Esta classificação embora sirva para mostrar os diferentes tipos de
penetração dos inseticidas no organismo dos insetos, não é funcional porque em
geral os inseticidas agem de mais de uma maneira.
INGESTÃO
O ponto de penetração ou absorção pelo organismo do inseticida via oral,
é o intestino médio, sendo daí transportado através da hemolinfa (sangue dos
insetos) para certos músculos.
Não se verifica absorção através das outras partes do intestino e reto.
Comumente a defesa do inseto com relação ao inseticida de ingestão é o cheiro
(odor).
As dificuldades encontradas para que o inseticida atue por ingestão são
diversas: o inseticida pode ser regurgitado após ter sido ingerido ou pode
causar uma hiper secreção de sucos intestinais eliminando o tóxico na forma de
diarréia, impedindo a ação do inseticida .
Este processo
ocorre no controle de larvas de moscas quando realizamos a pulverização sobre
esterco, lixo onde as moscas põem os ovos e as larvas se alimentam deste
material se intoxicando.
Também ocorre
quando realizamos o controle de mosquitos na sua fase larval nos focos de água parada.
O mosquito ao filtrar a água para dela, retirar seu alimento ingere o
inseticida.
De qualquer forma
este mecanismo de ação ocorre pela ingestão do inseticida.
PULVERIZAÇÃO ESPACIAL – FOG E UBV
Entendemos ação fumigante
àquela aplicada na forma de vapor, gás, neblina e que agem através da
penetração do inseticida pelos espiráculos (= estígmas) juntamente com o ar,
sendo conduzido para o interior do organismo até músculos e nervos.
Os espiráculos são orifícios
existentes ao par em cada segmento abdominal, um de cada lado. Funcionam como
se fossem o nariz dos insetosa uma vez que o ar entra levando oxigênio até as
células através de um sistema de canais chamado de sistema traqueal que
constitui o sistema respiratório dos insetos. Por este mesmo sistema, ao
inverso o gás carbônico é levado ao exterior.
Este sistema ocorre tanto nos insetos adultos como na fase larval.
Nos insetos o sistema
circulatório não participa do transporte de gases respiratórios apenas
alimentos, por não ter pigmento respisratório. Desta forma seu sangue não tem
cor.
Também pode atuar através de
partes não esclerosadas como antenas, patas, aparelho bucal, regiões
intersegmentares do corpo do inseto.
Este efeito se manifesta pela
pulverização direta sobre o inseto uma vez que esta técnica permite o
inseticida se expandir no ambiente ficando neste por um determinado tempo.
Tempo este que é bastante curto pois as gotas são muito pequenas, geralmente
menores de 50 mm e por esta razão evaporam muito rapidamente.
Sua vantagem reside em uma
maior área de controle com menos produto, redução rápida da população
infestante e penetração em locais onde não conseguimos acessar.
Sua desvantagem é que não
deixa residual. Por esta razão quando pulverizamos uma área interna ela deverá
ficar fechada por um longo tempo de forma que seu efeito possa se manifestar
mais intensamente.
É possível usá-la externamente mas seu efeito não é
muito eficaz uma vez que se evapora rapidamente ou se desloca pelo efeito do
vento. Este é um risco uma vez que pode ser levado para outros locais fora do
alvo podendo ocasionar problemas ambientais.
Por isto, nesta situação, deve ser usado pelo início da
manhã ou final da tarde quando o vento é mais ameno e principalmente quando há
inversão térmica, pois aí a névoa permanecerá mais tempo sobre o alvo.
Este procedimento em áreas externas tem sua importância
quando desejamos reduzir rapidamente uma população ou reduzir um risco
epidêmico.
O
efeito fumigante pode ser determinado por inseticidas com alta pressão de vapor
como o DDVP e por equipamentos de pulverização espacial (termonebulização e
UBV) usando inseticidas na formulação concentrado
emulsionável ou ainda atomizadores regulados para emitirem gotas de 50 mm (UBV).
O mecanismo pelo qual se
processa a intoxicação por fumigação reside no tamanho das partículas (UBV –
entre 25 e 50mm e Fog – menor de 25mm) que sendo muito pequenas, conseguem pentrar através
dos espiráculos (= estígmas) e/ou serem absorvidas por determinadas partes do
inseto.
PULVERIZAÇÃO DIRETA E RESIDUAL
Dentre as técnicas
de aplicação de inseticidas que agem por contato temos a pulverização direta e
a residual.
Na pulverização
direta é quando realizamos a aplicação do inseticida sobre o alvo. Pode ser
quando estamos realizando uma aplicação residual sobre uma determinada
superfície e o fazemos sobre o inseto, o que não é comum.
Normalmente esta
pulverização ocorre quando estamos realizando o controle de larvas que pode ser
de moscas ou de mosquitos, por exemplo. Isto porque estamos vendo onde o alvo
se encontra e ele não tem a característica de ficar se deslocando dentro do ambiente.
Nesta situação o
inseticida vai agir tanto por ingestão (pois as larvas estarão ingerindo ou
filtrando a água com inseticida) como por contato pois o inseticida estará
sendo lançado sobre as larvas.
Na pulverização
residual é quando aplicamos o inseticida sobre uma determinada superfície sobre
a qual o inseto irá pousar ou se
deslocar. Este inseticida precisará ter um certo poder residual para que
fique à disposição do inseto por um determinado tempo o qual depende de uma
série de fatores como:
1) Formulação (os
inseticidas de lenta liberação como os PM e ME tem mais poder residual que os
CE);
2) pH da água (a
grande maioria dos inseticidas tem uma meia vida maior em meio ácido que
alcalino). Isto é válido tanto para inseticidas domissanitários como
agrotóxicos além de fungicidas, herbicidas, etc.
3) Temperatura (quando
mais quente mais rapidamente o inseticida evapora);
4) Vento (quanto maior
a velocidade do vento mais rapidamente o inseticida evapora);
5) Raios UV emitidos
pelo sol e lâmpadas fluorescentes degradam rapidamente o inseticida;
Esta tabela mostra claramente o efeito do pH sobre a taxa de mortalidade de moscas em diferentes tempos. O pH ácido tem um efeito inseticida bem superior ao alcalino. |
7) Tamanho de gotas emitidas pelo equipamento de
pulverização (gotas acima de 80 mm tem maior tempo de residual aumentando
o residual conforme aumente a gota);
8) Equipamento
utilizado (pulverizadores simétricos e atomizadores regulados para emitir gotas
maiores produzem efeito residual enquanto que atomizadores regulados para
emitirem gotas pequenas e pulverizadores UBV e termonebulizadores não conferem
pulverização residual); entre outros.
O inseticida com
ação de contato pode atuar pelas vias traqueais (sistema respiratório), ou
através da cutícula, pelos poros distribuidos pela superfície do corpo, nos
pelos ou cerdas sensitivas implantadas na epicutícula e que se destinam à
transmissão das excitações nervosas de causa mecânica, através de um filete
nervoso que atravessa a camada de quitina ou ainda pelos tegumentos intersegmentares
da cutícula da quitina, atingindo sempre o sistema nervoso.
Todos os
inseticidas modernos possuem este tipo de ação. Para que o tóxico chegue a
atuar por contato, é necessário que este atravesse a barreira
epicutícula-cutícula.
A condição básica
para que isso aconteça é que o inseticida por contato seja lipossolúvel. Nesse
caso, a epicutícula impermeável à água, assume o papel de conduzir o inseticida
à cutícula da quitina, sendo finalmente possível sua penetração até atingir as
terminações nervosas.
Soluções aquosas e
suspensões de inseticidas com alta tensão superficial, são incapazes de entrar
pela traquéia. No entanto, óleos minerais e soluções aquosas adicionadas de
substâncias que reduzem a tensão superficial dos líquidos podem penetrar com
facilidade.
Os inseticidas com propriedades voláteis também
penetram por esse meio, no corpo dos insetos. Os espiráculos se comunicam na
parte interna com as traquéias que conduzem os inseticidas para os músculos e
nervos.
Com relação a ação
de contato, alguns pontos vulneráveis do corpo do inseto, podem ser
considerados: as antenas, patas, peças bucais e algumas partes do tórax (parte
ventral).
Os inseticidas na
forma de pó bastante fino (polvilhamento) podem penetrar através dos
espiráculos.