terça-feira, 25 de setembro de 2012

MECANISMO DE AÇÃO DOS INSETICIDAS


Esta classificação embora sirva para mostrar os diferentes tipos de penetração dos inseticidas no organismo dos insetos, não é funcional porque em geral os inseticidas agem de mais de uma maneira.
INGESTÃO


O ponto de penetração ou absorção pelo organismo do inseticida via oral, é o intestino médio, sendo daí transportado através da hemolinfa (sangue dos insetos) para certos músculos.
Não se verifica absorção através das outras partes do intestino e reto. Comumente a defesa do inseto com relação ao inseticida de ingestão é o cheiro (odor).

As dificuldades encontradas para que o inseticida atue por ingestão são diversas: o inseticida pode ser regurgitado após ter sido ingerido ou pode causar uma hiper secreção de sucos intestinais eliminando o tóxico na forma de diarréia, impedindo a ação do inseticida .
Este processo ocorre no controle de larvas de moscas quando realizamos a pulverização sobre esterco, lixo onde as moscas põem os ovos e as larvas se alimentam deste material se intoxicando.

Também ocorre quando realizamos o controle de mosquitos na sua fase larval nos focos de água parada. O mosquito ao filtrar a água para dela, retirar seu alimento ingere o inseticida.
De qualquer forma este mecanismo de ação ocorre pela ingestão do inseticida.

PULVERIZAÇÃO ESPACIAL – FOG E UBV
Entendemos ação fumigante àquela aplicada na forma de vapor, gás, neblina e que agem através da penetração do inseticida pelos espiráculos (= estígmas) juntamente com o ar, sendo conduzido para o interior do organismo até músculos e nervos.

Os espiráculos são orifícios existentes ao par em cada segmento abdominal, um de cada lado. Funcionam como se fossem o nariz dos insetosa uma vez que o ar entra levando oxigênio até as células através de um sistema de canais chamado de sistema traqueal que constitui o sistema respiratório dos insetos. Por este mesmo sistema, ao inverso o gás carbônico é levado ao exterior.
 
Este sistema ocorre tanto nos insetos adultos como na fase larval.

Nos insetos o sistema circulatório não participa do transporte de gases respiratórios apenas alimentos, por não ter pigmento respisratório. Desta forma seu sangue não tem cor.
Também pode atuar através de partes não esclerosadas como antenas, patas, aparelho bucal, regiões intersegmentares do corpo do inseto.

Este efeito se manifesta pela pulverização direta sobre o inseto uma vez que esta técnica permite o inseticida se expandir no ambiente ficando neste por um determinado tempo. Tempo este que é bastante curto pois as gotas são muito pequenas, geralmente menores de 50 mm e por esta razão evaporam muito rapidamente.
Sua vantagem reside em uma maior área de controle com menos produto, redução rápida da população infestante e penetração em locais onde não conseguimos acessar.


Sua desvantagem é que não deixa residual. Por esta razão quando pulverizamos uma área interna ela deverá ficar fechada por um longo tempo de forma que seu efeito possa se manifestar mais intensamente.
É possível usá-la externamente mas seu efeito não é muito eficaz uma vez que se evapora rapidamente ou se desloca pelo efeito do vento. Este é um risco uma vez que pode ser levado para outros locais fora do alvo podendo ocasionar problemas ambientais.

Por isto, nesta situação, deve ser usado pelo início da manhã ou final da tarde quando o vento é mais ameno e principalmente quando há inversão térmica, pois aí a névoa permanecerá mais tempo sobre o alvo.
Este procedimento em áreas externas tem sua importância quando desejamos reduzir rapidamente uma população ou reduzir um risco epidêmico.

 O efeito fumigante pode ser determinado por inseticidas com alta pressão de vapor como o DDVP e por equipamentos de pulverização espacial (termonebulização e UBV) usando inseticidas na formulação concentrado emulsionável ou ainda atomizadores regulados para emitirem gotas de 50 mm (UBV).
O mecanismo pelo qual se processa a intoxicação por fumigação reside no tamanho das partículas (UBV – entre 25 e 50mm e Fog – menor de 25mm) que sendo muito pequenas, conseguem pentrar através dos espiráculos (= estígmas) e/ou serem absorvidas por determinadas partes do inseto.

PULVERIZAÇÃO DIRETA E RESIDUAL
Dentre as técnicas de aplicação de inseticidas que agem por contato temos a pulverização direta e a residual.

Na pulverização direta é quando realizamos a aplicação do inseticida sobre o alvo. Pode ser quando estamos realizando uma aplicação residual sobre uma determinada superfície e o fazemos sobre o inseto, o que não é comum.
Normalmente esta pulverização ocorre quando estamos realizando o controle de larvas que pode ser de moscas ou de mosquitos, por exemplo. Isto porque estamos vendo onde o alvo se encontra e ele não tem a característica de ficar se deslocando dentro do ambiente.

Nesta situação o inseticida vai agir tanto por ingestão (pois as larvas estarão ingerindo ou filtrando a água com inseticida) como por contato pois o inseticida estará sendo lançado sobre as larvas.
Na pulverização residual é quando aplicamos o inseticida sobre uma determinada superfície sobre a qual o inseto irá pousar ou se  deslocar. Este inseticida precisará ter um certo poder residual para que fique à disposição do inseto por um determinado tempo o qual depende de uma série de fatores como:

1) Formulação (os inseticidas de lenta liberação como os PM e ME tem mais poder residual que os CE);
2) pH da água (a grande maioria dos inseticidas tem uma meia vida maior em meio ácido que alcalino). Isto é válido tanto para inseticidas domissanitários como agrotóxicos além de fungicidas, herbicidas, etc.

3) Temperatura (quando mais quente mais rapidamente o inseticida evapora);
4) Vento (quanto maior a velocidade do vento mais rapidamente o inseticida evapora);

5) Raios UV emitidos pelo sol e lâmpadas fluorescentes degradam rapidamente o inseticida;
Esta tabela mostra claramente o efeito do pH sobre a taxa de mortalidade de
moscas em diferentes tempos. O pH ácido tem um efeito inseticida bem
superior ao alcalino. 
6) Chuva (nenhuma formulação consegue resistir à lavagem pela chuva);

 7) Tamanho de gotas emitidas pelo equipamento de pulverização (gotas acima de 80 mm tem maior tempo de residual aumentando o residual conforme aumente a gota);
8) Equipamento utilizado (pulverizadores simétricos e atomizadores regulados para emitir gotas maiores produzem efeito residual enquanto que atomizadores regulados para emitirem gotas pequenas e pulverizadores UBV e termonebulizadores não conferem pulverização residual); entre outros.  

O inseticida com ação de contato pode atuar pelas vias traqueais (sistema respiratório), ou através da cutícula, pelos poros distribuidos pela superfície do corpo, nos pelos ou cerdas sensitivas implantadas na epicutícula e que se destinam à transmissão das excitações nervosas de causa mecânica, através de um filete nervoso que atravessa a camada de quitina ou ainda pelos tegumentos intersegmentares da cutícula da quitina, atingindo sempre o sistema nervoso.
Todos os inseticidas modernos possuem este tipo de ação. Para que o tóxico chegue a atuar por contato, é necessário que este atravesse a barreira epicutícula-cutícula.

A condição básica para que isso aconteça é que o inseticida por contato seja lipossolúvel. Nesse caso, a epicutícula impermeável à água, assume o papel de conduzir o inseticida à cutícula da quitina, sendo finalmente possível sua penetração até atingir as terminações nervosas.
Soluções aquosas e suspensões de inseticidas com alta tensão superficial, são incapazes de entrar pela traquéia. No entanto, óleos minerais e soluções aquosas adicionadas de substâncias que reduzem a tensão superficial dos líquidos podem penetrar com facilidade. 


 Os inseticidas com propriedades voláteis também penetram por esse meio, no corpo dos insetos. Os espiráculos se comunicam na parte interna com as traquéias que conduzem os inseticidas para os músculos e nervos.
Com relação a ação de contato, alguns pontos vulneráveis do corpo do inseto, podem ser considerados: as antenas, patas, peças bucais e algumas partes do tórax (parte ventral).

Os inseticidas na forma de pó bastante fino (polvilhamento) podem penetrar através dos espiráculos.