quinta-feira, 24 de novembro de 2016

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE INSETICIDAS PARTE 3

PULVERIZADORES SIMÉTRICOS

Assim chamados pelo fato de se poder usar a alavanca dos dois lados, podem se de compressão prévia ou não. São os equipamentos que geram gotas em função de uma determinada pressão exercida sobre a calda. Após sua formação, as gotas são levadas ao alvo por pressão.

São os tradicionais pulverizadores costais. Nestes pulverizadores normalmente se bombeia até o máximo de pressão. A partir daí se libera o fluxo através do gatilho do pulverizador até não haver mais pressão onde se bombeia novamente. Isto causa problema na pulverização porque a vazão diminui conforme vai diminuindo a pressão.

Com isto não teremos uma pulverização homogênea da calda. Para evitar este problema, a partir do momento em que se atinge a pressão máxima a cada dois passos uma bombeada. Os aspersores de compressão, funcionam mediante a compressão do depósito por bombeamento do ar, o que faz com que o líquido entre na lança e chegue ao bico. No aspersor de mochila por alavanca o líquido a ser aspergido se bombeia desde o tanque até uma pequena câmara de pressão, comprimindo o ar que se encontra na câmara produzindo pressão de aspersão do líquido através da lança até o bico.

A tampa do tanque deverá estar equipada com um selo contra fuga para manter a pressão. A tampa se abre para dentro ou para fora. Normalmente se enche de líquido ¾ do tanque para que o restante seja preenchido de ar por manuseio de um êmbolo ou por ar comprimido, de forma que tenha uma boa quantidade de ar que demore a se esvaziar demorando para a pressão cair.

A bomba é formada por um embolo em T em uma extremidade e uma ventosa na outra dentro de uma válvula de retenção de um só passo por onde o ar entra (por isto de um passo) pois o ar não sai. A mistura sai do tanque sobre pressão através de uma mangueira flexível. A mangueira está conectada a uma lança rígida de aplicação que contem a pistola e o bico no extremo da lança. A pistola controla o ligar e desligar do aspersor sem fuga e nem gotejamento. Isto se faz através de um gatilho acionado por uma mola que fecha a válvula ao soltar a pistola.

É importante ter um filtro na lança para evitar o entupimento. O equipamento ainda tem um manômetro, uma válvula de segurança que se abrirá automaticamente se a pressão aumentar excessivamente e um sistema manual de redução da pressão para eliminar a pressão residual antes de abrir o tanque. O aspersor se leva à pressão até a pressão de trabalho recomendada mediante a ação de bombeio da alavanca de pressão. Uma vez que se inicia a aplicação a pressão no tanque diminui gradualmente ao esvaziar-se o tanque. Isto reduz a saída do líquido a menos que esteja equipado com uma válvula reguladora de pressão entre o tanque e o bico.

A consequência disto é que a pressão diminui gradualmente e é necessário voltar a comprimir o aspersor de vez em quando para evitar que a saída do líquido diminua a níveis tão baixos que possam ser inaceitáveis. Em comparação o aspersor AMP (sem compressão prévia) se bombeia continuamente durante a aplicação para manter a pressão.

Quando usar bico 80 aplicar a uma distância de 45 cm em uma faixa de pressão entre 173 – 380 KPA ( 1,73 – 3,8 bar ou 25 – 55 psi). Tem uma válvula que se adapta na ponta da lança que mantem a pressão constante. Se você precisar de 30 lbs que é a pressão usada normalmente em desinsetizadora, deverá usar uma válvula de 30 lbs. Se tiver pressão a mais tudo bem mas se ela foi calibrada para 30 lbs e tiver a menos ela para de funcionar precisando de mais pressão.

Esta válvula serve para compressão prévia ou costal simétrica (é a mais comum). A válvula de escape esta do lado do bico onde se adapta o compressor. A costal de 20 litros permite trabalhar até 50 libras. A válvula reguladora de vazão tem 4 tipos de pressão, a mais usada é a de 30 libras a maior é de 40 libras. Uma vez que se atinja o limite superior da pressão de trabalho a válvula reguladora de pressão se fecha.

É importante mantê-la limpa para que funcione corretamente, especialmente quando se usa PM, o que torna difícil a limpeza, por esta razão não são populares. Na bomba de compressão prévia cada bombeada dá 1 libra, na bomba de 10 litros cabem 60 libras. Tem uma válvula de escape que se você pressionar a mais o excedente sai por esta válvula. O mini estacionário pode ser 110, 220 e 12 V. A mangueira pode ser até 100m dando 50 libras. Coloca-se o pescador no reservatório e leva-se a mangueira.











PULVERIZAÇÃO ESPACIAL

Este tipo de aplicação visa uma ação imediata do inseticida. Nesta técnica temos três fatores fundamentais: equipamento, inseticida e a hora de aplicação. Tem curta duração. É usado quando outras técnicas não puderem ser usadas ou houverem muitos objetos no local a ser tratado, locais de difícil acesso, momentos de epidemia para ocasionar uma queda rápida da população alvo ou o tempo em que o local ficará à disposição do aplicador.

Esta técnica consiste em saturar o ambiente com micro gotículas as quais serão levadas a todas as partes do recinto penetrando em todos os espaços. Partículas de 25 a 50µm são as mais usadas ao ar livre. Não são muito dispersadas a não ser com vento muito forte. É indicado para uma cobertura concentrada. Partículas menores que 25µm só servem para ambientes fechados.

Para a geração destas gotas podemos usar geradores de aerosol a frio (UBV); nebulizadores térmicos (fog) ou nebulizadores motorizados. UBV No UBV é a aplicação de menos de 5 litros por ha. No controle de insetos rasteiro a névoa ao penetrar nos esconderijos terá como efeito inicial a exclusão do inseto para um ambiente mais contaminado matando-o.

Estes geradores de aerosol produzem gotas mediante o impacto de um fluido (calda) com outro (corrente de ar) são o bico vorticial e o bico de cisalhamento pneumático de alta pressão. No bico vorticial a corrente de ar provem de um ventilador que forma um vórtice turbulento por uma série de defletores ou paletas fixas. O líquido se introduz na corrente de ar.


 
 
 

 

No bico de cisalhamento se alimenta com ar proveniente de um compressor que passa através da calda e cria as gotas mediante a ação de cisalhamento. Sua desvantagem é a facilidade de entupimento do bico. A tensão de cisalhamento é uma força que se aplica tangencialmente (tangencial porque é sobre a superfície do líquido) sobre um fluido deformando-o continuamente enquanto existir esta força, esta força é o ar.

Os UBV portáteis usam um motor elétrico ou de dois tempos. O motor impulsiona o ventilador para gerar o ar necessário para a atomização. A calda fica em um tanque que é succionado através do fluxo de ar. Os geradores de aerossóis frios usam formulações de inseticidas UBV, ainda que também se pode usar formulações de inseticidas CE diluídos em óleo mineral, vegetal ou similar para controles externos, ou com água para controles internos.



O motor impulsiona um ventilador para gerar o ar necessário para a atomização. O líquido se encontra em um recipiente e é succionado pelo fluxo de ar através de um restritor até o bico É importante se avaliar o tamanho das gotas antes de se fazer uma aplicação. Isto se faz passando-se uma lâmina siliconizada presa a uma vara e passando-a por dentro da névoa uma única vez a 10 m de distância do canhão. Posteriormente se avalia as gotas através de uma lupa.

Estas lâminas são feitas mergulhando-se uma lâmina de vidro em solução a 10% de silicone em tolueno por 30 minutos, retira-se para secar por 5 minutos, depois colocar em estufa a 90oC por 30 minutos e retira-se para esfriar e limpa-se com acetona. Pode ser reutilizada várias vezes, é só limpar com acetona.

Outra maneira é passar a mão duas vezes através da neblina a mais ou menos 1 m da saída do tubo de neblina, mantendo a mão, cada vez, cerca de ½ segundo na neblina até a mão ter ficado exposta pelo período de 1 segundo:
Mão úmida - gotas de 20 a 25 µm
Mão molhada - gotas entre 30 a 35µm
Mão ensopada - gotas com 40µm ou mais

Geradores de aerosol à frio produzem gotas entre 25 e 50 µm. Um gerador de aerosol frio portátil cobre de 0,1 a 0,5 l/ha. UBV - O volume de ar nos equipamentos de UBV posiciona-se em torno de 150 a 250 m³/minuto a uma velocidade variável de 180 a 280 Km/hora. O volume do líquido usado pode ser até de 350ml/min.

ATOMIZADORES COSTAIS E MANUAIS

Produzem gotas na ordem de 50-100m. São equipamentos de baixo volume. É formada por um ventilador movido por um motor de dois tempos produzindo uma corrente de ar de alta velocidade à qual se introduz o inseticida por um bico de cisalhimento.

A pressão negativa formada pela corrente de ar em movimento puxa a calda para a corrente de ar que atomiza em gotas de diferentes tamanhos. Esta corrente de ar se dirige para a mangueira de aplicação e para outra mais fina que vai para o tanque de inseticida mantendo uma pressão constante de 0,2 bar ou 3 psi mantendo o fluxo constante mesmo que seja direcionado para cima.

O bico consta de um restritor, disco giratório com vários orifícios ou ser intercambiável que é quem controla a vazão. Ao terminar o serviço fechar a chave de combustível deixando o carburador funcionando em seco para evitar a evaporação da gasolina no carburador durante o armazenamento o que poderá causar problema quando tiver que ligar de novo.






A pulverização da calda ocorre pelo impacto de um fluxo de ar em alta velocidade causando uma quebra transformando-se em gotas. O fluxo de ar é gerado por um ventilador e normalmente no final do tubo condutor (bico) há uma diminuição do diâmetro à semelhança de um venturi que além de aumentar a velocidade do ar causa uma pressão negativa que succiona o líquido do tanque para esse ponto onde é injetado e quebrado em gotas. São as costais motorizadas.



As gotas produzidas devem estar numa faixa de 50-100 m e com um motor de 35 cc devem ser projetadas pelo menos a 10m horizontalmente ou 6m verticalmente com uma velocidade do vento inferior a 0,5 m/s (indicada para uma densidade de gotas de ao menos 10/cm2).

Com um motor de 70 CC, os níveis são de 15 m horizontalmente e 8 m verticalmente. A manutenção básica é de um motor de dois tempos que é desenhado para manter uma lubrificação adequada. Usa-lo sempre em toda potencia para aumentar a vida útil. Usar sempre o óleo correto para motor de dois tempos (30SAE). Revise e limpe o filtro de ar após o trabalho do dia. Limpe regularmente a vela trocando-a a cada 250h de uso independentemente de sua condição. Revisar todas as mangueiras se estão bem conectadas e não vazam. Revisar periodicamente o selo da tampa do tanque de inseticida pois fuga de ar reduz a eficácia da velocidade de fluxo do ar.



O volume de saída do ventilador é de uns 20 m3 de ar por minuto, a uma velocidade de 145 km/h, o que pode dar ao nebulizador um alcance horizontal de 20 m e vertical de 10m. Trabalham com gotas entre 25 e 100 µm. Gotas de 25µm chegam a 100m ajudado pela brisa. Para o controle residual de insetos necessita-se de uma deposição ao redor de 40 gotas/cm² com tamanho em torno de 120µm. A 3 bar (45 psi = 330 KPa = 3,15 kg/cm²) bicos 8002 e 8003 dão 0,79 (0,2 USgal/minuto) e 1,2 litros/minuto, respectivamente.

FOG

Gera uma névoa de gotas menor que 25m e a densidade de gotas é alta. Funciona em dose de volume superior ao UBV. Na fog se tem de 2-5 l/ha e no UBV de 0,1 – 0,5 l/ha. Os portáteis usam um motor pulsorreator e os em veículo um motor de 4 tempos. As gotas de neblina se produzem quando uma corrente de ar quente diminui a viscosidade do óleo onde o inseticida está diluído dividindo em pequenas gotas que ao sair pelo bico se condensa por encontrar um ambiente mais frio formando uma névoa de gotas pequenas.

A corrente de ar quente se forma mediante o escape de gás do pulsorreator ou da combustão interna. Os fog pulsorreatores estão formados por um tanque de combustível, um tanque de inseticida, um pistão manual ou uma bomba elétrica de fole, vela, carburador e um longo tubo de escape. Para ligar a máquina se coloca os dois tanques sob pressão usando o pistão ou fole. Se faz passar uma mistura de combustível e ar proveniente do carburador até a câmara de combustão.

O equipamento é ligado mediante uma faísca de alta tensão produzida pela vela uma única vez para a máquina funcionar. Ao arder, o combustível aquece o ar e a mistura deste ar quente com os gases da combustão saem do motor, a grande velocidade (este é o motor pulsoreator). Os gases de escape provenientes da câmara de combustão saem como uma onda de pressão de alta velocidade através de um tubo mais estreito que a câmara de combustão levando uma carga de ar e combustível através da válvula de retenção.

As cargas subsequentes de combustível e calda se aquece mediante os gases de escape quente da carga anterior. Se a máquina estiver funcionando corretamente de ar/combustível se observa 80 pulsações por segundo. Depois do motor ter esquentado (depois de funcionar uns dois minutos) se abre a válvula para permitir a saída da calda através de um restritor. Alguns equipamentos tem duas entradas de calda, uma de cada lado, dando uma melhor distribuição e dispersão do líquido.

É importante rever, periodicamente as válvulas e mangueiras para ver se estão bem conectadas ou cortadas. O pistão deve ser lubrificado com óleo a cada 10 horas. Verificar os selos das tampas de fechamento dos tanques de combustível e inseticida. Sempre feche o tanque de inseticida e corte o combustível antes de desligar o motor para evitar língua de fogo e entupimento do sistema.






Este equipamento gera uma neblina de gotas em alta densidade e é chamado de Termonebulizador ou Fog. Funciona em dose de volume superior aos geradores à frio. Um termonebulizador portátil cobre uma área de 2 a 5 l/ha enquanto que à frio é de 0,1 a 0,5l/ha. Os equipamentos menores estão equipados com um motor pulsoreator, enquanto que os maiores, montados em veículos tem um motor a gasolina de quatro tempos (combustão interna).

A neblina se forma quando uma corrente de gás quente (6.000 C) diminui a viscosidade do óleo, veículo do inseticida, dividindo a calda em pequenas gotas (< 25µm) que ao sair se condensa pela temperatura mais fria formando uma névoa.



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


1. Christofoletti,J.C. Manual Shell de máquinas e técnicas de aplicação de defensivos agrícolas. Programa Shell de manutenção segura de produtos. 122 pp., 1992.

2. Franzak & Foster Co. Handbook of pest control. Arnold Mallis.., Cleveland, Ohio, USA. 7ª ed. 1990.

3. Philip G. Koehler and William Hern, Jr. General Household Pest Control. Applicator training manual. University of Florida, Florida Cooperative Extension Service, 1994.

4. Stoy A. Hedge. G.I.E Anthology. The Best of Stoy Hedges.. Media Inc., Publishers. Cleveland, Ohio, USA. 2001.

5. Akenson, N. B.; Yates, W. E. Pesticide application equipment and techniques.
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6. A.R. Silva, M.T. Leite, M.C. Ferreira1, M.V. Tambellini. Caracterização do diâmetro de gotas de aerossóis em inseticidas domissanitários.
Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.76, n.3, p.437-442, jul./set., 2009

7. Aragão,M.B..; Amaral,R.S..; Lima,M.M.. Aplicação especial de inseticidas em saúde pública. Caderno de Saúde Pública, v.4, n.2, p.147-166, 1988.

8. Chaim, A.; Maia, A.H.N.; Pessoa, M.C.P.Y. Estimativa da deposição de agrotóxicos por análise de gotas.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, n.6, p.963-969, 1999.

9. HANKS, J.E. Effect of drift retardant adjuvant on spray droplet size of water and paraffinic oil at ultra low volume.
Weed Technology, v.9, p.380-384, 1995.

10. Cunha, J.P.A.R.; Teixeira, M.M.; Coury, J.R.; Ferreira, L.R.
Avaliação de estratégias para redução da deriva de agrotóxicos em pulverizações hidráulicas.
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11.Termonebulizador Profog – Manual de operação -  Malva Defensivos e equipamentos Fito e Domissanitários. Rua Alcaméia, 116 – Olaria – Rio de Janeiro. profog@malva.com.brwww.malva.com.br

12. Antonio Zózimo de Matos Costa; João Louis Pereira; Jackson de Oliveira César; Luis Carlos Lima. Tecnologia de aplicação de agroquímicos
www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo1.htm

13. Pulverizador - Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos e Adjuvantes
Treinamentos em Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos e Adjuvantes
Recomendação de pontas e tamanho de gotas para aplicações de agroquímicos na fase vegetativa das culturas.
https://pulverizador.blogspot.com.br/

14. José Maurício Góis, Mauri Martins Teixeira, Renato Adriane Alves Ruas.
Operação e manutenção de pulverizador costal motorizado
LK Editora. Coleção:  TECNOLOGIA FACIL. 1ª Edição, 2008, 156 pgs. ISBN:  858789031X

15. Prof. Dr. Antonio Lilles Tavares Machado. Máquinas para tratamentos culturais. Aplicaçao de produtos químicos. Universidade Federal de Pelotas – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
Junho de 2007

16. Tecnologia de aplicação. Manual de tecnologia de aplicação/ANDEF
Associação Nacional de Defesa Vegetal. Campinas, SP. Linea Criativa – 2004

17. Manual Técnico Sobre Orientação de Pulverização. Máquina Agrícolas Jacto
Rua Dr. Luiz Miranda, 1650, Pompéias, SP
jacto@jacto.com.br
www.jacto.com.br
maio, 2001

18. COGAP – Comitê de Boas Práticas Agrícolas. Associação Nacional de Defesa Vegetal. ANDEF
andef.com.br | andef@andef.com.br

19. João Cleber Modernel da Silveira. Universidade Federal de Viçosa – UFV.
Centro de Ciências Agrárias – CCA. Departamento de Engenharia Agrícola – DEA. Engenharia da Aplicação de Defensivos Agrícolas
Pulverizadores Pneumáticos
Viçosa, MG. Novembro – 2007

 

 

 

 

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE INSETICIDAS - PARTE 1

O inseto é o alvo eleito para ser atingido pelo processo de aplicação do Inseticida. Para que o resultado seja o esperado é fundamental que se conheça a praga que vamos controlar para evitarmos maiores perdas da calda, pois nunca conseguiremos aplicar a dose exata para matarmos todos os indivíduos de um determinado local, uma parte desta calda é perdida.     
Suponha, por exemplo, que a dose letal de um determinado inseticida para uma barata seja de 0,03µg.       

Suponha que em 1.000 m² exista uma população de 1 milhão de baratas. Seriam necessários, então, somente 30 mg desse inseticida para matar todas as baratas, se fosse possível colocar todo o inseticida sem perda, isto é, com a eficiência de 100% na aplicação.
Na esmagadora maioria das aplicações líquidas a calda é fragmentada em partículas denominadas gotas. As gotas tem comportamento diferente de acordo com seu tamanho.



Um dos parâmetros mais importantes no controle de vetores é a maneira pela qual o inseticida é depositado sobre determinada superfície ou sobre o próprio organismo alvo.
Os inseticidas usados no controle de vetores usam como via de dispersão do produto, água, forma-se assim, uma calda onde o produto se encontra na concentração desejada, respeitando-se a área a ser tratada a fim de se manter a concentração adequada do ingrediente ativo por unidade de área.

Este fato está ligado a características do produto e ao diluente.

Quantidade de produto para 10 l de água
Área a ser tratada com esta calda
Quantidade de calda por área
Quantidade de ativo por área
25g
200 m²
50 ml/m²
12,5 mg/m²

 TENSÃO SUPERFICIAL
A água apresenta alta tensão superficial. Isso faz com que a gota depositada numa superfície permaneça na forma esférica, fazendo com que tenha pouca superfície de contato.

Quando da evaporação da água o inseticida ficará concentrado em pequenos pontos com uma distribuição irregular. Para corrigir este problema se adiciona um agente tensoativo (ou surfactante) que lhe diminua a tensão superficial. São os espalhantes-adesivos.
As formulações comerciais apresentam em sua composição estes tensoativos que são os espalhantes adesivos. Com isto a gota se espalha facilmente na superfície, molhando maior área.

Outras vezes, há necessidade de adição desses agentes tensoativos quando a formulação não é de boa qualidade.

 
 EVAPORAÇÃO

A superfície de uma gota  é relativamente grande se comparada ao volume. Isto mostra que a taxa de evaporação de uma gota cresce com a diminuição do diâmetro.
O aumento da temperatura ambiental e a diminuição da umidade relativa do ar também aumentam a evaporação, assim muitas gotas evaporam-se completamente no trajeto entre a máquina e o alvo.

Os sistemas de ultra-baixo volume que trabalham com gotas muito pequenas, utilizam como veículo do produto ativo, formulações com óleos minerais o que diminui o índice de evaporação da mistura. Se a gota atinge rapidamente o alvo, haverá menor tempo de evaporação.
Gotas do mesmo diâmetro podem ter comportamentos diferentes, se diferentes forem as condições ambientais, como mostram os dados da tabela abaixo.

 

DERIVA
Outro fator associado ao seu tamanho (e peso), é que as gotas podem sofrer influências das correntes de ar horizontal (vento) e vertical (convecção), sendo levadas para outros lugares que não o alvo pretendido.        

As gotas que ficam flutuando ou que se evaporam por completo deixam em suspensão o ingrediente ativo que pode ser carregado a distâncias consideráveis, causando problemas de poluição ou algum dano à saúde humana/animal, sensíveis àquele produto.
O problema da evaporação e da deriva devem ser analisados em conjunto, uma vez que à medida que perde peso por evaporação fica mais leve desviando-se mais rapidamente do seu objetivo.

Por isso, um detalhe dos mais importantes a ser considerado em uma pulverização é a definição das características da pulverização (tamanho da gota e seu espectro) uma vez analisadas as condições do trabalho a se executar
O aumento da vazão de aplicação tem influência direta sobre o diâmetro da gota. E consequentemente à quantidade de gotas. Quanto maior o número de gotas depositadas (densidade) sobre o alvo, maior será a dose recebida pelo mesmo, melhorando a eficácia do controle.

Da mesma forma o aumento da vazão gera gotas menores e por isto mais sujeitas à evaporação e deriva.
Formulações oleosas quando aplicadas por termonebulizadores ou UBV, produzirão gotas finíssimas (≤ 50 µm), as quais pelo seu pouco peso permanecerão por mais tempo em suspensão, permitindo o controle de insetos voadores em ambientes fechados ou abertos em condições de calmaria ou inversão térmica.

Formulações diluídas em água, aplicadas com pulverizador simétrico, permitirão gotas com diâmetros acima de 110mµ. Gotas geradas de diâmetros menores serão mais afetadas pela evaporação e/ou deriva. Por este fato aliado ao peso maior daquelas, estas não terão condições de permanecerem muito tempo em suspensão no ambiente.
Entretanto, como o efeito residual de um produto é consequência do tamanho da gota e formulação seu efeito será maior em gotas maiores e/ou formulações de lenta liberação.

Em aplicações aquosas de inseticidas, a água entra apenas como diluente para se obter o volume adequado de pulverização e permitir que se obtenha o padrão em diâmetro e densidade de gotas para que o ingrediente ativo seja corretamente distribuído sobre o alvo desejado evitando ao máximo a evaporação e deriva.
 
 
DENSIDADE DE GOTAS

Densidade é o número de gotas por unidade de superfície, o que irá corresponder à quantidade de ingrediente ativo atingindo o alvo. Em aplicações de altos volumes de água, praticamente há um molhamento completo do alvo.
Entretanto, para menores volumes de aplicação, a densidade de gotas sobre o alvo torna-se um aspecto importante, uma vez que se pretende um mínimo de deposição do produto de maneira uniforme em toda a área aplicada.

A densidade de gotas é função do volume de calda aplicada por área e do tamanho de gotas e este, por sua vez, está ligado à vazão.
A densidade de gotas tem a ver com o do modo de ação do produto (contato, ingestão, fumigação).

Se agir por contato vai depender também do hábito do inseto. Os de movimento constante sobre a superfície podem ser controlados com uma densidade menor como as baratas enquanto que os de pouca mobilidade necessitam de uma densidade de gotas maior como é o caso das pulgas e moscas.
Se agir por ingestão um densidade menor consegue controlar pois o inseto estará se alimentando no local onde foi realizada a pulverização.

Se agir por fumigação a densidade deverá ser maior pois a área a ser tratada será maior e o inseticida permanecerá por pouco tempo no ambiente.
 
 
VOLUME DE APLICAÇÃO

A tendência atual de diminuir o volume de líquido leva à necessidade de gotas menores para melhor cobertura: gotas uniformes, bem distribuídas que podem ser retidas na superfície. A tabela abaixo mostra a densidade teórica das gotas uniformes quando é aplicada na dose de 5l/ha.
Quanto maior o diâmetro da gota  menor o número de gotas por área para um mesmo volume aplicado. Assim também, conforme se aumenta o diâmetro da gota, tem que aumentar a quantidade de calda aplicada para manter a mesma quantidade de gotas por área tratada.

A diminuição do diâmetro de gotas para aumentar a quantidade não é a solução final para o problema. Gotas muito pequenas sofrem influência dos ventos e das derivas térmicas.
Estudos mais recentes demonstram que o diâmetro ideal estaria ao redor de 80 a 100 µm pois dão melhor índice de uniformidade de deposição.



A pulverização a baixo volume usa gotas da ordem de 700 µm. O importante é que pouca ou nenhuma deposição é efetuada com partículas menores que 50 µm. Por outro lado, gotas muito grandes podem acarretar desperdício de calda, como por exemplo, escorrimento pela superfície.
A redução do volume de líquido pulverizado leva à necessidade de uma tecnologia mais apurada, tanto da parte do construtor do equipamento, quanto da parte do operacional.

Da parte do equipamento, os seguintes pontos devem ser considerados:
a - o desgaste dos bicos altera a vazão e o diâmetro médio das gotas, tornando-se necessário o uso de materiais de alta dureza, ou sistemas sem bicos, como as turbinas atomizadoras.

b - a distribuição da vazão e da deposição das gotas fornecida por um equipamento deve ser bem estudada pelo fabricante e pelo usuário, de modo a se atingir o alvo.
c - o controle das dosagens e da vazão do equipamento deve ser mais preciso, o que se consegue seguindo as orientações do fabricante do equipamento.

Por outro lado, deve-se notar que o uso de baixo volume é muito mais econômico que as aplicações a alto volume pois, além de não desperdiçar produto, produz melhor cobertura com consequente melhor controle .
 Além disso a produção horária conseguida com equipamentos de baixo volume é bem maior que a conseguida por meios convencionais.

Quando se usa equipamentos de porte maior que uma costal, por exemplo, pulverizadores tratorizados, é comum o uso de mangueiras de alta pressão com diâmetro e comprimentos variáveis.
O uso destas mangueiras também ocorre com pulverizadores estacionários onde se leva a mangueira a grandes distâncias evitando-se o deslocamento do pulverizador.

Nestes casos a pressão é um componente importante pois é ele que vai nos dizer qual o volume de calda usado e o tamanho das gotas esperadas.
Entretanto deve-se levar em conta a perda de pressão para evitar alterações no perfil de pulverização. O quadro abaixo nos fornece este comportamento.







Obs.: A literatura estará disponível na última parte deste assunto.

















TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE INSETICIDAS. PARTE 2

BICOS DE PULVERIZAÇÃO   
Nos bicos, o líquido sob pressão passa ao exterior através de um orifício produzindo uma película que se rompe em pequenas gotas.                         

Se o aplicador tiver escolhido e calibrado o tipo correto de bico para seu pulverizador seu trabalho terá bons resultados pois a eficácia com que o produto pulverizado chega ao alvo é função do bico.
O bico de pulverização é um conjunto de peças: o corpo é fixado à barra através de abraçadeira. Ao corpo é presa uma porca (sistema de rosca)  com a função de fixar um filtro e uma ponta. O filtro deve reter qualquer impureza.

Apesar de seu pequeno tamanho, o bico regula o fluxo do líquido, o tamanho das gotas e a forma da área pulverizada.
Os bicos estão desenhados de maneira que a pressão deve aumentar quatro vezes para que se duplique o fluxo através do orifício. Por esta razão o tamanho do orifício (abertura) e a pressão são características chaves no fluxo , e este pode variar selecionando-se bicos de diferentes tamanhos, ou ajustando-se a pressão.

Em um sistema de atomização convencional, o aumento da pressão aumenta o ângulo de pulverização ou a diminuição do diâmetro do bico reduz o tamanho das gotas e aumenta a largura da faixa de pulverização.
Bico com orifício circular apresenta jato cônico e deposição circular, enquanto que orifícios em forma de rasgo originam jatos em leque e a deposição linear.

 Alguns bicos apresentam em seu interior dispositivos (dutos helicoidais, caracóis) que dão uma rotação ao escoamento de líquido, produzindo-se variações do tipo de jato e do espectro de gotas (bico cônico).
Quanto à forma do jato os bicos podem ser de jato plano (ou leque), jato cônico vazio e jato cônico cheio.

Suas características são indicadas pelo número da ponta. Por exemplo um bico 8002 e um 8003 com uma pressão de 3 bar (1 bar = 14,5 psi ou lb/pol²) e ângulo de pulverização de 80º me fornecem, respectivamente,  vazões  de  0,79  e 1,2 litros/min.
Com o aumento da pressão há um aumento da vazão, mas diminui o tamanho da gota aumentando a deriva. Ou seja, com pressão maior há um aumento da velocidade das gotas, porem como elas são menores, elas perderão rapidamente esta velocidade aumentando a deriva. Se diminuirmos a pressão, diminuiremos a vazão, aumentando o tamanho da gota, mas diminuindo a cobertura.

Encontram-se no mercado os seguintes tipos de bicos:
Cônico: gotas de tamanho entre 50 a 300 mm.  
Leque: gotas de tamanho entre 300 a 500 mm.
 Defletor: formam gotas de tamanho acima de 500 mm

- Aumenta Pressão = Aumenta o ângulo do jato de pulverização
- Diminui Pressão = Diminui o ângulo do jato de pulverização



JATO PLANO COMUM
O jato emitido, na forma de um leque, tem uma forma elíptica estreita, com menor quantidade de líquido nas extremidades. Em função dessa característica, a pulverização dos bicos adjacentes deve sobrepor-se para a obtenção de uma distribuição uniforme de 1/3 de cada lado do jato.

As pontas de ângulos maiores produzem gotas menores mas podem operar com espaçamentos maiores ou mais próximas do alvo.
Estes bicos se fabricam em diversos tamanhos e ângulos de aplicação, ainda que os ângulos que se empregam com maior frequência sejam os de 80° e 110°.

O bico recomendado para a aplicação de inseticidas residuais é o marcado “8002” ( o que significa um ângulo de 80° e um gasto de 0,2 Usgal/min = 0,76 l/min).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JATO PLANO UNIFORME

Também chamado de jato plano contínuo, promove uma distribuição constante ao longo da faixa de deposição. A largura da faixa de deposição depende do ângulo do jato (80º ou 95º), altura da aplicação e pressão de trabalho, de acordo com as recomendações do fabricante.

A numeração dessas pontas segue o mesmo critério das pontas de jato plano comum, acrescida da letra E (even).

Estes bicos são desenhados para produzir faixas homogêneas de calda sem necessidade de se sobrepor bandas adjacentes.
 
 
 
 




BICOS DEFLETORES
Produzem gotas mediante o impacto de um jato de água sobre uma superfície defletora, que produz um padrão de aspersão com um ângulo amplo. As gotas maiores caem sobre os bordos externos da faixa, de forma que o padrão de aspersão não é completamente uniforme.

Estes bicos são usados em baixa pressão e se empregam pouco no controle de vetores, exceto, ocasionalmente, para o controle de larvas de mosquitos. Deverão evitar-se aquelas com orifícios menores que produzem um gasto menor que 0,6 litros/min a 15 psi (1 bar), já que produzirão gotas muito pequenas que podem dissipar-se facilmente
Essa ponta produz um jato plano com ângulo bem aberto (110° a 120°), permitindo maior espaçamento entre elas (até 1 m) ou alturas menores em aplicações de área total.

O orifício maior e sua forma arredondada produz menos entupimentos. O perfil de deposição com certo acúmulo nas extremidades, de maneira que há necessidade de uma sobreposição dos jatos adjacentes de 50%, para otimizar a uniformidade em aplicações  em área total.
Posicionando-se a ponta a 45° em relação vertical, também há melhoria na distribuição. A faixa de pressão para estas pontas é de 0,7 a 2 Kg/cm2, resultando em gotas grandes com bom controle da deriva.

A nomenclatura usual é com a letra “K” seguida de um número significando a vazão em décimos de galões por minuto, à pressão de 0,7 kg/cm2 (10 psi = 10 libras): K3 ou TK3 significa uma vazão de 0,3 gal/min (1,14 l/min) à pressão de 0,7 kg/cm2.
 
 
 

 
 BICO DE JATO CÔNICO VAZIO E CHEIO       
No cônico vazio o melhor efeito será obtido com gotas de diâmetros na faixa de 80 a 150mµ com pressão de 530 a 700 kPa(80 a 120 psi), diferentemente do que se obtem com os bicos de jato plano ou jato cônico cheio (em desuso), onde as gotas superam o diâmetro médio de 450mµ.
Para se obter o melhor efeito deve-se posicionar a uma distância mínima de 50 cm do alvo para que as gotas geradas tenham o tempo necessário para a sua formação final e a nuvem de gotas possua a turbulência necessária para se conseguir o efeito desejado.

O jato produz uma deposição circular com acúmulo de líquido na periferia do círculo e vazio no centro.
O núcleo está rodeado por um ou mais orifícios ou ranhuras.

Estes bicos são mais adequados para uma aplicação em folhagens já que as gotas chegam às folhas em várias direções contornando obstáculos e atingir o alvo e não apenas em um plano único como o produzido por um jato plano. É por isto que são as que se usam para o controle de carrapatos.
 Estes foram desenvolvidos a partir dos bicos de jato cônico vazio, baseado no conceito errôneo de que quanto maior é o volume melhor é a pulverização, ocasionando o abandono deste tipo de bico de pulverização.

A distribuição e deposição de gotas é semelhante ao  jato plano, maior deposição no centro e menor nas extremidades.
Os bicos de jato cônico cheio tem um furo na sua parte central o que dá origem à forma de cone cheio.

As gotas produzidas por esse tipo de ponta são maiores que as do cone vazio.
 
 
 
 
 
 
 
 
BICO DE JATO CHEIO

Estes bicos produzem um jato ou corrente delgada de líquido. Seu desenho é parecido ou de um bico de cone, exceto que não tem o núcleo ou rotor.
Estes bicos são usados para a injeção de inseticidas em ranhuras e orifícios para o controle de insetos como baratas e formigas.




Obs.: A literatura estará disponível na última parte deste assunto.