hospedeiro, o meio e o agente etiológico, a fim de sugerir
medidas específicas de prevenção, de controle ou de erradicação (Rouquayrol,
1983)
USOS DA
EPIDEMIOLOGIA
- Descrever as condições de saúde da população
- Investigar os fatores determinantes da situação de saúde
- Avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde
- Determinar as causas (ambientais, genéticas, etc) que levam um
indivíduo sadio a ficar doente.
- Descrever o estado de saúde da população
É a necessidade de remover fatores ambientais
contrários à saúde, ou de criar condições que a promovam, que determina a
problemática própria da epidemiologia analítica” (Rouquaryol, 1983). É o estudo do que está ou ocorre sobre a população.
Sob o ponto de vista do bem público, uma das implicações práticas da
epidemiologia é que o estudo das influências externas tornam a prevenção
possível, mesmo quando a patogênese da doença concernente não é ainda
compreendida” (Acheson, 1979).
Sob o ponto de vista epidemiológico tem interesse nas relações
agente-suscetível-ambiente”.
(Rouquaryol, 1983)
“A História Natural Epidemiológica, denominada por Leavell & Clark
(1976) como período pré-patogênico, é a própria evolução das inter-relações
dinâmicas envolvendo os condicionantes sócio-econômicos e ecológicos e as
condições intrínsecas do suscetível até ao estabelecimento de uma configuração
de fatores que sejam propícios à instalação da doença no suscetível. É também a
descri,ào desta evolução. Envolve as interações entre o agente da doença no
organismo sadio e as condições sócio-econômico-culturais que permitem a
existência desses fatores”.
AGRAVO é o dano acarretado à
estrutura orgânica ou funcional de um hospedeiro como consequência da ação de
um agente causal. (Côrtes, 1993)
AVALIAR consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a
respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o
objetivo de ajudar na tomada de decisões (Hartz, 2000)
Uma INTERVENÇÃO é constituída pelo conjunto dos meios (físicos, humanos,
financeiros, simbólicos) organizados em um contexto específico, em um dado
momento, para produzir bens ou serviços com o objetivo de modificar uma
situação problemática (Hartz, 2000)
VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA
É o conjunto de procedimentos permanentes por meio do qual tomamos
conhecimento dos eventos relacionados com a presença de doenças em determinada
área geográfica tendo como propósito básico a obtenção contínua de
conhecimentos sobre os componentes envolvidos com a ocorrência de doenças,
visando oferecer elementos de apoio aos programas de prevenção, tanto a nível
de controle como de erradicação destas tendo como objetivos:
1. Obter
informações acerca de doenças segundo a área geográfica, o tempo e os
agentes responsáveis;
2. Recursos
disponíveis para seu controle;
3. Fatores
ambientais relevantes, tanto de natureza física como biológica e
sócio-econômico-cultural;
4. Processar
as informações obtidas como registro, análise, organização, interpretação e publicação dos resultados
gerando novos conhecimento pertinente à realidade existente.