domingo, 21 de agosto de 2011

HISTÓRIA DOS INSETICIDAS

A história dos pesticidas começa na antiguidade. Mesmo nos anos antes de Cristo os povos da China, da Grécia e da Suméria já se tinham apercebido do efeito de alguns sais inorgânicos no combate aos insetos nas suas colheitas.

Escrituras gregas e romanas de mais de 3.000 anos já mencionavam o uso de produtos químicos como o arsênico, utilizado para o controle de insetos. Os romanos antigos já usavam fumaça da queima de enxofre para controlar pulgões que atacavam as plantações de trigo.

Compostos orgânicos naturais como a piretrina, obtida das flores do crisântemo eram utilizados como inseticidas pelos chineses cerca de 2.000 anos atrás. Povos do deserto protegiam suas tendas de armazenamento de cereais acrescentando pó de piretro sobre os grãos, ou pendurando feixes dessa flor na entrada das tendas, os quais serviam como repelente de moscas e mosquitos.

Nos primórdios do século XIX, os chineses utilizavam arsênico misturado em água para controlar insetos.

Mais tarde perceberam também que certas plantas funcionavam perfeitamente como um veneno potente para a maioria dos vertebrados e invertebrados, embora não tivessem a menor idéia de quais as substâncias ativas que elas continham. Uma dessas substâncias era a nicotina extraída da planta Nicotina tabacum ou a rotenona extraída da raiz do timbó (Derris sp).

O uso “oficial” de pesticidas começou no final do século XIX, com a comercialização de alguns sais inorgânicos no combate às espécies de besouros que afetavam as plantações de batatas. No entanto a maioria destes sais eram tão tóxicos para as pragas como para o Homem.

O uso de cloreto de mercúrio como bactericida no tratamento de sementes foi registrado pela primeira vez em 1890. Assim, ao final do século XIX e nas três primeiras décadas do século XX ocorre um grande avanço no uso de produtos químicos inorgânicos ou de origem mineral para a proteção de plantas contra pragas e doenças, produtos estes basicamente constituídos por compostos inorgânicos como cloretos de mercúrio, arseniato de chumbo, de cálcio, de sódio, de alumínio, acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio, os quais vieram a compor a chamada Primeira Geração de Agrotóxicos, que se refere à época anterior a 1867, época em que se utilizavam produtos odoríficos ou irritantes, tais como excrementos e cinzas, mas também se começava a utilizar enxofre, rotenona, piretro, nicotina, óleos animais ou de petróleo.

O Verde de Paris foi o primeiro e mais emblemático pesticida sintético inorgânico, e tem uma história bastante peculiar.

Verde de Paris é o nome de um composto à base de arsênico e cobre descoberto em 1808, mas comercializado em 1814, não como pesticida, mas como um pigmento para tintas, devido à cor verde intensa. Só após se atribuir a culpa ao Verde de Paris pelos envenenamentos de algumas pessoas que pintavam quadros é que o composto foi completamente banido das tintas estando inserido em inúmeros quadros pintados durante o século XIX.

Apenas em 1867 o Verde de Paris foi introduzido no combate a pragas, sendo o principal inseticida para combater o besouro da batata no Colorado (Leptinotarsa decemlineata). Em 1900 era usado em tão larga escala que levou o governo dos Estados Unidos da América a estabelecer a primeira legislação no país sobre o uso de inseticidas.

O composto acabou por ser banido poucos anos depois, devido sua extrema toxicidade para os mamíferos.

Em 1882, descobriu-se que uma mistura de sulfato de cobre e cal - Mistura Bordeaux (Calda Bordalesa) - era um excelente fungicida para o controle de uma doença em videira denominada míldio (Plasmopara viticula).

Em 1890, um pó contendo mercúrio começou a ser utilizado para tratamento de sementes e, em 1915, foi desenvolvida uma formulação líquida para ser utilizada em controle de doenças fúngicas e tratamento de sementes.

O segundo período inicia-se em 1932 com a síntese do primeiro inseticida orgânico comercializado com o nome de Lethane 384. Exatamente durante esse período, começou o desenvolvimento mais significativo nos equipamentos de aplicação desses produtos.

A partir da I guerra mundial, final da década de 30, foram desenvolvidos agentes nervosos, mais letais que os agentes químicos iniciado pelo gás cloro desenvolvido pelo chefe do serviço de guerra química alemã Fritz Haber, Prêmio Nobel em química de 1918 - cianeto de hidrogênio, cloreto de cianogênio, gás mostarda, etc. Dentre as principais experiências envolvendo estes agentes nervosos, destacam-se os estudos do Tabun (GA), e o organofosforado Sarin (GB).

Na década de 50, diversas companhias químicas e outros cientistas trabalhando independentemente descobriram uma classe de ésteres organofosforados altamente letais, agentes nervosos ainda mais tóxicos e persistentes que os do tipo-G, classificados como agentes nervosos tipo-V com estrutura similar aos inseticidas. Dentre eles pode-se citar o VX e a sua versão russa, o Russian-VX ou R-VX.

Estes compostos organofosforados atuam da mesma forma que os inseticidas organofosforados, ou seja, atuam inibindo a ação da acetilcolinesterase. Com apenas uma gota na pele, o agente nervoso VX pode matar um ser humano em poucos minutos.

O terceiro período inicia-se a partir de 1939, com a era dos organosintéticos com o DDT.

O DDT foi sintetizado em 1874 por um estudante alemão de bioquímica, Othmar Zeider, que não tendo encontrado nenhum uso para seu composto, permaneceu na gaveta por mais de 60 anos até que o suiço Paul Herman Muller, da Geigy, tropeçar nele em 1939 quando procurava um inseticida capaz de matar o Anopheles sp causador da malária que desde os tempos primitivos flagela a espécie humana. Com esta descoberta ganhou o premio Nobel de medicina em 1948.

O DDT iniciou seu uso durante a II Grande Guerra para matar os piolhos que atacavam as tropas nas trincheiras. Com o fim da guerra a indústria química procurou uma nova utilização para as toneladas que tinha em estoque. O alvo foram os insetos que atacavam as produções agrícolas e na sequência os insetos que transmitiam doenças.

Sem dúvida alguma foi o pesticida de maior importância histórica, devido ao seu impacto ambiental, na agricultura e saúde humana.

Este composto, surpreendentemente, demonstrava ser eficaz contra uma vasta gama de insetos, o que levou a uma rápida comercialização e a um uso vastíssimo na década de 60.

Desta forma o DDT foi rapidamente apelidado como o pesticida “salva-vidas” perfeito e eficiente, que aparentemente não era prejudicial para a saúde pública.

No Brasil, no início dos anos 50, a introdução de inseticidas fosforados para substituir o uso do DDT, veio acompanhada de um método cruel.

Gases venenosos testados na Primeira Guerra foram evitados na Segunda Grande Guerra, devido aos efeitos devastadores para ambos os lados. Porém muitas pesquisas foram desenvolvidas, pois concluíram que o que mata gente também mata insetos. Fazem novas fórmulas e as comercializam como inseticidas.
A Bayer desenvolve os ésteres do ácido fosfórico, os quais posteriormente deram origem aos inseticidas do grupo do Parathion.

Foi ensinado que para misturar o DDT, formulado como pó solúvel na água, o agricultor deveria usar o braço, com a mão aberta girando meia volta em um e outro sentido, para facilitar a mistura.

Como o DDT tem uma dose letal alta (demanda uma alta absorção do produto para provocar a morte), somente cerca de 15 anos depois os problemas de saúde apareciam.

Contudo, quando o agricultor tentava repetir a técnica com o Parathion, primeiro fosforado introduzido no Brasil, morria rapidamente, fato que se repetiu em diversas regiões do país.

A partir do conhecimento dos efeitos adversos em função de uso indiscriminado destes inseticidas como resistência, presença de resíduos em alimentos e problemas ambientais começa a surgir uma nova consciência no mundo a respeito dos danos causados pelos inseticidas. Podemos dizer que esta nova era da tomada de atitude contra os danos causados pelos pesticidas iniciou com a publicação, em 1962, do livro Primavera Silenciosa da naturalista americana Rachel Carson. Na realidade este livro tem como foco principal o uso indiscriminado do DDT.

Já no final da década de 50, professores da Universidade da Califórnia publicaram um trabalho sobre o conceito de controle integrado, que se transformou num marco da Entomologia Aplicada.

Os autores propuseram uma estratégia de convivência com as pragas, dando oportunidade ao controle biológico natural e recomendando o controle químico quando a população da praga atinge níveis que causam prejuízos maiores do que os custos de controle. Segundo alguns autores este conceito durou uns 10 anos seguido pelo MIP.

A partir deste momento o assunto continua com o post já publicado sobre CIP-MIP-MEP GERENCIAMENTO