quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

TERMINOLOGIA USADA EM SAÚDE PÚBLICA


1. ZOONOSES: Segundo a Organização Mundial da Saúde são doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. Isto significa que o animal ou pessoa pode estar doente ou infectado (tem o parasita, mas não tem a doença, mas pode transmitir este parasita para outro animal ou pessoa e ficar doente ou não).
Zoonoses podem ser adquiridas quando pessoas entram em contato direto com animais doentes ou vice-versa , através de alimentos contaminados (água não tratada, carne crua ou mal cozida e seus derivados, leite cru ou seus derivados e através de vetores ou reservatórios.


 2. RESERVATÓRIO: É o ser humano ou animal, artrópode, solo ou matéria inanimada, em que um agente infeccioso vive em condições de dependência primordial e se reproduz de modo a ser transmitido a um hospedeiro susceptível.

3. HOSPEDEIRO: É um ser vivo, o homem ou outro animal, inclusive aves e artrópodes que oferecem condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso.

O hospedeiro em que o parasita atinge a maturidade ou passa sua fase sexuada se denomina Hospedeiro Primário ou Definitivo, aquele em que o parasita se encontra em forma larvária ou assexuada, de Hospedeiro Secundário ou Intermediário.

4. VEÍCULOS: São os objetos ou materiais contaminados que servem de meio mecânico para um agente infeccioso ser transportado e introduzido em um hospedeiro.
 São exemplos: vestuário, roupas de cama, utensílios de copa e cozinha, instrumentos cirúrgicos, objetos de uso pessoal usados por outros (fômites), partículas de solo, poeira em suspensão, ar, água, alimentos, produtos biológicos como sangue para transfusão.

 
 5. VETORES: São insetos capazes de veicular patógenos de um enfermo para um sadio. Podem ser biológicos quando o parasita realiza parte de seu ciclo de vida em seu interior (é o caso da malária no mosquito anofelino) ou mecânicos quando o vetor apenas transporta o agente, ou este passa diretamente pelo trato digestivo (Salmonella, ovos de vermes).

6. CONTAMINAÇÃO: Quando o agente está presente nas roupas, objetos, água, solo, alimento (alimento contaminado) que entrando no hospedeiro pode ocasionar doença.

7. FONTE DE INFECÇÃO: É a pessoa, animal, objeto ou substância da qual um agente infeccioso passa diretamente para o susceptível. Quando a fonte de infecção é um ser inanimado pode ser chamado de veículo.

 
8. INFECÇÃO: É a penetração no organismo de um agente que nele se multiplica podendo causar doença aparente  ou não (doença infecciosa) sendo transmitida de indivíduo para indivíduo ou através de um vetor/reservatório.

9. INFESTAÇÃO: É o alojamento com ou sem reprodução ou desenvolvimento na superfície do corpo ou na roupa. Também pode-se designar quanto à presença de ratos e insetos em determinado lugar (solo infestado).

10. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: É o intervalo de tempo entre o momento em que ocorre a infecção ou infestação e o aparecimento das primeiras manifestações da doença.

 
11. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: É o período durante o qual o agente pode ser transferido, direta ou indiretamente, de um indivíduo a outro , este outro pode ser um homem, animal ou vetor ou de um vetor ao homem ou animal.

12. PERÍODO PATOGÊNICO: É o intervalo de tempo que vai da entrada do agente no hospedeiro até a resolução final (cura ou morte).

13. PERÍODO PRÉ-PATENTE: Intervalo de tempo que vai desde a penetração do agente no organismo do hospedeiro até o momento em que sua evidencia se torna possível pelos meios diagnósticos disponíveis.

 
14. PERÍODO PRODRÔMICO: É o tempo que vai do momento em que surgem as primeiras manifestações, ainda pouco definidas, da doença até que os sinais e sintomas se tornam definidos possibilitando o diagnóstico.

 15. SINTOMA: É qualquer alteração que uma pessoa tem em seu organismo, podendo ou não consistir-se em um indício de doença e só ela pode perceber e dimensionar não havendo aparelhos que possam medir (dor de cabeça).

 16. SINAL: São as alterações percebidas ou medidas por outra pessoa através de equipamentos específicos. Pode ser percebido por outra pessoa sem o relato ou comunicação do paciente (febre).  

 
17. PATOGENICIDADE: É a qualidade que tem um agente de produzir danos ao organismo. Pode ser definido em termos percentuais como sendo o número de casos da doença dividido pelo total de infectados multiplicado por 100.

18. VIRULÊNCIA: É a intensidade da manifestação clínica da doença, traduzida pelo grau de severidade acarretado ao hospedeiro traduzido em caso leve, grave ou fatal. Pode ser demonstrado percentualmente dividindo o número de casos graves ou fatais pelo total de casos da doença e multiplicado por 100.

19. LETALIDADE: É o maior ou menor poder que tem uma doença em provocar a morte. É calculado entre o número de óbitos por determinada causa e o número dos que foram realmente acometidos pela doença.


20. MORBIDADE: Avalia o nível de saúde e aconselha medidas para melhorar o estado sanitário da comunidade se apresenta como Incidência e Prevalência. A morbidade se avalia relacionando o número de casos de uma doença pela população total.

 21. PREVALÊNCIA: É o número de casos existentes num determinado período de tempo, casos novos ou não, mas casos existentes, dividida pela população total ou amostrada da área avaliada multiplicado por 100, 1.000, 10.000 ou 100.000.

 
22. INCIDÊNCIA: É a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado e a população exposta ao risco de adquirir referida doença no mesmo período multiplicado por 100, 1.000, 10.000 ou 100.000.

23.   INFECTIVIDADE: É a capacidade do agente de causar infecção, ou seja, de invadir, instalar-se e multiplicar-se no indivíduo. Seu conhecimento permite prever a intensidade de propagação da doença na população.

24.   CAPACIDADE IMUNOGÊNICA: É o potencial do agente em provocar, no hospedeiro, um estímulo imunitário específico.


 
25.   RESISTÊNCIA: É a habilidade do agente em superar as adversidades do ambiente, na ausência do parasitismo, isto é, fora do hospedeiro e aos fatores de defesa do organismo.

26.   PERSISTÊNCIA: É a capacidade de um agente, uma vez introduzido numa população, permanecer por tempo prolongado ou indefinidamente. É uma característica estritamente relacionada ás demais citadas anteriormente.

27. JANELA IMUNOLÓGICA: É o intervalo entre a infecção de um vírus e a detecção pelos exames laboratoriais.

 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

SINANTRÓPICOS E SAÚDE PÚBLICA

Saúde e qualidade de vida são dois temas relacionados. Isto é, a saúde contribui para melhorar a qualidade de vida e esta é fundamental para que um indivíduo ou comunidade tenha saúde.
Qualidade de vida serve para medir as condições da vida de um ser humano. Envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais com a família e amigos e também a saúde, educação, e outras circunstâncias da vida.

 Qualidade de Vida é mais do que ter uma boa saúde física ou mental. É estar de bem com você mesmo, com a vida, com as pessoas queridas e com todos ao seu redor, enfim, estar em equilíbrio.  Esse equilíbrio diz respeito ao controle de sua vida e dos acontecimentos à sua volta.

Fato fundamental na melhoria da qualidade de vida é a pessoa ou comunidade estar em perfeito estado de saúde para que possa desenvolver todas as outras atividades que vão proporcionar uma melhor qualidade de vida.

Mas o que ter saúde, como definir este item fundamental à vida. Tem-se tentado defini-la de várias formas e não temos uma única definição ou apenas uma forma de definir o que é estar com saúde.
Segundo a OMS Saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.

Trata-se de definição irreal por que, aludindo ao “completo bem-estar", coloca uma utopia. O que é “completo bem-estar?" É por acaso possível caracterizar-se o completo, o total o perfeito bem estar?
A Carta das Nações Unidas diz que estar em boa saúde é um dos direitos fundamentais do ser humano, sem distinção de raça, religião, ideologia, política ou condição econômica e social. 

Perkns, 1938 diz que Saúde é um estado de relativo equilíbrio, da forma e função do organismo, resultante do seu ajustamento dinâmico e satisfatório, às forças que tendem perturba-lo.
Quanto a este conceito não podemos esperar a existência de uma condição estável de saúde ou de doença, mas de uma luta permanente entre o organismo, o hospedeiro e as forças ou estímulos, de natureza variada, que tentam romper o equilíbrio estabelecido ao nível que corresponde ao seu gráu de saúde.

Saúde Pública são práticas em termos de ações e medidas que evitem, reduzam e/ou minimizem agravos à saúde da população, assegurando condições para a manutenção e sustentação da vida humana aplicando conhecimentos (médicos ou não) nos fatores condicionantes e determinantes do processo saúde-doença e desta forma previne as doenças mediante esforços da comunidade.

Torna-se, pois, indispensável à identificação das causas e a descoberta do modo como participam do processo doença, para que se torne possível uma ação efetiva, capaz de antagonizá-las e, por conseguinte, prevenir seus efeitos.

Prevenção em saúde pública é a ação antecipada com base no conhecimento da história natural, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma doença. “Prevenir é prever antes que algo aconteça ou mesmo, cuidar para que não aconteça” (Rouquaryol, 1983).
Ao se estudar as razões pelas quais determinadas doenças atingem uma população é fundamental identificar a história natural das doenças que são as inter-relações dinâmicas entre o agente, o doente, o susceptível, suas condições intrínsecas, o ambiente e as condições sócio-econômico-culturais que afetam o processo saúde-doença.

O conhecimento destes fatores torna a prevenção possível na medida em que se removem fatores responsáveis pela doença.

Um dos importantes instrumentos usados em saúde pública para identifica fatores geradores de um problema é a vigilância epidemiológica que é o conjunto de procedimentos permanentes por meio do qual tomamos conhecimento dos eventos relacionados com a presença de doenças em determinada área geográfica tendo como propósito básico a obtenção contínua de conhecimentos sobre os componentes envolvidos com a ocorrência delas, visando oferecer elementos de apoio aos programas de prevenção, tanto a nível de controle como de erradicação destas, quando possível, tendo como objetivos:

Obter informações acerca de doenças segundo a área geográfica, o tempo e os agentes responsáveis;
1. Recursos disponíveis para seu controle; Fatores ambientais relevantes, tanto de natureza física como biológica e sócio-econômico-cultural;
3. Processar as informações obtidas como registro, análise, organização, interpretação e publicação dos resultados gerando novos conhecimento pertinente à realidade existente.
4. Dentre as  características especiais do ambiente que interferem no padrão de saúde da população estão os fatores biológicos, físicos e químicos.

 Em relação aos fatores de perigo biológico para a saúde humana estão os vetores e reservatórios responsáveis pela transmissão de doenças.
As doenças transmitidas por vetores/reservatórios vão além da simples relação entre agente e hospedeiro. Tem os aspectos relacionados ao agente, vetor, susceptível e o ambiente onde se relacionam. A prevenção está em remover fatores capazes de criar uma condição inadequada ao equilíbrio saúde-doença.

 Apenas o uso de químicos sem considerar os demais aspectos não resolverá o problema, principalmente quando medidas são tomadas apenas no momento da crise.
Vemos aqui em toda esta conceituação que existem três fatores fundamentais que são o ambiente, o hospedeiro e o agente etiológico.

O HOSPEDEIRO

De acordo com a Associação Americana de Saúde Pública (1980) hospedeiro é o homem ou outro animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que ofereça, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso.

Alguns protozoários e helmintos passam fases sucessivas em hospedeiros alternados, de diferentes espécies.

O homem poderá tanto funcionar como hospedeiro intermediário como definitivo dependendo da doença.
Por exemplo, na teníase-cisticercose, o homem é HD com a tênia e HI com a larva encistada (cisticerco).

Suscetível é aquele ser vivo (homem ou não) no qual um agente etiológico se instala podendo ou não manifestar doença.
Se o agente etiológico for um ser vivo, o suscetível pode se denominar hospedeiro.

A suscetibilidade tem a ver com fatores genéticos, sócio-econômico-cultural, idade, sexo, cor da pele, etc.
Em relação ao hospedeiro temos que analisar que fatores estão relacionados a ele e que necessitam serem analisados para ver sua relação com o vetor e a doença e assim poder controlar a situação.

 1. Controle do vetor
 2. Problema social    
 3. Problema educativo
 4. Diagnóstico diferencial e exames laboratoriais rápidos
 5. Proximidade de focos
 6. Saneamento
 7. Conhecimento dos problemas
    8. Cuidados com o peridomicílio    
    9.Movimentos comunitários
    10. Busca por atendimento médico
    11. Identificação de focos
    12. Controle focal, perifocal e ambiental
    13. Uso de inseticidas adequados
    14. Uso de equipamentos adequados
    15. Vigilância entomológica, epidemiológica e virológica permanente
    16. Ecologia do vetor
    17. Educação para a saúde    
    18. Polícia sanitária
    19. Programas de controle permanente
    20. Influência do clima

    O AMBIENTE

    O ambiente é o conjunto de todos os fatores que mantem relações interativas com o agente etiológico, o susceptível e o vetor/reservatório, incluindo o meio físico, biológico, químico e social que favorecem ou não as condições de vida, manutenção biológica e transmissibilidade de todos os envolvidos na presença ou não de doença.
    Este ambiente poderá oferecer condições de manutenção de determinado vetor/reservatório de forma a que possa transmitir agentes patogênicos.

     a) FATORES FÍSICOS como umidade, temperatura, pluviosidade, radiações, latitude, longitude, relevo, composição do solo, coleções de água, ventos, etc. são fatores que influenciam as condições de saúde da população, do agente e do vetor/reservatório.
     
    Exemplo marcantes são dados por doenças transmitidas por vetores onde a existência do vetor e do agente no seu organismo depende do comportamento de quase todos os fatores acima relacionados.
    Além dos exemplos clássicos fornecidos pela malária, filariose e arboviroses é interessante lembrar a ausência datripanossomíase africana (doença do sono); não só fontes de infecção como as moscas tsé-tsé, foram introduzidas no Brasil, mas a doença não existe pois o vetor não encontrou condições do meio favoráveis à sua instalação.
    Vale lembrar que muitos vetores se adaptam às variações do estado físico do ambiente se mantendo em épocas não comuns. É o caso do borrachudo, que hoje agride o homem durante o ano todo e em diferentes horários.
    É o caso do Aedes aegypti que se desenvolve em águas poluídas e não apenas em águas limpas.
    O aumento da população de vetores é uma consequência do aumento de criadouros pelo acúmulo de água, por exemplo, ou por aumento de temperatura dispersando insetos para regiões onde não ocorriam.
    b) FATORES QUÍMICOS podem ser por excesso ou falta, em condições naturais de determinados componentes químicos no solo ou na água ou sua adição a estes dois meios ou ao ar.
    O que pode constituir fatores de doenças. Podem ser exemplos a fluorose (dentes manchados) e a cárie dentária ocasionados, respectivamente, ao excesso e falta de flúor na água; o bócio endêmico associado à falta de iodo na água; a poluição do ar, solo e água por substâncias cancerígenas, mutagênicas, tóxicas e irritantes.
     
    d) FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAIS  são tão importantes quanto os físicos, químicos e biológicos no condicionamento da saúde ou doença. 
    Se os ambientes físicos e biológicos albergam fatores ainda não controlados, contribuintes para a geração de enfermidades, é também verdade que um bom nível sócio-econômico-cultural como que neutraliza os fatores ambientais adversos presentes.
     A recíproca é verdadeira. Um baixo nível sócio-econômico-cultural está sempre associado a um baixo padrão do nível de saúde.   
                                                                                                                                                                                                                                                                      Podemos concluir que os fatores sociais e não apenas os climáticos são, em grande parte, o elemento básico na causalidade da doença. Haja visto a tungíase secundária, o aumento dos casos de dengue.                                  
    d) FATORES BIOLÓGICOS são aqueles que envolvem a existência de animais que tem participação na ocorrência de doenças humanas, seja como vetores, seja como hospedeiro. Entre outros exemplos, podem ser lembradas as populações de anofelinos da malária, culicídios da dengue, carrapatos das matas da febre maculosa.  
    É a presença de animais como fonte de ingestão sanguíneo (bovinos, equinos, caninos, aves, etc.) permitindo o desenvolvimento de mosquitos, moscas e borrachudos. Por exemplo.
    Por outro lado as características da flora que provem condições de sobrevida a elementos da cadeia de transmissão como a flora onde algumas espécies mantêm água no seu interior (bromélias) permitindo o desenvolvimento larval de mosquitos.
    É a vegetação rasteira que permite a localização de carrapatos facilitando seu deslocamento para animais onde se instala como parasita ou vetor (febre maculosa).
    Estes fatores são interdependentes, podendo ser objeto de modificações decorrentes da ação do próprio homem.
    Exemplos marcantes são dados pelo processo de urbanização, pelas atividades agropastoris, pelas obras que alteram o sistema hidrográfico e a topografia, com consequencias favoráveis, ou, em certos casos, desfavoráveis, para a saúde do homem.

    Os seguintes fatores tem que ser identificados como possíveis de serem responsáveis pela presença, manutenção e permanência do vetor/reservatório, do hospedeiro e do agente:
    1. Temperatura
    2. Chuvas
    3. Aumento do número de focos   
    4. Repasto sanguíneo
    5. Densidade populacional
    6. Aumento da viremia
    7. Aumento da capacidade de transmissão
    8. Longevidade do agente etiológico dentro do vetor
    9. Tempo que o vetor tem para transmitir depois de infectado
    10. Presença de infectados

    O AGENTE ETIOLÓGICO

    Etiologia é um substantivo grego que significa o estudo das causas. Não é específica de uma determinada ciência mas está presente na Biologia, Criminologia, Medicina, Psicologia por possuírem em seu campo de atuação a busca das causas que deram origem ao seu objeto de estudo. É uma  espécie de ciência das causas. O conceito abrange toda a pesquisa que busca as causas de determinado objeto ou conhecimento.
    Nas ciências que tem como objeto de estudo as doenças a etiologia se preocupa com as causas destas doenças: os agentes ou fatores causais de doença, a sua proveniência endógena ou exógena, o papel que desempenham na causalidade multifatorial das doenças e o seu potencial agressivo ou virulência.

    Neste sentido derivou o adjetivo etiológico como sendo aquele que causa a doença, é o agente etiológico. Alguns agentes etiológicos são de natureza inanimada tais como: as radiações, os poluentes químicos do ar, da água, do solo, dos alimentos, drogas usadas como remédios ou por vício, álcool, fumo, aditivos químicos dos alimentos e pesticidas entre outros.

    Nas doenças transmissíveis e zoonoses, estes agentes são seres vivos. Na sua luta pela sobrevivência, organismos vivos parasitam outros organismos vivos, espoliando-os e produzindo enfermidades.
    Pertencem a esta categoria os virus, riquétsias, bactérias, fungos, protozoários, helmintos e outros mais, são seres vivos de vida parasitária.
    É possível enquadrar nesta categoria alguns animais de vida parasitária exclusiva ou não como pulgas, carrapatos, simulídeos, mosquitos fêmeas que precisam de sangue após sua fecundação pois mesmo não transmitindo algum agente no momento da espoliação estão, no entender da OMS, causando doença.

    Neste sentido poderíamos dizer que estes insetos e aracnídeos estão, neste momento funcionando não como um vetor, mas como um agente etiológico.

    Nas doenças transmissíveis, a compreensão deste fenômeno está na dependência do conhecimento das respostas para as seguintes questões:
    - O que?
    - De onde?
    - Para onde?
    - Por que meios?

    Em que pese ser a doença um processo multicasual, para o qual concorrem inúmeros fatores, no caso particular das doenças transmissíveis, a presença ou ausência do agente específico configura-se como condição fundamental para a manifestação da doença, pois se a presença dele nem sempre é suficiente para o estabelecimento da doença, essa não ocorre sem a sua participação.
    Neste caso o agente é um determinante indispensável mas não necessariamente suficiente para o desenvolvimento da doença infecciosa.

    Henle & Koch no século XX estabeleceram os elementos fundamentais capazes de assegurar a participação efetiva de determinado agente num processo específico de doença conhecido como Postulados de Henle & Koch:


    a)     Deve estar presente em todos os casos da doença
    b)  Não deve ocorrer em outras doenças como parasita ocasional e não patogênico;
    c)    Deve ser isolado em cultura pura a partir de material colhido do enfermo, repassado repetidamente e, quando inoculado em um sadio manifestar a mesma doença.

    Sob o ponto de vista epidemiológico as propriedades dos bioagentes que mais importam são as que regem sua relação com o hospedeiro e as que contribuem para o aparecimento de doença como produto desta relação bem como as condições de sobrevivência na natureza:
    1. INFECTIVIDADE: É a capacidade do agente de causar infecção, ou seja, de invadir, instalar-se e multiplicar-se nos tecidos do indivíduo. Seu conhecimento permite prever a intensidade de propagação da doença na população.
    2. PATOGENICIDADE: É a capacidade do agente em desenvolver efeitos maléficos, isto é, agravos, ao organismo hospedeiro. É identificada pela frequência da manifestação na  população e definida como um número.

    3. VIRULÊNCIA: Corresponde à intensidade da manifestação clínica da doença, traduzida pelo gráu de severidade do agravo ou dano acarretado ao hospedeiro. 
    4. CAPACIDADE IMUNOGÊNICA: É representada pelo potencial do agente em provocar, no hospedeiro, um estímulo imunitário específico.
     
    5. RESISTÊNCIA: É a habilidade do agente em superar as adversidades do ambiente, especificamente as influências deletérias do meio quando na ausência do parasitismo, isto é, fora do organismo do hospedeiro mas também a resistência do agente aos fatores de defesa orgânico.
     
    6. PERSISTÊNCIA: reflete a capacidade de um agente, uma vez introduzido numa população, permanecer por tempo prolongado ou indefinidamente. É uma característica estreitamente relacionada ás demais citadas anteriormente.
     
    O que devemos observar em relação ao agente etiológico?

    1. Se sobrevive fora do hospedeiro ou não
    2. Fontes de contaminação
    3. Mecanismo de transmissão
    4. Infectividade
    5. Virulência
    6. Patogenicidade      
    7. Longevidade
    8. Persistência
    9. Resistência
    10. Capacidade imunogênica

     

     

     

     

    terça-feira, 25 de setembro de 2012

    MECANISMO DE AÇÃO DOS INSETICIDAS


    Esta classificação embora sirva para mostrar os diferentes tipos de penetração dos inseticidas no organismo dos insetos, não é funcional porque em geral os inseticidas agem de mais de uma maneira.
    INGESTÃO


    O ponto de penetração ou absorção pelo organismo do inseticida via oral, é o intestino médio, sendo daí transportado através da hemolinfa (sangue dos insetos) para certos músculos.
    Não se verifica absorção através das outras partes do intestino e reto. Comumente a defesa do inseto com relação ao inseticida de ingestão é o cheiro (odor).

    As dificuldades encontradas para que o inseticida atue por ingestão são diversas: o inseticida pode ser regurgitado após ter sido ingerido ou pode causar uma hiper secreção de sucos intestinais eliminando o tóxico na forma de diarréia, impedindo a ação do inseticida .
    Este processo ocorre no controle de larvas de moscas quando realizamos a pulverização sobre esterco, lixo onde as moscas põem os ovos e as larvas se alimentam deste material se intoxicando.

    Também ocorre quando realizamos o controle de mosquitos na sua fase larval nos focos de água parada. O mosquito ao filtrar a água para dela, retirar seu alimento ingere o inseticida.
    De qualquer forma este mecanismo de ação ocorre pela ingestão do inseticida.

    PULVERIZAÇÃO ESPACIAL – FOG E UBV
    Entendemos ação fumigante àquela aplicada na forma de vapor, gás, neblina e que agem através da penetração do inseticida pelos espiráculos (= estígmas) juntamente com o ar, sendo conduzido para o interior do organismo até músculos e nervos.

    Os espiráculos são orifícios existentes ao par em cada segmento abdominal, um de cada lado. Funcionam como se fossem o nariz dos insetosa uma vez que o ar entra levando oxigênio até as células através de um sistema de canais chamado de sistema traqueal que constitui o sistema respiratório dos insetos. Por este mesmo sistema, ao inverso o gás carbônico é levado ao exterior.
     
    Este sistema ocorre tanto nos insetos adultos como na fase larval.

    Nos insetos o sistema circulatório não participa do transporte de gases respiratórios apenas alimentos, por não ter pigmento respisratório. Desta forma seu sangue não tem cor.
    Também pode atuar através de partes não esclerosadas como antenas, patas, aparelho bucal, regiões intersegmentares do corpo do inseto.

    Este efeito se manifesta pela pulverização direta sobre o inseto uma vez que esta técnica permite o inseticida se expandir no ambiente ficando neste por um determinado tempo. Tempo este que é bastante curto pois as gotas são muito pequenas, geralmente menores de 50 mm e por esta razão evaporam muito rapidamente.
    Sua vantagem reside em uma maior área de controle com menos produto, redução rápida da população infestante e penetração em locais onde não conseguimos acessar.


    Sua desvantagem é que não deixa residual. Por esta razão quando pulverizamos uma área interna ela deverá ficar fechada por um longo tempo de forma que seu efeito possa se manifestar mais intensamente.
    É possível usá-la externamente mas seu efeito não é muito eficaz uma vez que se evapora rapidamente ou se desloca pelo efeito do vento. Este é um risco uma vez que pode ser levado para outros locais fora do alvo podendo ocasionar problemas ambientais.

    Por isto, nesta situação, deve ser usado pelo início da manhã ou final da tarde quando o vento é mais ameno e principalmente quando há inversão térmica, pois aí a névoa permanecerá mais tempo sobre o alvo.
    Este procedimento em áreas externas tem sua importância quando desejamos reduzir rapidamente uma população ou reduzir um risco epidêmico.

     O efeito fumigante pode ser determinado por inseticidas com alta pressão de vapor como o DDVP e por equipamentos de pulverização espacial (termonebulização e UBV) usando inseticidas na formulação concentrado emulsionável ou ainda atomizadores regulados para emitirem gotas de 50 mm (UBV).
    O mecanismo pelo qual se processa a intoxicação por fumigação reside no tamanho das partículas (UBV – entre 25 e 50mm e Fog – menor de 25mm) que sendo muito pequenas, conseguem pentrar através dos espiráculos (= estígmas) e/ou serem absorvidas por determinadas partes do inseto.

    PULVERIZAÇÃO DIRETA E RESIDUAL
    Dentre as técnicas de aplicação de inseticidas que agem por contato temos a pulverização direta e a residual.

    Na pulverização direta é quando realizamos a aplicação do inseticida sobre o alvo. Pode ser quando estamos realizando uma aplicação residual sobre uma determinada superfície e o fazemos sobre o inseto, o que não é comum.
    Normalmente esta pulverização ocorre quando estamos realizando o controle de larvas que pode ser de moscas ou de mosquitos, por exemplo. Isto porque estamos vendo onde o alvo se encontra e ele não tem a característica de ficar se deslocando dentro do ambiente.

    Nesta situação o inseticida vai agir tanto por ingestão (pois as larvas estarão ingerindo ou filtrando a água com inseticida) como por contato pois o inseticida estará sendo lançado sobre as larvas.
    Na pulverização residual é quando aplicamos o inseticida sobre uma determinada superfície sobre a qual o inseto irá pousar ou se  deslocar. Este inseticida precisará ter um certo poder residual para que fique à disposição do inseto por um determinado tempo o qual depende de uma série de fatores como:

    1) Formulação (os inseticidas de lenta liberação como os PM e ME tem mais poder residual que os CE);
    2) pH da água (a grande maioria dos inseticidas tem uma meia vida maior em meio ácido que alcalino). Isto é válido tanto para inseticidas domissanitários como agrotóxicos além de fungicidas, herbicidas, etc.

    3) Temperatura (quando mais quente mais rapidamente o inseticida evapora);
    4) Vento (quanto maior a velocidade do vento mais rapidamente o inseticida evapora);

    5) Raios UV emitidos pelo sol e lâmpadas fluorescentes degradam rapidamente o inseticida;
    Esta tabela mostra claramente o efeito do pH sobre a taxa de mortalidade de
    moscas em diferentes tempos. O pH ácido tem um efeito inseticida bem
    superior ao alcalino. 
    6) Chuva (nenhuma formulação consegue resistir à lavagem pela chuva);

     7) Tamanho de gotas emitidas pelo equipamento de pulverização (gotas acima de 80 mm tem maior tempo de residual aumentando o residual conforme aumente a gota);
    8) Equipamento utilizado (pulverizadores simétricos e atomizadores regulados para emitir gotas maiores produzem efeito residual enquanto que atomizadores regulados para emitirem gotas pequenas e pulverizadores UBV e termonebulizadores não conferem pulverização residual); entre outros.  

    O inseticida com ação de contato pode atuar pelas vias traqueais (sistema respiratório), ou através da cutícula, pelos poros distribuidos pela superfície do corpo, nos pelos ou cerdas sensitivas implantadas na epicutícula e que se destinam à transmissão das excitações nervosas de causa mecânica, através de um filete nervoso que atravessa a camada de quitina ou ainda pelos tegumentos intersegmentares da cutícula da quitina, atingindo sempre o sistema nervoso.
    Todos os inseticidas modernos possuem este tipo de ação. Para que o tóxico chegue a atuar por contato, é necessário que este atravesse a barreira epicutícula-cutícula.

    A condição básica para que isso aconteça é que o inseticida por contato seja lipossolúvel. Nesse caso, a epicutícula impermeável à água, assume o papel de conduzir o inseticida à cutícula da quitina, sendo finalmente possível sua penetração até atingir as terminações nervosas.
    Soluções aquosas e suspensões de inseticidas com alta tensão superficial, são incapazes de entrar pela traquéia. No entanto, óleos minerais e soluções aquosas adicionadas de substâncias que reduzem a tensão superficial dos líquidos podem penetrar com facilidade. 


     Os inseticidas com propriedades voláteis também penetram por esse meio, no corpo dos insetos. Os espiráculos se comunicam na parte interna com as traquéias que conduzem os inseticidas para os músculos e nervos.
    Com relação a ação de contato, alguns pontos vulneráveis do corpo do inseto, podem ser considerados: as antenas, patas, peças bucais e algumas partes do tórax (parte ventral).

    Os inseticidas na forma de pó bastante fino (polvilhamento) podem penetrar através dos espiráculos.